quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Óliver



Sempre gostei futebol. Obviamente que não posso dizer que foi desde que nasci, duvido que aos 5 anos fosse capaz de me deleitar com o posicionamento e a elegância do Aloisio, ou com a capacidade técnica maravilhosa de Timofte. Mas fui aprendendo a "ver" futebol, com a companhia sempre tranquila do meu avô - que não dispensa um bom jogo, seja de que campeonato for. Só dois doentes (pelo Porto e.... por Futebol), teriam saído de casa naquela chuvosa noite de 4ª feira para ir ver um Porto - Juventude de Évora para a Taça, por exemplo. Mas também só aquelas centenas (a sério, juro que dava para contar a olho quantos estavam no Estádio) de pessoas que lá foram puderam assistir a algo inédito: 7 golos de Jardel em 45 minutos, sendo um dos golos "de letra". 

Não me considero um profundo conhecedor do futebol. Não sei o percurso futebolístico de todos os jogadores da 2ª Divisão italiana de futebol. Sou um fã do Man United e do Dortmund, mas não vejo todos os jogos. Gosto de pesquisa e ler mais sobre a parte táctica do jogo (mas aqui, o v.a.s.c.o. bate-me aos pontos... mesmo... aos pontos), perceber como funcionam, ou deveriam funcionar, as dinâmicas colectivas, e retiro algumas coisas da minha prática de andebol, para perceber melhor o desempenho individual de alguns jogadores.

Consigo perceber que, em cada 10 vezes Quaresma ou Tello preferirão partir para cima de 2 defesas do que colocar num colega, ao lado, isolado, com letreiros fluorescentes, a gritar pela bola. Também consigo perceber que Jackson é um jogador fantástico, mas que em termos de finalização não será dos mais eficazes que temos tido. Que Danilo é um jogador em clara subida de rendimento, possuindo neste momento qualidades que o podem tornar num dos melhores laterais direitos do Mundo, saiba manter a consistência que tem vindo a evidenciar. Que Martins Indi deixou muito boa gente corada de vergonha (até mesmo Maicon, porra!), porque na realidade se tem assumido como um verdadeiro patrão da nossa defesa. Que Rúben Neves e Campaña são melhores a dormir e coxos do que Casemiro alguma vez será na posição 6. Que Brahimi é um jogador intelegentíssimo, um portento de técnica, mas que precisa ainda de crescer um bocado na vertente mental e na consistência exibicional. Que Quintero é um craque com a bola nos pés, e medíocre quando está sem ela (para já... calma). Que Aboubakar nunca na vida tem 19 anos. 

Depois, há Óliver Torres.

Óliver. Um "miúdo". Um colosso. Um craque.

Tenho vindo a incluí-lo nos (+) das minhas crónicas de jogo de forma quase contínua, e tal não acontece só porque sim. Sou um admirador confesso deste rapaz, desde que o vi pela primeira vez com atenção nos jogos com o Lille, e o tempo tem-nos trazido um jogador cada vez mais maduro, cada vez melhor, cada vez mais preponderante em quase todas as fases do jogo da nossa equipa. 

É uma delícia poder ter um jogador deste calibre a pisar os relvados deste "pobre" campeonato português. De cada vez que o vejo rodar sobre o adversário com uma simplicidade desarmante, ou quando ou vejo a conduzir a bola com uma elegância estonteante, esperando que algum adversário lhe saia ao caminho para soltar SEMPRE e de forma perfeita num colega melhor posicionado, fico deslumbrado. Quando o vejo pressionar no timing perfeito o portador da bola, ou a compensar os desposicionamentos dos colegas de sector (e são tantos...), ou quando o vejo batalhar ferozmente com adversários que têm o dobro do tamanho, fico maravilhado. Quando o sei capaz de produzir momentos como o do seu golo no passado jogo, fico estarrecido. Um jogador que tem o condão de nos fazer lembrar Deco, Moutinho, Lucho e Alenichev (só para falar de jogadores da casa e mais recentes, porque também poderia falar em Iniesta, Modric,...), possuindo uns tenrinhos 19 anos, dispensa que tente "inventar" mais adjectivos para o definir. Não há!

Óliver é já um enorme jogador de futebol e, melhor ainda, parece ter características mentais excelentes. Faça boas escolhas de carreira (por favor, não olhes para o exemplo do Falcão meu caro Óliver) e tem tudo para ter o Mundo a seus pés! Vestisse ele uma camisola encarnada ou verde-e-branca, e já teria Portugal a seus pés. Pelo menos, terá o mundo portista a suspirar por ele (aquele que sabe distinguir entre um JOGADOR destes, e um jogador com boas qualidades como Quaresma).

Sejamos honestos, os "tubarões" da Europa não andam a dormir, e não é "só" pelos 24M€ da sua cláusula que dificilmente o veremos por cá daqui a uns bons meses. Uma pena... Mas uma honra poder tê-lo connosco nesta época.

Ah, agradeçam a Lopetegui que o tenha ido buscar, mesmo que por empréstimo. É que Quintero, o tal que era muito melhor do que Óliver, não lhe chega (ainda... decerto chegará), aos calcanhares.


P.S.: gostava mesmo muito de saber que médios possui Simeone no seu Atletí que se possam sequer comparar a Óliver. Ainda bem para nós que, para Simeone, o futebol ainda é ter 11 gajos atrás da linha da bola, a acertar de sola em tudo o que mexe.

3 comentários:

  1. Eu estou mais optimista que tu. Acredito em mais um ano. O salto do Óliver tem sido exponencial. E ele não brilha no modelo de jogo do Atlético.

    Abraçom.

    Jorge Vassalo | Porto Universal

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    1. Mas sabes, nem é uma questão de brilhar num "modelo de jogo". Este miúdo tem condições para jogar em qualquer equipa do mundo!
      Deus queira que fique mesmo ...

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  2. @ Z

    Deus quer, o Homem sonha, a Obra nasce, o SimeONE diz "não o quero", o presidente do Atlético telefona a Pinto da Costa e pergunta "e então?", o nosso Grande Presidente 'fala' com o Mendes, Óliver aceita e nós ficamos todos contentes. até a massa assoBiativa.

    abr@ço
    Miguel | Tomo II

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