segunda-feira, 25 de maio de 2015

Lopetegui deve ficar, mas...


Sou, desde o primeiro dia, defensor de Lopetegui. Gosto do seu espírito guerreiro no banco, enérgico e interventivo, exigente e sempre ligado ao jogo. Concedo que tenha errado no decorrer desta época, quer nas escolhas para alguns jogos (onde por vezes acabou por não ter sucesso, mesmo que não tenha sido por culpa directa das suas escolhas), quer na parte táctica colectiva. Chegámos ao final da época e alguns defeitos, como a fraca acutilância ofensiva, da quase nula utilização do corredor central e da miséria que são as nossas bolas paradas ofensivas, mantêm-se. Revelámos também alguma incapacidade para responder com determinação em jogos decisivos e, pior, deixou-me angustiado a incapacidade que temos revelado em conseguir protagonizar reviravoltas - mesmo que essa característica não seja recente. E, nestas coisas, a responsabilidade do treinador é sempre elevada (porque tudo se pode treinar, e tudo faz parte duma filosofia global de jogo). Por outro lado, comparando esta temporada à anterior, tudo mudou para melhor. Menos golos sofridos e mais golos marcados. Uma percentagem de vitórias e um número total de pontos (comparando com os possíveis de fazer, independentemente das 30 ou 34 jornadas) superior. Uma belíssima e meritória campanha europeia (coisa que, em termos de Champions, não tínhamos desde Jesualdo Ferreira) e a recuperação total de activos importantes que se "arrastaram durante grande parte a temporada passada (Danilo, Alex Sandro ou Maicon, por exemplo). Até Herrera fez jogos bons este ano!

Por tudo isto, e tendo em conta algumas atenuantes (que existem, não são inventadas, nem sequer podem ser consideradas desculpas), como a juventude do plantel, a imensidão de novos jogadores, a própria inexperiência de Julen neste tipo de trabalho como treinador principal duma equipa como o F.C.Porto, penso que a continuidade do basco não deve ser posta em causa. Lopetegui pode fazer melhor e, estou convicto, vai fazê-lo. E fazer melhor significa, essencialmente, ser campeão. Deixemo-nos de merdas: se a época tivesse terminado com eliminações precoces em todas as competições e com o título de campeão no bolso, todo o discurso da nação portista estaria a ser diferente. E sabem a que distãncia ficaremos (provavelmente) desse objectivo findo o campeonato? 3 pontos! 3 míseros pontos! Acredito portanto que Lopetegui é o homem certo para que possamos estar todos felizes, em paz, vitoriosos no final da próxima época.

Acontece que no título há um "mas...", e isso traz consigo uma crítica: os timings da sua comunicação.

Lopetegui foi-nos mostrando ao longo da época que tem um carácter forte, que comunica bem (de um modo geral) e que não deixa nenhum "chico-esperto" sem resposta. No final do jogo de Guimarães, por exemplo, tinha a minha total simpatia se decidisse "desfazer" a equipa de arbitragem pelo escândalo que ali se passou, em nosso claro prejuízo. Mas Lopetegui parece ter guardado grande parte das suas "balas" para a parte final da época. E, pior, Lopetegui "endureceu" bastante o seu discurso - não só pelas possíveis queixas da arbitragem, mas também na forma de abordar os jornalistas - SEMPRE que perdeu pontos. Não digo que não tivesse razão em grande parte das vezes, logicamente. Tivemos razões de queixa em alguns dos nossos jogos durante a presente época, em contraponto com o que se foi passando em alguns (demasiados) jogos do mais recente campeão nacional. Mas é preciso um bocado de lata para vir com esse discurso após um jogo como o de Belém, ou os jogos contra o Maritimo, por exemplo. E isso aconteceu durante esta época, e não me agradou nadinha. Quando a minha equipa joga mal e porcamente, e não é capaz dos "mínimos" exigidos durante 90 minutos, venho falar de arbitragens? A sério? Venho justificar péssimas exibições com as arbitragens dos jogos dos outros? Isso não era o que tanto criticávamos nos nossos rivais? Isso não soa a Calimerismo? A mim soou, e soou vezes demais nas últimas 3/4 semanas. Não gostei deste final de época dentro de campo, e detestei-o fora de campo (não só pelo que acabo de falar, como poderão constatar em posts futuros). Lopetegui pareceu-me perdido, tenso, angustiado e algumas das suas conferências de imprensa foram totalmente desnecessárias. No período de um mês, Julen desgastou de forma bastante acentuada a sua imagem, não só fora de portas como no seio dos adeptos e do seu grupo de trabalho. Um líder tem de conseguir demonstrar controlo, firmeza, elegância e determinação, independentemente dos resultados. As arbitragens acabaram a servir demasiado como forma de esconder algumas exibições demasiado pálidas e alguma incapacidade em momentos chave.  Não gostei...


Esta imagem ilustra na perfeição como deve uma estrutura com a grandeza e a classe do F.C.Porto responder a injustiças. O resto é só andarmos a encher-nos de ridículo. Fala-se uma vez, na altura certa e com a firmeza necessária. Se necessário fôr, decreta-se um"black-out". Andarmos a perder-nos com queixinhas incessantes acaba por nos colocar mais próximos do anedotário do que da Razão.

Termino com um pensamento forte, que penso que deve ser o mote para a próxima época: sem desculpas.

Na próxima época não pode haver desculpas!

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Acabar Ligado às Máquinas

Depois de mais de um mês com tempo para pouco mais do que ir espreitando os espaços de que não prescindo nesta Bluegosfera, finalmente tive algum tempo para me sentar à frente do computador e escrever algumas coisas. Há muito para dizer, para analisar, para discutir, para ouvir e para ler. 

Decidi organizar tudo por tópicos que irei colocando por aqui nos próximos dias, porque gosto muito de vós e acho que ninguém merece um post com 20 páginas. :)

Vá, agora mais a sério, decidi hoje (enquanto decorre o último jogo da temporada que, infelizmente não pude ir ver nem seguir a partir de casa) escrever algo sobre os jogos que se seguiram a Munique e Bayern. Foram jogos diametralmente opostos ao período anterior, entre Dezembro/Janeiro e final de Março/início de Abril onde, em alguns jogos, o nosso futebol atingiu patamares de topo.


Os últimos jogos da época

Tenho andado ausente da Bluegosfera, por razões que já expliquei atrás, mas nunca me ausentei do portismo que orgulhosamente carrego. Como tal, mesmo não acreditando numa conjugação favorável dos astros para que conseguíssemos o (quase) impossível, acompanhei o melhor que pude os jogos do F.C.Porto pós-Luz. E parece-me que a mesma descrença que me assolava (bem como à grande maioria dos portistas) se apoderou da equipa. Exibições tristes, sem chama, sem energia, sem grande fôlego, quase numa toada de "cumprir calendário". Exibições q.b. (menos a de Belém), com quase todos os defeitos a ganharem força. Fossem os 6909233 passes errados de Herrera, os amuos de Quaresma, o futebol demasiado lento, previsível e mastigado ou as desatenções do costume no sector mais recuado, foi assim que terminámos a época. Penosa e dolorosamente, à espera que alguém fizesse o favor de desligar as máquinas. Conseguimos ser nós mesmos a desligá-las, como falarei a seguir. Um final demasiado cinzento para uma época que, a meio, ameaçou ganhar uma bonita palete de cores. 



Jogo de Belém

Cheguei a ter uma ideia sobre um possível post sobre este jogo. Seria, simplesmente, "Vão gozar com o grande e real caralho que vos foda...". Este foi, com toda a certeza, o pior jogo da época, quase tão miserável como o de Olhão na época passada -  e quando um jogo se assemelha a qualquer dos jogos da época passada, penso que fica tudo dito. Conseguiria perceber um jogo assim se o jogo do Benfica tivesse sido mais cedo, e tivesse ditado a conquista automática do título para os encarnados. Mas não foi assim! Do outro lado havia um empate, havia pressão, havia muito coração e pouca cabeça e, sobretudo, poderia haver sombras a pairar sobre o reino encarnado durante mais uma semana. No Desporto, como na vida, teremos sucessos e insucessos (e os segundos serão sempre muitos mais do que os primeiros), e a forma como lidamos com uns e outros é que dita a fibra de que somos feitos. 

"Não vamos ganhar sempre (infelizmente), poderemos não ganhar tanto como nos habituámos a ganhar, mas foda-se, para nos conseguirem derrotar vão ter de suar, sofrer, como cães!" - era isto que devia estar no sangue dos nossos rapazes. 

Vistas bem as coisas, teve mais brio cada jogador do Vitória de Guimarães na unha do dedo mindinho no pé, ao lutar bravamente para que a festa não ocorresse na sua casa do que o somatório dos nossos jogadores (titulares e banco) e de alguns elementos da nossa equipa técnica. 

Que merda foi aquela? Que miséria foi aquela? Zero jogadas de ataque! Zero de vontade de jogar! Zero de atitude competitiva! ZERO!!! 

Uma caricatura de equipa de futebol, com figurantes disfarçados de jogadores de futebol, cuja única possível associação com uma Instituição com a grandeza do F.C.Porto era o Brasão Abençoado que estava estampado nas suas camisolas. Uma vergonha!

Lamento, não há #colinhos que nos possam valer: esta exibição não foi caso único esta época e, quem joga desta forma, não merece mais.

Claro como água.