segunda-feira, 27 de abril de 2015

Benfica vs Porto e outras coisas mais...

Dada a sucessão de jogos (e o abanão de Munique) não houve tempo para mim e para o Z de fazer uma crónica pós-Munique e pré-Luz. Até a comecei a escrever na sexta-feira no trabalho mas não deu para mais. Há várias ideias que ficam de Munique mas deixo para esta semana onde (infelizmente) teremos mais tempo. 

Depois do que se passou em Munique era importante ir à Luz dar outra imagem e, sendo um jogo de tudo ou nada, era necessário ganhar fosse por que diferença fosse. Não foi possível. Lopetegui mudou muito mas a mudança mais significativa foi para mim a entrada de Hélton para o onze. Suponho que Fabiano acaba assim o (curto) reinado no Dragão. Não tem estofo, pés, mãos, braços, cabeça, calma ou concentração para ser titular. Helton entrou e a segurança/confiança na defesa aumentou 500%. Evandro e Ruben Neves também foram titulares.

O jogo foi todo ele horrível. Mas o pouco futebol jogado foi praticado por nós. Porto com meio-campo hiper povoado para asfixiar as trocas de bola do Benfica, procurou demasiadas vezes jogar em bola longa para um Jackson deixado ao abandono no ataque azul e branco.  "Retranca Vermelha" era o esperado e aí não houve surpresas. Ah, houve também a preparação do costume para performances dignas de Óscar da Academia. Quantos jogadores do Benfica caíram em choro compulsivo e berro constante ao mínimo toque? Talisca foi o De Niro das quedas. Não entendo e mete-me nojo esta constante tentativa de enganar, xingar o adversário, provocar, intimidar por parte do Benfica.

Porque o futebol foi muito curto resumo o jogo tão simplesmente assim: Primeira-parte estivemos melhor, controlámos o jogo e estivemos sempre por cima. Segunda-parte, Benfica melhorou posicionamentos e equilibrou a partida. Não houve chuveirinho, não houve massacre no fim com toda a gente na área. É assim com Lopetegui. Goste-se ou não. Fiel aos seus princípios. Mas se isso acontecesse e o Porto perdesse num contra-ataque... 

É importante dizer que o super-Benfica a jogar em casa, com 60 mil adeptos nas bancadas acabou com 3 laterais em campo e 2 trincos. Não é médio defensivos, é trincos. Também conhecidos como "tranqueiros", porque Samaris e Fejsa são apenas uns Flávios Meireles ou uns Felipes Anunciação com sotaque. Não é catenaccio, é autocarro.

Uma palavra também para Jorge Sousa. Arbitragem ridícula. Não foi por aí que não ganhámos, mas a forma como assinalou faltas inexistentes, a forma como matou qualquer ameaça de intensidade no jogo foi absurda. O critério nos amarelos? Absurdo. Fejsa entra em campo e em 3 faltas violentas não é expulso porque...? Luisão agarra a camisola de Jackson e mete-lhe a mão na cara e nada acontecesse. REPITO, não foi por aí que não ganhámos mas é desta forma que se condiciona um jogo. Controlar a intensidade.
Luisão a "tirar a febre a Jackson" na área

Não vou destacar ninguém porque há coisas mais importantes para falar.
Vejo grande parte da Bluegosfera a atirar-se a Lopetegui. E apesar de tentar ler tudo o que se escreve de modo a compreender a opinião de quem está revoltado, fico desiludido e de braços caídos quando a argumentação é "não ganhar" e ter memória selectiva. Uma coisa se percebeu bem na época anterior e nesta. São poucos os portistas que sabem perder e perceber o que aconteceu de errado. É ver tudo a cair em cima de Julen, esquecendo-se de muitas partes dessa equação. Não vale a pena voltar a pisar a tecla da revolução, 17 jogadores novos, nova ideia de jogo, alguma inexperiência/desconhecimento do campeonato Português e as suas "teias", porque isso é óbvio e já foi mais que debatido. Falemos do que é (selectivamente) esquecido. O rendimento de Danilo, Maicon, Alex Sandro, Jackson e Quaresma, por exemplo. Algum deles se mostrou a melhor nível em alguma das anteriores épocas? A resposta é não. Desde o inicio da época - e que época foi ao nível da arbitragem - sempre foi Lopetegui, sozinho contra o mundo. NINGUÉM "lá em cima" saiu em defesa do treinador. Lopetegui errou? Certamente que sim, em diferentes momentos da época. Errou, na sua época de estreia num clube de topo. Mas este Lopetegui é o mesmo que obrigou Guardiola a tirar um médio para por um defesa quando estava a perder por 3-1. Nem antes era tão bom, nem agora é tão mau. Haja clareza de pensamento e honestidade nessas opiniões, gente.

Quaresma. Se ao intervalo (de Munique) as imagens televisivas davam a sensação de que algo se teria passado no balneário entre Lopetegui e Quaresma, o jogo da Luz deixou isso bem claro. E RQ7 mostrou uma vez mais que não cresce. Vê um amarelo ridículo e mal mostrado logo depois de ter entrado porque é... pouco inteligente. E foi a única acção de relevo que teve no jogo desde que entrou. E querem muitos que ele seja titular. Se ele entrou na segunda-parte e não conseguiu fazer o badocha do Eliseu suar, querem vocês criticar Julen por pô-lo no banco? Não muda e não mudará. E no final do jogo, fica a fotografia de que toda a gente fala... 


Como pode um jogador que se diz do Porto, que passa metade do tempo a fazer juras de amor eterno, que beija o brasão abençoado, estar abraçado e aos beijos ao treinador do maior rival, que passa a vida a menosprezar-nos, a achincalhar-nos, quando não há qualquer história entre eles. Nem Jesus treinou Quaresma, nem Quaresma foi treinado por Jesus. Como se sentirão Casemiro, Óliver, Brahimi, Marcano e etc quando olham e vêem um dos jogadores mais antigos do plantel, um dos favoritos dos (poucos espero) adeptos, nestas "tristes figuras" com o treinador do Benfica? Alguém que lhes roubou um campeonato com arbitragens vergonhosas e anti-jogo? Digam-me! Honestamente como é que vocês se sentiriam nas mesmas condições? 

A este respeito, Vila Pouca do blog Dragão até à Morte diz tudo aqui"Não queremos beijos no emblema, hoje beijam um, amanhã beijam outro, queremos respeito, profissionalismo, compromisso, atitudes correctas, sempre e não quando as coisas correm de feição. Queremos vontade, determinação e não amuos e azias, comportamentos de prima-donna. Foi assim, com estes valores que se construiu um F.C.Porto ganhador, até para além do sonho."

Cito Tomislav Ivic a respeito de Fernando Gomes para terminar o post dizendo: Para mim, Quaresma "é finito".

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Everybody hates Mondays

Confesso que não consegui deixar de libertar uma ou outra lágrima ao ver a despedida dos nossos adeptos à equipa no aeroporto antes da partida para Munique. Loucura absoluta. Os cânticos ensurdecedores, os nomes dos jogadores cantados a uma só voz, os calduços e festinhas na cabeça de toda a comitiva quase sempre brindados com um "VAMOS CARA!#@". Que orgulho em todos nós. Adeptos, equipa técnica, jogadores... Todos. 


É por isso que hoje, segunda-feira, vai ser um dia especialmente doloroso. Não é só o facto de ser o dia de regresso ao trabalho. É o primeiro dia da semana mais importante da época azul e branca. Mas primeiro, Munique. Hoje (e grande parte de amanhã) vão ser horas recheadas de ansiedade. Pensar na forma como Ricardo se vai comportar ao levar com o Ribery pela frente. Pensar na pressão a que vamos estar sujeitos por aqueles alemães que não aceitam a ideia de perder para um PIG (a histeria do departamento médico foi ridícula). Temer que nos possa calhar outro Clattenburg ou Vellasco. Horas a pensar na forma como Julen vai organizar uma defesa sem rotinas que nem teve tempo para treinar junta. Pensar se Julen lança Óliver numa ala para ajudar Ricardo no processo defensivo. Pensar se o Muller já acalmou a patareca desde quarta-feira passada ou se é preciso mandar chamar o Paulinho para lhe enfiar 2 Xanaxes pela traqueia abaixo. 

Uma coisa é certa, aconteça o que acontecer amanhã. Estamos novamente juntos. Das trevas ao sonho europeu em 12 meses. Ver a loucura daquela malta, que podia tão somente passar o Domingo em casa a descansar, ao deslocar-se até ao aeroporto só para dar um abraço em forma de décibeis a toda a comitiva... É continuar a sonhar meus senhores. Até ao apito final da eliminatória!


PS - Partilhem aqui as vossas duvidas, os vossos feelings, as vossas preocupações para amanhã. Temos de nos ajudar uns aos outros senão o coração vai disparar! 

sábado, 18 de abril de 2015

Porto vs Académica

Depois do jogo mais épico dos últimos anos, Lopetegui mexeu muito. E foi obrigado a isso. Imagino que os titulares de quarta ainda estejam deitados em banheiras de gelo e a tomar analgésicos. Só ficaram 2. Jogaram atrás Fabiano, Ricardo, Reyes, Alex Sandro (a central) e José Angel. Ruben, Evandro e Campaña no meio campo e Quintero, Hernani e Aboubakar na frente. Esperavam-se muitas alterações mas não uma revolução. Mas não havia outra hipótese se queríamos ganhar hoje e não hipotecar os próximos jogos. Primeira-parte dominadora do Porto que apesar da revolução no 11 manteve uma qualidade exbicional impressionante. As dinâmicas estão lá, os movimentos colectivos estão lá. Jogue quem jogar. Mérito de Lopetegui. O Porto chegou à vantagem aos 12 minutos por parte de Hernani que ganhou em velocidade a Esgaio e depois de um primeiro remate, marca de recarga. Destaque para as várias oportunidades criadas nos primeiros 45 minutos sempre nascidas de movimentos colectivos, bola a passar por vários jogadores. Um ou dois sustos por parte da Briosa mas estivemos sempre por cima do jogo. 


Na segunda-parte a história foi diferente. Procurámos o segundo golo e tivemos várias oportunidades mas algum cansaço das peças novas empurrou o motor. A Académica foi crescendo e chegou a demonstrar alguma supremacia enquanto o Porto foi procurando gerir. Lopetegui mexeu bem, em todos os sectores e segurou a equipa. Sem castigados para a Luz, pernas mais frescas para Munique e partimos com toda a gente disponível com ritmo para a semana mais importante da época. VENHA ELA! 

(+) Positivo

Lopetegui - Pela qualidade de jogo do Porto na primeira parte. As noções colectivas que existiram e que permitiram que a qualidade de jogo aos jogadores (sem rotinas) colocados juntos são da sua responsabilidade. Continua a ler bem os jogos e a fazer as substituições correctas. 

Ruben Neves - Sempre lúcido. O melhor do meio-campo hoje. Inteligente sem bola e decidindo bem com ela. Aqueles passes à Pirlo em que muda a bola de flanco em que a conseguimos ver a sorrir de pé para pé foram exímios hoje. Incrível a forma como vai evoluindo mantendo aquela cara de puto completamente tranquilo. 

Hernâni - Uma semana e pêras para a aquisição de Inverno. 2 golos para campeonato e estreia na Champions. Teve muitas perdas de bola e algumas (tentavas) de fintas que mereciam a banda sonora do Benny Hill. Mas tem potencial para crescer e ser uma arma importante no futuro. Continua puto.

Evandro - Não sabe jogar mal. Foi o pêndulozinho que organizou o nosso futebol ofensivo. É o típico gajo com quem Lopetegui sabe que pode contar até para apanhar os seus filhos na escola. 

(-) Negativo

Reyes - Confesso que me dói olhar para o Diego Reyes e ver que não está a desenvolver o potencial que evidenciava. Sempre vi nele "pinta" suficiente para ser um central forte na condução de bola. Mas hoje foram muitos os passes simples falhados pelo Mexicano. A capacidade mental dele é fraca e isso impede o seu crescimento. Os problemas de concentração são contínuos. Porquê Diego? É algo que não concedo a nenhum jogador. 

Duarte Gomes - Odeio-o. É dos árbitros mais filhos da puta que existe em Portugal. A forma como procurou condicionar o jogo através de faltas defensivas inexistentes foi irritante. A forma como não expulsou Esgaio, que só deu lenha o jogo todo, demonstrou aquilo que é. Vermelho por fora e por dentro. Rezo pelo fim da sua carreira. Seja por estar velho ou por invalidez.


E esta semana pessoal, toca a ficar longe das carnes vermelhas, cafés e tabaquinho. Os dois próximos jogos vão exigir muito ao nosso sistema nervoso e cardíaco! Estamos preparados? 

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Champions League - Porto vs Bayern





























Perfeito.


Há momentos, em que todo o vocabulário que pensamos conhecer se torna pequenino, insignificante, para podermos descrever algo que, de tão único, tão belo, tão sublime, nos transcende. Na 4ª feira, dia 15 de Abril de 2015, um novo degrau se construiu na escadaria de vitórias sem igual do clube que amamos. Na 4ª feira, aquele relvado milimetricamente cortado teve a honra de ser o palco dum dos momentos mais incríveis a que pude assistir desde que vejo futebol. Há pouco mais de 24h, Basileia, Viena, Tóquio, Sevilha, Gelsenkirchen e Dublin sorriram entre si, e aplaudiram de pé os heróis de azul-e-branco que, de queixo bem levantado e com a crença inabalável no poder dos sonhadores, bateram o pé a uma das melhores equipas do Mundo, orientada pelo melhor treinador do Mundo.

Ainda tentava adaptar-me ao lugar "oferecido" pelo meu irmão (companheiro de batalha em alguns jogos), e já Neuer derrubava Jackson dentro da grande-área (por esta altura,Xabi Alonso ainda deve estar à procura do tanque que o atropelou quando pensava o que ia fazer com a bola). 1-0, num início que dificilmente poderia ser melhor. Seria mesmo assim?

Decorria o 10º minuto do jogo, e as minhas sinapses entraram em curto-circuito. Por instantes, enquanto via Quaresma a correr de braços abertos em direcção ao mar de portistas que explodia em êxtase, como se naqueles braços quisesse tomar todas as milhares de almas que se beliscavam para terem a certeza de que tudo aquilo que os olhos viam era mesmo real, não consegui festejar. Nem um som, nem um gesto, nada. Olhei em volta... Caras felizes, sorrisos rasgados e lágrimas a rolar em catadupa; abraços entre estranhos, e pais e filhos, e avôs e netos, e maridos e mulheres. Tudo unido. Tudo em êxtase. Tudo Porto.

Ah e Quaresma, se leres este texto, considera aquela agonizante eliminatória com o Schalke absolutamente perdoada!

10 minutos de jogo: F.C.Porto 2 - 0 F.C. Bayern - sejam honestos, alguma vez sonharam com um início tão prometedor?

Depois veio o tempo de regressar à Terra. De roer as unhas, enquanto aquele futebol magníficamente rendilhado dos bávaros punha alguma calma no jogo. Foi tempo de ser paciente, aguentando bem os momentos de pressão ofensiva, evitando abrir buracos no corredor central (onde se sabe que os alemães são mortíferos). No primeiro "erro" do jogo, um 2-1 demasiado penalizador para o que foi o domínio territorial e para as reais ocasiões de perigo da 1ª parte. 

O intervalo, sendo obrigatório, devia ser banido de alguns jogos. Pelo menos, para nós, doentes incorrigiveis (em concreto para mim, pessimista irredutível), devia haver um botão que fizesse "fast-forward" naqueles intermináveis 15 minutos. Na minha mente, poderia vir aí uma 2ª parte de muitos nervos, fosse porque Pep Guardiola iria sacar da sua varinha mágica e encontrar-nos algum ponto fraco, fosse pela dúvida acerca da capacidade de ver a nossa equipa ter pernas e pulmões para aguentar outros 45 minutos jogados com aquela intensidade.

Felizmente, para gajos como eu - sempre um pouco pessimistas, mesmo que o resultado nos seja favorável, por 5-0, e faltem 10 minutos para terminar o jogo - há bofetadas que vêm com a força certa, na dose certa, no momento certo. Foi um esbofeteamento saboroso, emocionante, merecido, aquele que o meu Porto me deu durante os 45 minutos da 2ª parte, onde por momentos, o peso-pesado alemão mais não fez do que encostar-se às cordas e proteger-se como pôde. Guardiola acabou por dar credibilidade a esta análise, quando decidiu trocar Gotze por Rode ainda com 2-1 no marcador, como que procurando segurar a desvantagem mínima e minimizar danos.

Depois de Neuer ter provado que, de vez em quando, há milagres a acontecer em campos de futebol, ao desviar aquele remate de Herrera praticamente por instinto (após uma jogada colectiva que foi um hino ao futebol), foi Jackson, o nosso Monstro, o nosso herói "cafetero", que numa demonstração de poder físico, classe e frieza, conseguiu materializar em golos os 45 minutos mais admiráveis que me lembro de ver uma equipa de azul-e-branco fazer desde o Porto-Lázio em 2003. Não me contive desta feita. Para além de quase ter arrancado as cabeças dos desgraçados dos "vizinhos do lado", enquanto me abraçava aos dois metros de pessoa que constituem o meu irmão, chorei, muito de alegria mas principalmente de orgulho. Aquele orgulho que nos deixa com pele de galinha, como quando Derlei empurrou a bola naquele fim de tarde em Sevilha, ou quando Juary apareceu como um foguete a finalizar outra obra-prima de Madjer. Aquele orgulho imenso, enorme, incrível, que sentimos quando se ouve a voz imcomparável da Maria Amélia Canossa antes de cada jogo, levando-nos a segurar os cachecóis ao alto até os músculos dos braços começarem a ceder. Aquela certeza de que somos o que somos, somos como somos, e para sempre assim seremos, porque somos portistas. Porque somos Porto. Porque sabemos o que é ser Porto.

Após o golo, veio o estouro fisico, como seria de prever. Jogar contra os Gil Vicentes e Moreirenses desta vida durante 2/3 da época tem as suas desvantagens. É que jogos assim, tem o Bayern aos montes durante uma temporada, e talvez por isso não tenha estranhado que alguns dos nossos rapazes tivessem festejado o 3º golo deitados no relvado, ou agarrados aos joelhos, porque já pouco oxigénio havia a chegar aos músculos por essa altura. 

Até final, para além de ir refrescando quem já não aguentava mais (menos Herrera que, segundo o meu irmão, leva uma mochila com um pulmão suplente para dentro de campo), foi tempo de cerrar fileiras, tapar caminhos, dobrar a língua, e ver a nossa versão "muro intransponível" ser posta em prática. Incrível a forma como a equipa se uniu nesta fase do jogo. Incrível também a maneira tranquila como o Bayern vai tentando "asfixiar" aos poucos quando consegue estacionar no meio-campo adversário (como aconteceu nos últimos 10 minutos), como se o jogo estivesse empatado e tudo estivesse controlado. 

Hoje, como podem compreender, não há notas para ninguém, porque seria ridículo querer destacar uns em detrimento de outros. Falarei apenas dum jogador que praticamente não vi a figurar nos destaques de outras "casas": Alex Sandro. Para mim, fez o melhor jogo com a nossa camisola vestida, e foi um elemento duma enorme preponderância em praticamente todos os momentos do jogo, especialmente quando a quebra física foi mais notória. Alex Sandro foi, durante 90 minutos, um dos melhores laterais esquerdos da Europa. E aquela assistência para Jackson... Bra-fucking-vo!

Não resisto a destacar também Lopetegui, o grande obreiro desta noite de sonho. Preparou o jogo de forma sublime, jogando com as ausências do lado dos alemães (concerteza que os jogadores que ficaram de fora lhes fazem falta, deixemo-nos de merdas), procurando montar uma teia de pressão ofensiva sobre as linhas de passe, deixando o início de construção para um lento, trapalhão e perfeitamente mediano Dante (só ultrapassado em mediania pelo seu compatriota do cabelinho loiro e encaracolado do PSG). Depois, na 2ª parte, percebendo que Xabi Alonso e Lahm (principalmente estes dois), não transpiravam robustez fisica para aguentar grandes correrias, lançou um ataque impiedoso em termos de pressão colectiva, de organização e cobertura de espaços, que deixou por várias vezes os bávaros a passar bolas... para fora! Muito bem também na gestão física dos últimos minutos, onde foi segurando as pontas até ao limite. Se no final desta época não houver nenhum título a figurar nas nossas vitrines, acreditem, não será por falta de trabalho, de capacidade de leitura táctica, por falta de exigência do nosso treinador. Foi, seguramente, a melhor contratação do F.C.Porto para esta época.

Falta um jogo, é certo. Falta ir ao covil da besta alemã. Falta um combate de 90 minutos, uma batalha na qual só estamos porque, foda-se, somos mesmo bons, e trabalhamos como uns cães para lá estar. Faltam 5400 segundos de unhas roídas, de muito suor, muita fé, muita luta, muito sofrimento. E a verdade, é que nos encontramos em vantagem. Assumamos isso: estamos em vantagem. E se fomos capazes duma exibição como a de 4ª feira... porquê ter vergonha em acreditar?

15 de Abril de 2015: Perfeito!


quinta-feira, 9 de abril de 2015

Porto vs Estoril

Fonte: zerozero.pt
Resultado e exibição. É nesta dicotomia que reside grande parte do equilíbrio do desporto, sendo certo que queremos sempre que o primeiro factor seja o positivo, não é menos verdade que uma época de grandes resultados e exibições magníficas enche-nos mais a alma do que uma época de grandes resultados e exibições q.b., ou vice-versa. Evidentemente, todos os tipos de combinação podem acontecer no decorrer duma época, e embora fosse excelente que o F.C.Porto estivesse a ganhar 5-0 aos 20 minutos da 1ª parte de grande parte dos jogos, há sempre aquela "coisa" que se chama "adversário" do outro lado que - espantem-se - também tem objectivos para cumprir (independentemente da qualidade dos intervenientes).

Ora, neste jogo, penso que se conseguiu um resultado óptimo, numa boa exibição. Não foi excelente. Não foi q.b.. Foi boa.

E se a considero "só" boa, em nada se deve a alguns sinais de nervosismo que - especialmente durante os primeiros 20/25 minutos - a equipa denotou, especialmente no capítulo do passe. O que mais me preocupou, independentemente do resultado obtido, foram alguns sinais de "regressão" no capítulo da reacção á perda de bola, e na constante sensação de faltar alguém a aparecer entre linhas no meio campo efensivo. Foi nesse capítulo que mais evoluímos entre os meses de Fevereiro e Março, mas penso que foi isso que mais faltou nas 2 últimas partidas. E acredito que isso também terá que ver com a quebra de rendimento de Herrera, e com a ausência de Jackson.

Também me tem preocupado algum cansaço em algumas pernas da zona do meio-campo. O que será normal, tendo em conta as exigências dos últimos meses, mas não deixa de ser algo preocupante.

Fica na retina a forma alegre como a equipa jogou, especialmente depois de ultrapassada a barreira mental do 1º golo. E também o facto de nunca se ter tirado o pé do acelerador, apesar do jogo estar decidido ao intervalo.

Vamos a notas.

Positivo (+)

Post-match meeting - A vida bluegosférica trouxe-me muitas boas surpresas. Duas dessas surpresas, transformaram-se em saudáveis, seguras, saborosas amizades. Falo, obviamente, do Miguel Lima e do Jorge Vassalo, brilhantes escribas dos não menos brilhantes Tomo III e Porto Universal, que já há muito tempo fazem parte da minha consulta diária. Desta vez, a cereja no topo do bolo, com a presença dos ilustres companheiros de luta do Jorge, Ana e João, de quem já muito ouvira falar. Muito embora o tempo tenha sido curto para tanto que havia (e há) para conversar, é também por isto que vale sempre a pena uma deslocação ao Dragão, numa 2ª ou num Sábado, com chuva ou com sol. Para mim, o "6º golo do jogo". 

Quaresma - MVP, sem margem para qualquer dúvida. Quaresma foi hoje um jogador de 90 minutos, incansável na forma como aparecia a dar linhas de passe, sublime nas combinações ofensivas com Danilo, mágico sempre que optou pelo 1x1, tirando aqueles cruzamentos com veneno que só ele sabe tirar. Um Quaresma batalhador e sempre ligado á corrente (ainda que, especialmente na transição defensiva, nem sempre o tenha feito da melhor forma, como direi à frente), como se deve esperar dum jogador com a sua experiência e "estatuto" no seio duma jovem equipa. Chapeau!

Dupla M&M Renovada - Decorriam os 10 primeiros minutos e já Alex Sandro levava mais bolas ganhas pelo ar do que Indi. Já pensava mentalmente que teria de "cascar" no rapaz outra vez, sempre devido ao mesmo problema. Mas Indi provou ao longo dos 90 minutos que a noite de 2ª Feira era uma noite de segurança lá atrás. Quanto a Marcano, tirando alguns passes longos muuuuito mal medidos, presentou-nos com a sua habitual qualidade. E sobreviveu a nova tentativa de homicídio de Fabiano. Neste momento, pelo menos com Marcano presente, as duplas M&M que podemos ter em campo dão todas as garantias de segurança.

Brahimi - Concedo que o argelino pode abusar um pouco nas tentativas de lance individual. Ainda assim, não temos qualquer outro jogador que consiga prender e fixar 1, 2, 3 ou 4 adversários junto à linha, soltando nos colegas na zona mais central, e criando inúmeras situações de desequilibrio/superioridade numérica noutras zonas. Na 1ª parte, Quaresma e Danilo tiveram quase sempre grande parte do corredor direito em modo "auto-estrada" e em muito o devem ao argelino. Uma pena aquele lance em que a categoria que revelou ao aparecer em zona frontal e retirar 2/3 defesas do caminho, tivesse faltado na finalização.

Danilo - Não conheço muitos jogadores com a força mental para fazer um jogo tão bom, dias depois de se saber que seguirá para um colosso Mundial como o Real Madrid. Danilo foi... Danilo. Como sempre nos habituou, mesmo nos jogos menos conseguidos. Incansável a defender, a atacar, a comandar (como um verdadeiro capitão deve fazer), não desistindo de nenhum lance, nunca virando a cara à luta, coroando a exibição com um golo sublime, em jogada por si iniciada. Danilo vai deixar MUITAS saudades.

O 4º golo - Uma jogada de futebol absolutamente maravilhosa. Como é que se diz? Um golo a transbordar de "nota artística"!


Negativo (-)

Herrera - Está de rastos o nosso mexicano. E quando Herrera está de rastos, a equipa ressente-se (especialmente Óliver, forçado a correr o dobro e sempre sem apoios frontais seguros, também por não haver Jackson, mas muito por haver um fantasma no lugar de Herrera). Na Choupana já tinha sido dos primeiros a ficar com os "bofes de fora". Na 2ª Feira, foi por demais evidente que está num delicado momento de forma.

Quintero - Quando foi chamado a jogo, pensei que fosse a noite em que ia regressar em grande. Que íamos ver um Quintero com atitude competitiva adequada a um clube como o F.C.Porto. Quando Hernâni decidiu arriscar o remate em vez de lhe endossar a bola (que, sem dúvida, seria a melhor opção), consegui ver as "trombas" que colocou, lá do alto, da fila 21 da Arquibancada. E percebeu-se que o amuo se manteve, principalmente porque Hernâni, uns minutos depois, voltou a preferir o remate, ao invés do passe (aqui, duvido que o passe fosse a melhor opção. Para meninos como Quintero tenho pouca paciência, confesso. Muito pouca, por sinal. Se o menino quer jogar mais, tem semanas após semanas de treinos para o demonstrar. E tem os jogos, seja durante 90, 120, 45 ou 5 minutos. E se Quintero prefere andar de beicinho em vez de jogar futebol, porque o colega do lado foi mau e feio e não lhe passou a bola, então mais vale ir para o Bursaspor desperdiçar o seu talento. Aqui, tenham paciência, não quero disso.

A reacção à perda de bola - Péssima, desorganizada, quase sempre com um péssimo timing, e com péssima harmonia colectiva. Vou dar aqui um exemplo, dum jogador que está nos +, e este exemplo em nada belisca o que disse do mesmo jogador: Quaresma. Todo o Mundo delirou com a sua recuperação de bola já perto do final, sobretudo pela forma como correu desalmadamente, quando o jogo estava "feito" e poderia já convidar a gestão de esforço. Eu digo, e espero que não levem a mal, que foi preciso chegar quase aos 90 minutos para ver uma situação de pressão defensiva de Quaresma a ser relativamente bem feita. Isto porque o nosso rapaz (e não só, mas como peguei nele para dar o exemplo, assim continuarei) passou grande parte do jogo a fazer sprints enormes, chegando à bola sempre tarde, desequilibrado, sendo quase sempre facilmente ultrapassado com um simples toque para o lado. Ora, o que é isso de "reacção à perda de bola"? É aquilo que a equipa deve fazer, colectivamente, sempre que perde a posse da bola, para a reconquistar o mais rápido possivel. Para que tal aconteça, é necessário que todos os sectores estejam próximos, que todos os jogadores estejam bem posicionados e, sobretudo, posicionados em relação à zona onde está a bola. E isso nem sempre acontece; ou se acontece, é apenas de forma parcial, porque há um maluco qualquer que decide desatar em correrias perfeitamente escusadas atrás duma bola que não traz perigo (como quando é passada ao guarda-redes adversário, e o Aboubakar, que está a 40 metros, acha que consegue pressioná-lo se correr na sua direcção), e apanha os restantes companheiros em contra-pé (ou contra-mão, como preferirem). Pressão alta não é ter jogadores a correr desalmadamente na direcção da bola, ou do adversário. Agressividade não é ter os jogadores a fazer carrinhos de dentes cerrados. Defender tem tudo que ver com posicionamento. E só quando a equipa funciona em bloco, tornando muito difícil que um sector seja ultrapassado sem que o sector seguinte esteja pronto a recuperar a bola logo a seguir, em que os jogadores estão próximos e, para além de pressionar o portador, pressionam também as linhas de passe mais próximas, só aí se pode considerar que a tal reacção à perda da bola está a ser bem feita. A nossa, não foi boa, não foi competente, e contra um Bayern ou Benfica, TEM de ser MUITO melhor. Mas muito!

3 pontos de diferença para o 1º classificado, numa jornada a anteceder uma difícil desclocação a Vila do Conde. Manter o bafo quente a bater no pescoço, orelhas e costas do Benfica, até ao jogo da Luz é o mínimo que se "exige". Sempre com bons resultados e... que se fodam as exibições, que nesta altura da época, já não há espaço para "floreados".



   

sábado, 4 de abril de 2015

Marítimo vs Porto - Taça da Liga


Confesso que não gosto nada do tratamento dado por quase todos nós (clube e adeptos) à Taça da Liga. Será uma competição com todos os defeitos do Mundo e mais algum, e primariamente uma boa forma de dar algum ritmo competitivo a jogadores mais jovens/menos utilizados, mas num clube como o F.C.Porto, até os Troféus das Taças de Pré-epoca, ou da Liga Fertiberia dos Veteranos, são para ganhar. Todo este desdém começa a soar bastante a arrogância; aquela arrogância que tantas vezes apontamos aos nossos rivais pela sua atitude face às nossas conquistas. Neste momento, a Taça da Liga é uma competição com alguns anos de existência, e a verdade é que não temos uma única vitória para poder adicionar à contagem. E não me venham dizer que não foi por não tentar, ou por não lhe dar importância, porque já fomos a finais e meias-finais, e tivemos algumas das derrotas mais ridículas de que me recordo a jogar esta competição (como a goleada em Alvalade, ou a derrota em casa com o Benfica B ou C na época passada). Por tudo isto, chateou-me bastante o jogo da passada quinta-feira na Madeira. Chateou-me e preocupou-me. Especialmente por duas razões:

- Mesmo com as alterações todas que houve na equipa, o 11 inicial tinha qualidade para se debater num jogo de nível de Champions. Desta forma, cai por terra a desculpa habitual de "jogar com as reservas". Não que ache isso sequer "desculpa", mas até pode ajudar a explicar um jogo menos conseguido. O problema é que esta época, com Lopetegui não há "reservas". Ao longo da temporada, o treinador fez com que todos os jogadores do plantel pudessem ser integrados em jogos a doer, e não se pode dizer que Ricardo, Ángel ou Aboubakar não estejam preparados para um jogo destes. Penso que, de todos os jogadores, só Hernâni se pode sentir mais deslocado dentro da equipa. Em suma, não podemos dizer que jogámos na "máxima força", mas o nosso 11 inicial tinha muito melhores soluções do que o do Marítimo.

- A exibição portista foi de uma falta de qualidade técnica e táctica assustadora. Houve momentos em que parecia que tínhamos regressado à temporada passada, tamanha a desorganização em campo. Sectores estupidamente afastados, a pressão sempre mal feita, maus passes em catadupa, um ataque lento e previsível e erros estúpidos na defesa... Foi mau demais para ser verdade. Mas ainda pior do que isto foi perceber, pelo comportamento de grande parte dos intervenientes, pelas expressões faciais, pela forma displicente como foram abordados alguns lances, que o jogo estava perdido mal o árbitro deu o apito inicial. Deu toda a sensação de que os rapazes foram ali à Madeira mostrar os fatos de treino e os auscultadores da moda, em vez de irem tentar ganhar um jogo. Um acesso a uma final.

Se no post anterior me apoiei em números para analisar o que tem sido a nossa temporada em termos globais, analisemos então os nossos jogos na Madeira este ano. 3 jogos, com 1 empate e 2 derrotas, 4 golos sofridos e 2 golos marcados. Estamos perante um "bloqueio mental" igual ao que o Benfica tem com o Braga, ou o que a Holanda tem com Portugal, ou Portugal com a França? 

Acredito piamente que não passou dum péssimo jogo, muito mal preparado e ainda pior conseguido. Sinceramente, custa-me que haja menos uma final, ainda por cima num sempre apetecível Porto-Benfica. Custa-me ainda mais saber que, possivelmente "demos" ao nosso maior rival uma Taça "de borla". Acredito que, já na 2ª feira, a equipa vai saber reagir e jogar aquilo que sabe. Porque só assim poderemos ainda ter alguma hipótese de chegar ao final da época sem um redondo ZERO na vitrine dos troféus.