sábado, 28 de março de 2015

Choupana e Bayern

Nacional vs Porto - fim dum ciclo diabólico


Começando pelo fim-de-semana passado (e que longe que já vai...), falemos um pouco do jogo na Choupana. Começando pelo óbvio: perdemos uma oportunidade de ouro para "colar" a 1 ponto do Benfica e de os colocar sob uma pressão enorme, numa altura em que o fraco futebol praticado pelos nossos adversários (especialmente em jogos fora) começa a dar sinais de se poder transformar em resultados negativos. Essencialmente, perdeu-se essa boa oportunidade, no final dum ciclo absolutamente infernal de jogos, sempre com a pressão de ter de ganhar bem presente. 

Desde a última derrota da equipa (num total de 3 nesta época, em 41 jogos oficiais), curiosamente também na Madeira, encetámos um total de 11 jogos (2 para a Chapions), com 9 vitórias e 2 empates (Basileia e Choupana), 25 golos marcados e 3 golos sofridos. Este período coincidiu com uma fase de melhoria extraordinária em termos de consolidação do modelo de jogo, de consistência exibicional, de produção ofensiva e desempenho defensivo. Tudo isto alcançado num período de sensivelmente dois meses. 

Por aqui, poderá começar a explicação para algumas das dificuldades sentidas na Choupana: a questão física. Pelo que leio por essa bluegosfera, carregada de "experts" da preparação física, táctica, financeira, etc., "não se compreende como há jogadores cansados nesta altura". Ora, numa época preparado em micro-ciclos de treino e competição, depois de um período de 11 jogos em 2 meses, muitas vezes sem tempo para grandes treinos entre cada jogo, é perfeitamente natural que tenha havido uma quebra física nos 2/3 últimos jogos (especialmente de unidades como Herrera, Casemiro ou Alex Sandro), como será perfeitamente natural que após esta paragem na competição os jogadores regressem de novo com "pernas" e "pulmão". 

Porque para sermos justos, durante a 1ª parte do jogo na Choupana - enquanto todos tiveram pernas - nunca pareceu que o jogo nos escaparia. Estacionados no meio-campo ofensivo, secando qualquer tentativa de saída em transição do adversário (como qualquer equipa de Manuel Machado gosta de fazer), tivemos o controlo absoluto do jogo. Não criámos dezenas de oportunidades de perigo, é certo, mas estávamos na frente, com toda a justiça, e nada indicava que o Nacional pudesse reagir. 
Na 2ª parte houve a tal reacção da equipa da casa, e um conjunto de decisões de Lopetegui durante o jogo que, ao contrário de 90% das vezes, não pareceram surtir o efeito desejado. Especialmente, a saída de Casemiro, que nos retirou consistência ao meio-campo, deixando-nos mais desorganizados e expostos ao jogo mais veloz e agressivo do Nacional. Após o golo do empate, aí sim, sentiu-se que a equipa procurou a vitória sem pensar na melhor forma de a obter. Faltou alguma calma, mas também alguma sorte (2 bolas nos ferros é obra), e penso que o resultado final não traduz na perfeição o "filme" dos 90 minutos.

Um empate fora, na Choupana, é um mau resultado? Digamos que é um mal menor, dadas as circunstâncias. Devíamos ter aproveitado o mau resultado dos encarnados, devíamos conseguir chegar à Luz com maior equilíbrio pontual, devíamos ter conseguido gerir melhor a vantagem no jogo. Mas não haja dúvidas que, até final da temporada, mais pontos vão ser perdidos pelos 2 da frente. 

Percebe-se que é em alguns pormenores que se nota que a equipa ainda tem potencial por lapidar, como foi dito no post anterior, mas não se duvide que numa temporada que conta já com 41 jogos, um saldo de 31 vitórias, 3 derrotas e 7 empates, num total de 92 golos marcados e 22 sofridos, tem de ser vista como uma temporada muito positiva.

Após termos feito 8/9 jogos para o Campeonato com uma pressão incrível sobre o ombros, tendo que ganhar em campos tradicionalmente difíceis como Bessa e Braga, e contra adversários complicados como o Sporting e o Basileia, ainda há quem pense que a equipa não aguenta a pressão. A sério? Não aguenta? 

E também é sempre bom perceber que há coisas que não mudam. Num espaço de horas, a bipolaridade que reina em tantas cabeças portistas (pseudo adeptos dum clube e amantes de desporto) levou a que por essas caixas de comentários dos blogues de que todos gostamos fossem espalhados insultos, atestados de incompetência, e premonições de catástrofes de dimensões bíblicas. O normal portanto! Aliás, quando tal façanha parte logo de alguns escribas (muito conhecedores do futebol e muito "independentes" nas suas análises), está tudo dito. Assim como é também normal observar que a quantidade de comentários triplica após algum desaire.

Prossegue esta animada luta pela liderança, agora com uma diferença de 3 pontos entre Porto e Benfica. E com o clássico à vista... Isto está a aquecer!



Sorteio da Champions


Sejamos honestos: as nossas hipóteses de avançar para as meias-finais da Champions League são reduzidas. Penso que todos estamos de acordo quanto à valia do FC Bayern, em todos os aspectos possíveis de avaliar. O sorteio dificilmente poderia ter sido pior, até porque teremos de jogar a 2ª mão fora de casa. 

Eu, confesso, tinha pedido Bayern ou Barcelona, porque gosto deste tipo de desafio para nós. Penso, muito honestamente, que é bem mais fácil praparar a equipa para um jogo destes (em que grande parte da pressão está do lado do adversário), do que para uma eliminatória com um Mónaco, por exemplo. Como adepto do Porto mas, sobretudo, de bom futebol, estou bastante entusiasmado para ver-nos em acção contra uma das melhores equipas do Mundo, orientada por um dos treinadores que marcou a História do Futebol e por quem nutro uma profunda admiração, com jogadores de estrondosa qualidade em qualquer posição. Estou curioso para ver como vamos adaptar-nos a jogar contra uma "máquina" de futebol de posso como a dos bávaros. E, sinceramente, espero dois jogões de futebol! 

Dizia no início que as nossas hipóteses são reduzidas. Diria o mesmo de qualquer adversário do Bayern em qualquer competição. Mas não é impossível (no Desporto essa palavra não existe) derrotar os alemães! E muito embora saiba que será difícil, acredito nos rapazes! Vi o Bayern soçobrar em casa perante um bem organizado Moenchengladbach ou em casa dum agressivo Wolfsburg e acredito que é possível batê-los.

O meu avô, que nem é nada de antecipar resultados, nem de grandes "caganças" confidenciou-me ontem que acredita piamente que vamos conseguir chegar à final... Tentei fazê-lo prometer que dançará nú pelas ruas do Porto se tal acontecer, mas não tive sucesso. Uma pena, porque apesar dos seus 83 anos, o homem está numa forma física invejável... 

sábado, 21 de março de 2015

Crescimento Sustentado


Se algum portista afimar que em Março de 2014 acreditava que 365 dias volvidos seria possível ver futebol do quilate que tem sido praticado pela nossa equipa, eu digo já que não acredito. Não acredito. Não acredito mesmo.

Há um ano atrás (mais mês, menos mês) a nossa equipa implodia, sob o comando dum débil, limitado, desacreditado e derrotado Paulo Fonseca. As pernas de cada jogador pesavam chumbo, e cada jogo era um forte teste à capacidade de resiliência do mais emperdenidamente optimista adepto. O talento estava ali, pese embora em doses menos generosas do que neste ano, mas o espírito, a garra, a luta, a crença, estavam bem longe. Uma equipa em pedaços, estilhaçada por um deficiente planeamento da época, humilhada em casa e fora com uma frequência nada habitual para os nossos pergaminhos. Consideremos a época passada uma espécie de annus horribilis.

Era mesmo necessário que houvesse uma "limpeza". O presidente antecipou-o. O povo por ela clamou, em uníssono! "Cabeças terão de rolar!!!".

De novo, provou-se que as coisas têm de ser feitas de forma pensada (independentemente do resultado final).

Julen Lopetegui terá sido uma escolha arriscada, argumento que me parece perfeitamente aceitável. Para quem acreditar que os treinadores são escolhidos como no Football Manager, acredito que possa ter parecido estranho apostar num perfeito desconhecido do público. Mas as coisas não funcionam desse modo. Há um trabalho de base que acredito que seja sempre feito, seja na escolha de um jogador ou dum treinador, dependendo o sucesso da "contratação" de variadíssimos factores que penso que todos conseguem compreender.

Não será do conhecimento de muitos, mas Lopetegui ja "mora" no Dragão desde Janeiro de 2014, quando ainda ninguem tinha ouvido sequer falar desse nome. Foi aí que a construção desta "revolução" começou a conquistar pontos. Nesse momento, com tempo e serenidade, foi possivel começar a preparar a tal "revolução" do plantel, equipa técnica e, quem sabe, a provável futura mudança na forma de preparar/gerir o futebol nos próximos anos.

A vida do treinador basco tem sido, como já se previa, tudo menos fácil. Alguns adeptos não "perdoam" absolutamente nada, e vivem na expectativa de ver este tipo de  projecto falhar, para poderem ser os primeiros a dizer "Eu bem avisei!", Recordo, com carinho, o comentário que ouvi vindo da boca dum adepto portista, enquanto caminhava para casa após o jogo de apresentação aos sócios, no longínquo mês de Julho "Com esta defesa subida, isto vai ser uma tragédia...". Após 8 jogos consecutivos com apenas 1 golo sofrido, terá este adepto a mesma visão?

Com um plantel quase totalmente renovado - com 14 caras novas - e tanta juventude misturada, alguém ousou sequer pensar que por esta altura, para além de estarmos com o 1º lugar ali à distância dum deslize, estaríamos nos 1/4 de final da Champions, convivendo com equipas como Bayern, Barcelona ou Real Madrid?

Foram cometidos erros no decorrer desta época? Obviamente que sim, como sempre acontece. Nem mesmo o melhor plantel do Mundo, treinado pelo melhor técnico do Mundo, num dos melhores campeonatos do Mundo - e um dos clubes mais ricos do Mundo - como o Bayern, se livra de apanhar 4-1 do Wolfsburgo... Por isso, sim, foram cometidos erros que nos fragilizaram em determinada altura. A eliminação da Taça de Portugal em casa, pelo Sporting, foi um dos poucos momentos da actual temporada que me fizeram duvidar da real capacidade de Julen Lopetegui (e dos jogadores) de conseguir dar a volta por cima - mais pela pressão e contestação, que aí atingiram um ponto nada recomendável, do que pela margem de crescimento que sempre lhes reconheci. Também não esqueço os empates, em casa com Boavista e fora com o Estoril, que nasceram mais devido às "dúvidas" que nesse momento a equipa apresentava face ao processo/modelo de jogo, e de erros individuais que resultavam dessas mesmas dúvidas, do que pela qualidade dos adversários.

Voltando ao título do post, reflicta-se sobre a melhor forma de, em tudo na vida, construir um "projecto". A meu ver, e penso que muitos partilharão dessa opinião, é sempre preferível que uma "empreitada" como a que o F.C.Porto decidiu projectar para os próximos anos requer seja construida sobre alicerces bem fortes. E penso que tal foi conseguido, independentemente do que possa acontecer até ao final da época. Tudo foi planeado com tempo, serenidade, grande parte dos jogadores que a nós se juntaram elevaram a qualidade do plantel e o próprio Lopetegui, goste-se ou não, conseguiu aos poucos implementar um estilo de jogo muito personalizado, fazendo com que o F.C.Porto possa assumir as despesas do jogo em qualquer lado onde vá. Um F.C.Porto mandão e personalizado. Um F.C.Porto guerreiro e resiliente. Não era isto mesmo que se pretendia?

Analise-se, por exemplo, o jogo da 1ª volta com Boavista e este jogo com o Arouca, e penso que aí estará uma boa "fotografia" que explica o que quero dizer. Jogos com circuntâncias semelhantes, em que passámos cerca de 3/4 do jogo a jogar com menos um jogador, poucos dias após uma excelente vitória europeia. Se na 1ª volta houve pouco discernimento, muito coração e pouca cabeça, se houve uma equipa em campo que sabia o que queria (a vitória), sem saber muito bem como chegar lá (modelo/princípios de jogo), superando as contrariedades (estar com menos 1 jogador) - e incluo treinador e jogadores nestes pontos - vimos agora uma equipa com muito maior arcaboiço físico e táctico, confiante nas suas capacidades, solidária e compacta, que teve o jogo sempre controlado, apesar da boa réplica do adversário. Vimos jogadores que foram "vítimas" da propalada rotatividade (e que jeitão nos tem dado ter tido todas as peças a ser utilizadas em jogos a doer) a jogar como se sempre ali tivessem estado. Uma equipa que, após conquistar uma preciosa vantagem soube sofrer, defender, gerir o jogo, apesar da inferioridade numérica e da enorme fadiga acumulada em alguns pares de pernas. Isto tudo, sem Danilo e Jackson, dois dos melhores jogadores do campeonato português (e, já agora, da Europa, neste momento).

Pegue-se em qualquer jogo da primeira fase desta temporada e compare-se com qualquer jogo a seguir à derrota na Madeira, e faça-se uma análise séria. Analise-se colectiva ou individualmente o comportamento da equipa. As diferenças são tão óbvias, tão claras, tão grandes, que é necessário cumprimentar Lopetegui pelo que tem conseguido fazer com o F.C.Porto. Nota-se trabalho, nota-se evolução (individual e colectiva), nota-se uma melhoria gritante.

Um ano após o nosso futebol passou de medíocre a futebol do mais alto quilate.

Tem sido um ano de crescimento sustentado. Estão lançados os fortes alicerces para o nosso futuro a médio prazo. Porque nestes projectos, que se querem duradouros e sólidos, a firmeza da passada será sempre mais importante do que a sua dimensão ou a velocidade a que caminhamos.

Para mim, um projecto e um modelo que merecem um forte aplauso.... De pé!

Nota: este texto foi escrito antes da nossa deslocação a Braga, e só por impeditivos tecnológicos não foi publicado nessa altura. Defendo todas as ideias deste artigo, mesmo que no final da época não haja qualquer troféu para acrescentar ao nosso Museu.

segunda-feira, 16 de março de 2015

Porto vs Arouca


Imagem retirada do site do FC Porto

Quando aos 10 minutos de jogo o vermelho saiu do bolso do "árbitro" , para expulsar Fabiano, senti-me recuar uns meses, a um jogo que teve circunstâncias semelhantes, e o coração apertou um pouco. Jogar com menos 1 jogador nunca é facil, seja contra Boavista, Arouca ou Barcelona, e o facto de sabermos que havia ali pernas cansadas, e a pressão de ter de ganhar para seguir na perseguição ao líder do campeonato poderiam começar a pesar na nossa exibição. Tal não aconteceu, especialmente devido a dois factores: primeiro, a forma como Lopotegui decidiu reformular a equipa para o que restou da 1ª parte; depois o facto de termos mantido a calma (especialmente após os 20 minutos), não perdendo a nossa identidade em campo, e de termos chegado ao golo com muito jogo para jogar.

Obviamente, na 2ª parte, foi necessário reequilibrar a equipa tacticamente - até porque o Arouca, bem ou mal, quis disputar o jogo e não se ficou pelos 11 homens atrás da linha de meio-campo. O que ganhámos a nível de posicionamentos defensivos (retorno a uma linha de 4 mais atrás), acabámos por perder no meio-campo, tendo ficado muito mais complicada a nossa transição ofensiva. Hoje, tinha dado um jeitaço ter Jackson em campo, pelo menos para a 2ª parte, de forma a que pudéssemos ganhar metros e qualidade de circulação e de jogo entre linhas que Aboubakar (ainda) não nos consegue dar. Por tudo isto, fomos menos capazes de conseguir reter a bola, de jogar como gostamos, e penso que com mais alguma paciência, frescura física e capacidade de decisão, poderíamos ter explorado melhor o espaço que havia nas costas da defensiva contrária.

Apesar da notória quebra física de metade da nossa equipa, bastante evidente nos últimos 20 minutos, foi bom perceber que a equipa soube sofrer, resolver os problemas que trouxe a inferioridade numérica. Foi também bom rever Hélton na baliza, sobretudo pela tranquilidade que nos traz, seja a sair dos postes, seja a jogar com os pés, ou até na monumental defesa que assinou, após venenoso remate de cabeça.

Uma boa vitória, em novo jogo atípico (este ano, estranhamente, tem havido muitos jogos assim), contra uma equipa que quis competir por algo mais do que um empate. E quando assim é, os 3 pontos são ainda mais saborosos.

Positivo (+)

Brahimi - Foi hoje importantíssimo sempre que tentávamos sair para o ataque. Brahimi tem uma característica que poderá irritar alguns, mas que o torna num jogador acima da média. Raramente aquele homem solta a bola por soltar; primeiro tenta fixar adversários, e só depois solta em quem está próximo ou melhor colocado. E isto faz toooooda a diferença. Passes, todos fazem. Mas fixar defesas, nem todos o conseguem. Pode haver quem confunda isto com "agarrar-se demasiado à bola". E tal não passará disso mesmo, confusão. Brahimi é fundamental neste tipo de jogo, e para mim mereceria o prémio MVP juntamente com Marcano.

Marcano - Começa a ser difícil definir a qualidade deste jogador. Como qualquer jogador proveniente do país vizinho, Marcano foi imediatamente rotulado de "flop", até porque Reyes é "Muuuuuito melhor". Começa a perceber-se que 2,5M€ por um defesa central desta categoria foi uma pechincha. Hoje voltou a estar soberbo, quer no número de bolas que ganhou pelo ar, quer pela qualidade na saída em posse, quer na quantidade de vezes em que teve de ir em modo "bombeiro-sapador" compensar erros dos colegas. Qualidade, qualidade, qualidade, qualidade! Marcano é isto.

Óliver - Ter-se-à notado em determinada altura uma forte quebra física, mas foi mais um belíssimo jogo do nosso "baixinho". Óliver recebe, cola a bola no pé, rodopia, faz jogar toda a equipa, com uma simplicidade desarmante. Enquanto houve oxigénio (principalmente durante a 1ª parte, foi determinante para mantermos o controlo da partida. Apesar de achar que Evandro esteve igualmente muito bem enquanto Óliver recuperava, já pensaram no luxo que é tê-los no mesmo plantel?

Quaresma - Hoje Ricardo Quaresma está nos +, especialmente porque era o tipo de jogo ideal para si. Um jogo em que teria de correr mais riscos, para tentar desorganizar a defensiva contrária, podendo por isso fazer uso da sua qualidade técnica para abrir espaços. E foi precisamente isso que Quaresma fez. O defesa-esquerdo do Arouca deve estar nesta altura ainda à procura dos rins, tantas foram as vezes em que Quaresma conseguiu trocar-lhe as voltas. E aquele cruzamento para a cabeça de Aboubakar, foi precioso. Uma pena que Quaresma, tenha tentado por 2 ou 3 vezes marcar golos quase da linha final, em vez de tirar mais cruzamentos perfeitos como aquele... Mas, se não fosse isso, não seria Quaresma! 

Aboubakar - Este jogo deixou mais claro que Aboubakar tem ainda muito para trabalhar. Principalmente no capítulo da recepção de bola, e no capítulo do passe. Contudo, foi preciosa a forma como surgiu por mais de uma vez em posição de finalizar, e fantástica a forma como apareceu ao 2º poste a finalizar um cruzamento açucarado de Quaresma.

Lopetegui - Quando seria expectável que retirasse, por exemplo, Quaresma, ou até mesmo Herrera, mantendo o esquema de 4 defesas, Lopetegui preferiu ficar apenas com Indi, Marcano e Alex Sandro (mais evidente em organização ofensiva, e na saída em posse), deixando nas mãos de Casemiro e Herrera as devidas compensações do lado direito da defesa sempre que tal era exigido. Durante 35 minutos da 1ª parte, praticamente não se sentiu que estávamos com menos 1 jogador. Obtido o primeiro golo, e com a necessidade de segurar o jogo, refrescou o meio-campo com a entrada de Rúben Neves, e segurou ao máximo a saída de Quaresma, para que Tello pudesse ajudar a tapar espaços, e pudesse eventualmente semear o pânico na defensiva arouquense com as suas diagonais. Percebeu-se que queria mais calma, mais posse, que ia pedindo energicamente do banco, mas penso que todos compreenderam que a equipa estava fisicamente de rastos, e que o melhor que havia a fazer seria abdicar da bola e defender o melhor possível.

Negativo (-)

Indi - Indi tem  alguns predicados que me fazem gostar imenso dele. É inteligente a usar o físico para ganhar posição aos adversários, e não compromete nas saídas em posse. Agora vamos fazer um exercício: quantas bolas pelo ar conseguiu ganhar a qualquer dos avançados arouquenses? Uma? Duas? Nenhuma? Não nos podemos dar ao luxo de ter um defesa central que não consegue ganhar 90% destes lances, sendo que está de frente para a bola, e não tem pela frente nenhum Ibrahimovic.

Fabiano - Fabiano é um guarda-redes normal. O próprio Fabiano sabe-o, Lopetegui também, bem como o resto da equipa. Se todos ficamos com o coração nas mãos quando tem de sair aos cruzamentos, ou quando tem de sair dos postes com aquela velocidade paquidérmica, cheio de hesitações, de dúvidas, imaginem como se sentirão os colegas de equipa. E isso pesa em certos momentos do jogo. Nota-se que os próprios defesas hesitam muito. Quantas vezes por jogo vemos um dos defesas a esperar até à ultima que Fabiano saia para recolher a bola, acabando por pontapeá-la para a bancada? Eu senti a diferença monstruosa de ter Hélton na baliza durante 80 minutos no jogo de hoje. A defesa respira muito mais confiança, a bola flui com maior rapidez sempre que há um atraso, há maior velocidade e segurança nas reposições de bola em jogo a partir da baliza. Porra, até os pontapés de baliza ganham qualidade. Detesto "cascar" em alguns jogadores, e tenho um respeito imenso por Fabiano, mas quando se diz que "há males que vêm por bem", penso que será para situações semelhantes a esta. Se a expulsão (e ausência do próximo jogo) de Fabiano significa ter Hélton até ao final da temporada, não ficaremos mal servidos.


Não sei se repararam mas ali a meio da 1ª parte houve um penalty do tamanho duma galáxia sobre Quaresma. Também não sei se repararam na quantidade de faltas e faltinhas que o "artista de serviço" marcou pertinho da nossa área, mesmo que nenhuma falta houvesse para marcar em grande parte das situações. Está-lhes na massa do sangue... Ah, o primeiro amarelo para o Arouca saiu aos 70 minutos... Por essa altura, já os arouquenses nos goleavam em número de faltas. Mais um jogo, mais uma arbitragem fraca, mais lances de prejuízo para os do costume.  




quarta-feira, 11 de março de 2015

Porto vs Basileia

Nota introdutória: Jogo de Braga sem direito a crónica dada a proximidade de jogos. Exibição de gala, enorme a superioridade em todos os momentos de jogo. Porto controlador, Braga a ver jogar e a dar lenha. Um desastre a lesão de Jackson por tudo o que simboliza neste momento. Fé em Aboubakar. Tello continua imparável! Palavras de Conceição? Apenas o reflexo de uma valente dor de cotovelo ou como diriam os ingleses, não passa dum butt-hurt. CONTINUAR A PRESSIONAR ATÉ ELES CAÍREM!

Porto vs Basileia
O nosso Porto está de volta. E digo "nosso" porque os ideais e princípios que o fizeram grande estão vivos como há muito não se via. Começa a ser difícil não sentir uma afinidade tremenda por esta equipa e por este treinador. Principalmente tendo em conta o percurso da mesma até hoje. Não vou repetir as (óbvias) questões relativas à revolução de plantel. Falemos do que foi o inicio do reinado de Lopetegui com alguns - demasiados - adeptos e comunicação social a malhar a torto e a direito por causa de "espanhóis", "rotatividade" ou Quaresma. Resistiu a isso tudo, resiste ao campeonato mais vergonhoso de que me lembro. Resiste a lesões de jogadores fundamentais como Óliver (2x), Casemiro, Jackson e hoje Danilo. Resiste a adversários a darem pancada do principio ao fim dos jogos com arbitragens complacentes (hoje foi só mais uma dessas noites). Ah, e com a qualidade exibicional sempre a subir. Têm qualquer coisa de especial. Plantel e treinador. Não custa continuar a sonhar...


Sem Jackson e com Óliver ainda limitado, Lopetegui apostou na continuidade e lançou Evandro e Aboubakar para o lugar de Jackson. Mas a qualidade e as ideias de jogo mantém-se. Jogue quem jogar. E isso é mérito de Julen. Basileia mais uma vez em modo Mortal Kombat liderados por um Walter Samuel que ainda se deve estar a questionar como jogou tantos minutos em ambas as mãos desta eliminatória. Não me lembro de uma equipa tão violenta com quem tenhamos jogado na Europa. Remetidos à defesa mas pressionando alto no meio-campo voltaram a não criar grande perigo ao Porto. Uma primeira-parte controladora do Porto com um grande golo de Brahimi (tanta classe Yacine) e um momento que podia marcar psicologicamente a equipa. A lesão de Danilo tendo em conta o estado em que ficou o nº2. Fiquei genuinamente preocupado e ansioso assim que vi a ambulância entrar. Parece que não será nada de muito grave mas foi um valente susto. 

Fomos tão melhores que o Basileia. Porque esta equipa continua a evoluir e a superar-se jogo após jogo. Foi incrível ver a qualidade nas trocas de bola, a fabulosa reacção à perda de bola, a pressão sufocante no adversário, a consistência desta "muralha" defensiva (mesmo com Alex Sandro no lado contrário e Martins Indi a defesa esquerdo), assim como a capacidade incrível para resistir às adversidades como a arbitragem horrível. E tivemos direito a enormes golos no Dragão hoje. TODOS eles foram grandes golos. Brahimi que tem andado à procura da melhor forma parece ter voltado às grandes exibições Hoje foi mais uma noite europeia memorável. Aguardemos pelo desfecho destes Oitavos de final para pensar em adversários. Em jeito de Totobola aposto em Chelsea, Bayern, Barcelona, Borussia, Mónaco e Leverkusen para passarem. Com a possibilidade dos "tubarões" se defrontarem entre si, podemos ter um cheirinho a 2004?


Positivo (+)

Casemiro - CA GANDA GOLO MOOOOÇO! E que exibição. Está com uma confiança brutal e parece ter lido todas as criticas feitas porque está melhor a todos os níveis. Faz menos faltas, está mais reactivo, está mais assertivo no passe curto e longo. Fez uma estupidez de recuperações de bola no meio-campo. Uma exibição de encher o olho. Está, como toda a equipa, a crescer a cada jogo que passa. Será talvez injusto nomear o Melhor Jogador em campo numa grande noite europeia de toda a equipa. Mas a haver um teria de ser Casemiro.

O estar vivo - Se recuarmos um ano, estávamos de rastos. Derrotados, a começar num treinador sem alma, num plantel que não era este mas que era para fazer muito mais do que foi feito, e estávamos em guerra uns com os outros. Cada passe falhado era razão para assobios, cada ataque adversário era razão para suores frio e ansiedade. 365 dias depois estamos nos quartos de final da Champions, estamos (ainda) na luta pelo campeonato, mas mais importante que tudo: o plantel "da revolução" é o mais jovem de sempre do Porto e está a praticar um futebol de grande equipa. Coesos, agressivos, com uma entreajuda fantástica e a celebrar os golos juntos. Nos últimos 13 jogos em casa, não sofremos golos em 11. E em 9 ganhámos por mais de dois golos. Ah, e o Dragão ontem voltou a estar bem vivo como já não se viva desde o Minuto K. É tão bom voltar a estar vivo!

Evandro - Equilíbrio. É a melhor forma de o definir. Causa alguma confusão pensar que andou "perdido" tanto tempo e que só chegou a um grande clube aos 28 anos. A forma como complementa o meio-campo seja a defender ou a atacar faz-nos questionar se não terá ganho o lugar ao mágico Óliver. Parece ligar Herrera e Casemiro com o resto da equipa ou dito de outra forma, parece ligar o jogo interior da equipa de uma forma mais coesa. Adorei vê-lo a receber a bola e a dar de primeira com aquele toque de bola fabuloso e logo a correr para desequilibrar o Basileia. A forma como protegeu a bola deixou os suíços raivosos a espumar da boca perante a sua classe. Grande exibição. 

Desorganizar para organizar - Este é um mais para Lopetegui. Quando após a lesão de Danilo desviou Alex Sandro para a direita e fez entrar Indi para a esquerda temi pela nossa organização defensiva. Se fosse FM teria posto o Indi na direita, numa de não mexer muito para não estragar. Mas como o mister é que sabe viu-se que a qualidade de jogo se manteve. Indi teve uns números espectaculares fora da sua posição (completou 96% dos passes e ganhou os 4 duelos em que esteve presente), Alex Sandro manteve a qualidade e podia tão simplesmente ficar chateado pela mudança de flanco. Mas todos os jogadores parecem focados, com uma entrega incrível, e sem queixumes ou lamurias. Lopetegui chamou-lhes "animais" pela forma como treinam e como jogam. Eu chamo-lhes "bestinhas cheias de talento". Grande noite para comprovar que plantel e equipa técnica estão no caminho certo.

Negativo (-)

Basileia - Juro que esperava muito mais da equipa Suiça. Bater é fácil, Paulo. Jogar à bola é mais difícil. Não percebo como é que é possível não ter havido mais expulsões nesta eliminatória. Ridícula exibição de um bando de caceteiros que ficaram frustrados por nem conseguirem cheirar a bola. A entrada do sabujo do Derlis Gonzalez no Brahimi podia ter tido consequências bem graves. Walter Samuel no Alex Sandro a mesma coisa. A cotovelada do outro boi raivoso no Indi é indescritível. E falo destas porque me ficaram na memória. Mau demais e pior a arbitragem permitiu tudo isto.


Não ganhámos nada mas as sensações são muito boas. Há 8 anos que não íamos aos quartos. Quero o próximo jogo para continuar a ver futebol deste. Venha o Arouca! E fé no Braga...

segunda-feira, 2 de março de 2015

FC Porto x Sporting

Julen Lopetegui ao colocar Evandro a titular revela ao mundo o que já se sabia. Vem ao Blue Overlap para saber o que fazer quando tem dúvidas. E faz bem, mister. Eu e o Z cá estaremos para o esclarecer sempre que necessário.

Exibição avassaladora do Porto. Organizados, pressionantes, agressivos, com qualidade, com bola, a impor-se na sua casa e a mostrar que quer continuar a perseguir o Benfica. Controlámos o jogo de uma forma absoluta. Aliás, Fabiano terá certamente a esta hora um processo disciplinar movido pela estrutura do FC Porto por falta de comparência. Mais a sério, foi uma noite de trabalho mas também de magia. Grandes golos em grande jogadas. Mas vamos por partes. Primeira-parte até aos 20 minutos equilibrada mas daí em diante só deu Porto. Mais um jogo onde as oportunidades se multiplicaram. E o que dizer do passe de Jackson? Consegui ouvir o sorriso de Zlatan orgulhoso do colombiano. Mas a noite foi da nossa "motinha". Tello deu uma lição de como finalizar em 1x1. 3 golos sempre na cara de Rui Patricio. Que este jogo o liberte da (hipotética) pressão que existia na sua cabeça. Na segunda-parte o domínio manteve-se. Brahimi algo apagado saiu para entrar Quaresma, mas a pareceria Jackson-Tello voltava a fazer moça na defesa sportinguista. 2-0 e o Porto começava a respirar melhor. Até ao final do jogo muita cabecinha em deixar o Sporting (tentar) criar perigo mas o desgaste do jogo com o Wolfsburgo fez se notar.  Resultado final 3-0 que reflecte a total superioridade da equipa azul e branca motivada acima de tudo por um Tello matador, um meio-campo muito forte em termos de pressão e agressividade e numa gestão inteligente dos momentos do jogo.
Por ultimo há que dizer que o  Sporting não jogou um pinTello (desculpem...)

(+) Positivo


Tello - Estão dissipadas as dúvidas sobre a qualidade do espanhol?! Que jogão. Na pressão aos jogadores do Sporting quando queriam começar a construir, na forma como foi procurar as diagonais tão comuns aos extremos produzidos em La Masia, a calma como finalizou os 3 golos sem ser sôfrego. Até a nível defensivo esteve impecável! Ter Brahimi, Tello e Quaresma (e Hernâni!) é um luxo meus amigos. 

Jackson - Que estupidez de passe, moço. Nem no FIFA ou no PES dá para fazer aquilo. Com mais a estupidez de golos que leva, menos de 35 milhões no final da época é uma má venda. Será certamente um dos avançados mais completos do Mundo. Para além de continuar a ser um saco de porrada em TODOS os jogos. 

Evandro - Um jogador que me enche as medidas. Juro que festejei ao saber que estava incluído no 11 titular. Sim, sou maluquinho a esse ponto. Com Óliver de baixa é o jogador que torna a sua ausência suportável. É agressivo sem bola, tem muita qualidade com ela nos pés, sabe posicionar-se e equilibrar a equipa, sabe aparecer na ajuda a Jackson. Trouxe a solidez ao meio-campo que não existiu no Bessa e com a falta de minutos nas pernas foi bem substituído. Enfim, é um médio muito completo e tem de continuar no 11. 

Lopetegui - Acreditem se quiserem mas o basco fez as duas substituições que queria quando eu estava a falar nelas. A de Quaresma por Brahimi e mais tarde a entrada de Rúben Neves por Evandro. Está cada vez mais identificado com o clube e a sua leitura do jogo do banco é fantástica. Ah, e está imparável a nível de comunicação. Vê-lo no fim a festejar com os jogadores foi fofinho e sintomático de que se respira confiança naquele balneário.

Herrera - Podia ter marcado um golo de levantar o estádio não fosse aquela coisa parva da finalização. Foi muito importante na intensidade que deu ao meio-campo com a sua habitual disponibilidade física de um gajo todo mamado em Red Bull. Esteve muito bem no passe (muito melhor que no Bessa) e na forma como aproximou as linhas da equipa entre transições. Não vamos baixar a forma agora, pois não Héctor?

( - ) Negativo 

Brahimi - Não está bem. A qualidade continua lá mas parece ainda procurar a melhor forma. Agarrou-se demasiado à bola e continua pouco objectivo. 

O efeito "50 Shades of Grey" no Futebol - Vitória de Guimarães, Basileia, Boavista e Sporting. Têm todos fetiche por pancadinhas, cara!#@? É que são jogos inteiros a distribuir pancada pá.

Artur Soares Dias - O que dizer daquele critério de faltas? Sim, o Casemiro deu muita lenha e podia ter visto um amarelo. Mas quando o William pegou com duas mãos no Tello e o arrastou até ao chão e o menino de amarelo marca canto estamos conversados. A estupidez de faltas ofensivas marcadas tirou todo o adepto portista do sério. A não expulsão de Cedric, o William a distribuir lenha... Absolutamente ridículo.