terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Jogar no "pantanal"


Jogos como o do passado Sábado, são daqueles que podem tornar muito complicado aquilo que parece fácil. Sendo óbvio que o relvado do Estádio do Penafiel não terá sequer 1/10 da qualidade do relvado do Dragão, é também importante realçar que caiu uma quantidade considerável de água sob a forma de chuva torrencial, durante grande parte do dia, tornando ainda mais difícil a já hercúlea tarefa de garantir um relvado à altura da qualidade dos nossos intervenientes. 

Contudo, este tipo de situação, que já nos trouxe um amargo de boca no decorrer desta época (tornando o relvado do nosso próprio Estádio num lamaçal de belas proporções), pode acontecer em qualquer lugar, em qualquer dia, em qualquer altura do ano. 

Obviamente que, neste tipo de condições, os clubes de menor dimensão "ganham" alguma vantagem, visto que as equipas mais "fortes" o são especialmente pela diferença colossal na qualidade de execução técnica. E tirando Belluschi, Óliver ou Jakcson, que conseguem fazer magia até a jogar em areia movediça ou dentro duma piscina, não haverá muitos mais que consigam impõr essa maior qualidade técnica num pântano como o de Penafiel.

O jogo torna-se numa "lotaria". Cada atraso ao guarda-redes deixa-nos o estômago congelado. Cada corte defeituoso causa uma arritmia. Cada passe perfeito que fica numa poça deixa-nos indignados. 

Já para não falar naqueles remates que param "cirurgicamente" em cima da linha de golo.

Eu, confesso, até acho piada a estes jogos. Faz-me recuar uns anos, e viajar a outros terrenos, outros jogadores, outras equipas - outras épocas... - em que gajo que não chegasse ao final do jogo sem pedaços de lama dentro das cuecas, não era digno de poder sequer entrar no balneário. São jogos para "Homens de Barba Rija". É certo que, como desta vez correu bem, será porventura mais fácil (até mesmo suspeito), encontrar aspectos positivos em ter um terreno de jogo de tão fraca qualidade. 

Depois penso em Tóquio, Viena e Coimbra (2010/2011), ou aqueles jogos terríveis na Reboleira, Vidal Pinheiro, Bessa, São Luís, na Maia ou até em Leça, locais que tinham o condão de nos presentear com intrincados pantanais (com ou sem chuva) ou naquele relvado miseravelmente careca do velho Alvalade em 95/96, e não posso deixar de sorrir. Não digo que não tenha havido alguns dissabores, mesmo jogando em casa, como nos célebres jogos com Famalicão ou Anderlecht (aos quais não assisti, mas dos quais o meu avô nunca se esqueceu), mas são muitas destas épicas batalhas enlameadas que ficam na nossa memória.

Esta última batalha teve o condão de nos mostrar que, numa equipa jovem, tantas vezes criticada pela falta de ambição, de garra, de querer, há também espaço para vestir o fato-macaco, e jogar feio se necessário fôr. Mostrou-nos que no nosso plantel há muita "Barba Rija" no meio daquela juventude. Aposto que se fossem analisar, haveria toneladas de lama dentro da roupa interior de Indi, Marcano, Maicon, Casemiro, Herrera, Danilo e até Alex Sandro (e de muitos dos adeptos que enfrentavam a intempérie nas bancadas).

Já Óliver ou Jackson mostraram que é possível haver arte e genialidade mesmo no meio das trincheiras (e com lama colada aos tomates).

Eu gostei!

domingo, 18 de janeiro de 2015

Penafiel vs Porto

Três pontos arrancados numa espécie de jogo de futebol.

Como disse Lopetegui: "não foi futebol, foi outra coisa, foi intuição". Num terreno impraticável que mais se assemelhava às trincheiras nazis no desembarque da Normandia, o Porto encontrou capacidade para ter, ainda assim, momentos de classe. Oliver e Jackson foram dois gigantes no lamaçal. Continuo a não perceber o ódiozinho de estimação que muitos adeptos têm a Lopetegui. Este jogo provou mais uma vez que estamos num bom caminho e que estamos em boas mãos. Foi um Porto de garra e de entrega que ganhou o jogo. E quando foi preciso trocar Quaresma por Marcano, não houve vergonha, porque o que era realmente necessário era combatividade e não classe. Se na primeira-parte houve ainda algum futebol, na segunda foi ter capacidade para segurar a bola quando ela caía na lama e deixar o tempo passar. Vitória importante com esperança de que amanhã na Madeira os "outros" tropecem e caiam de nariz no chão.

(+) Positivo 


Óliver - É um prazer vê-lo jogar. Seja no nosso relvadinho fofinho do Dragão, seja nesta espécie de relvado que o Penafiel possui. Dos emprestados é claramente o mais forte e o que mais gostava que permanecesse no plantel na próxima época.  É completamente determinante neste Porto de Lopetegui. Quem alinha numa vaquinha para pagar a clausula ao Atlético?

Jackson - O colombiano é um jogador tremendo. Marca golos atrás de golos mas para mim é no que trabalha sem bola/para a equipa que me faz gostar dele. E hoje consegui ter pormenores técnicos absolutamente deliciosos. Comecem a preparar os lenços malta. Este, vai deixar saudades no final da época quando embarcar no Sá Carneiro...

Garra e vontade de ganhar - Para todos aqueles que atacam diariamente Lopetegui por todas as razões que a lógica desconhece, revejam o jogo e ponham a mão na consciência.

Lopetegui - A substituição de Quaresma por Marcano pareceu à primeira vista algo descabido. Mas foi meter a tranca na porta porque o dia não era para manter a posse de bola no meio-campo adversário. Gostei mister. Não houve vergonha em querer ganhar de outra maneira.

(-) Negativo 


Casemiro - É o jogador que menos simpatizo do plantel. Sim, até menos que o Adrian Lopez. Porque até o espanhol no meio de tanta atrapalhação consegue ter alguma classe. Seja nas recepções ou nos passes. Agora o brasileiro é simplesmente alguém que gosta muito de bater e tentar ser mauzinho a defender. O amarelo que viu hoje, sem necessidade nenhuma, num lance ainda cedo na primeira-parte era coisa para me fazer tirá-lo do campo com uma única questão: para quê?

Relvado do Penafiel - Como é que é possível ser permitido jogar nestas condições?


PS: É incrível como numa questão de minutos criou-se a ideia entre noticias e redes sociais de que o Porto foi beneficiado neste jogo. Depois do que tem sido este campeonato, irrita-me, enoja-me, revolta-me que a teoria de Goebbels impere. E todos menos Lopetegui permanecem em silêncio... 

sábado, 17 de janeiro de 2015

F.C.Porto vs União da Madeira - e umas notas soltas...


Jogo "mexido" aquele a que tivemos oportunidade de assistir na passada 3ª feira no Dragão. Houve várias coisas boas, que ganham relevo numa competição completamente desacreditada como esta Taça da Liga, e que vão servindo para dar alguma "rodagem" e testar alternativas. Em primeiro lugar terei de destacar Hélton e, ao contrário do que o sábio MST afirma na sua "Nortada" semanal, senti uma fluidez de circulação, uma segurança e velocidade nas reposições, uma liderança serena mas sólida em campo que me leva a pedir por mais; Fabiano a 100% não me consegue transmitir a mesma segurança que Hélton transmite, mesmo a 80%. E isso é dizer muito...
Foi igualmente bom ver jogar um central que consegue subir no terreno com a bola junto ao pé, sem tentativas constantes de passes de 60 metros, que raramente chegam ao destinatário. Reyes é, indiscutivelmente, o central com mais técnica do nosso plantel, e é uma pena que revele tanta inconsistência a nível mental (que é condição essencial para um jogador duma equipa de topo dar "o salto"). 
Campaña transmite boas sensações, principalmente em jogos destes, em que a posse de bola nos vai pertencer durante 70% do tempo. Ele e Rúben Neves (saúdo também o seu regresso) são jogadores muito inteligentes, muito bons em termos de posicionamento, e que tratam a bola com uma qualidade bastante acima de Casemiro ou Herrera.  Repito o que já antes tinha dito aqui, na posição 6, Rúben Neves e Campaña (por esta ordem) são muito melhores do que Casemiro alguma vez será. Está-lhes no "sangue".
Quintero volta a marcar pontos na manobra ofensiva, com duas deliciosas assistências para Ivo Rodrigues e um belo golo, mesmo jogando numa posição em que muitos insistem não ser a "sua". James, que tem jogado centro numa zona mais central do terreno, brilhou no Porto a jogar na ala, com os seus venenosos movimentos interiores. É uma questão de vontade. E de trabalho sem bola. Aí, Quintero tem de evoluir. Muito! 
Ivo foi uma boa surpresa, e deixa alguma "água na boca" para o futuro. Gosto de o ver na equipa B, e espero vê-lo mais vezes entre os "grandes" num futuro próximo. 
Ricardo não esteve tão bem como nos tem acostumado, e Ángel continua a marcar pontos do lado esquerdo da defesa. Em termos de posicionamento e concentração, bate Alex Sandro aos pontos.
Adrián, por outro lado, tarda em conseguir encontrar-se no nosso sistema de jogo. Nota-se que é inteligente na forma como conduz, fixa defesas e solta nos colegas, deixando-os muita vezes em superioridade numérica. Movimenta-se bem sem bola mas depois de 20 minutos em que pareceu mostrar estes dotes com alguma confiança, eclipsou-se por completo. e a vida começa a ficar difícil. Nem como 9, nem na ala... Lopetegui terá de rever a sua aposta em Adrián. De qualquer forma, para o bem ou para o mal, será sempre MEU jogador. Ponto final.
Em suma, um belíssimo "treino", contra um bem orientado União, que com uma equipa também de segundas linhas conseguiu criar-nos mais dificuldades do que mais de metade das equipas do nosso campeonato.


Não sou grande apreciador dos prémios de "Melhor Jogador" num desporto que conta com 3 sectores distintos e com 11 jogadores em campo. Será sempre muito subjectivo comparar-se Pelé, Maradona, Messi ou Ronaldo. Épocas diferentes, equipas diferentes, velocidades diferentes, competitividade diferente, carga de jogos completamente diferente... Mas todos eles, jogadores fabulosos. Sendo assim, e tentando entrar na lógica da "Bola de Ouro", Ronaldo mereceu a conquista do troféu. Avaliando um ano inteiro (falamos de 12 meses), foi ele quem revelou uma consistência maior, mesmo que mais apagado durante o mês e meio que durou o Mundial. Ronaldo é um monstro do nosso futebol, um super-atleta, que nunca se dá por satisfeito com o que já venceu. E é por aqui que destaco Ronaldo: a sua capacidade de trabalho. É daquele tipo de profissional que sempre lutou muito por tudo o que conquistou, procurando sempre melhorar cada milímetro da sua performance. Um verdadeiro profissional! Como não me comovo com patriotismos bacocos, nem sinta que deva nada ao rapaz, deixo-lhe aqui a homenagem de alguém que ama futebol. E amando futebol, não é honesto não se ver Ronaldo por este prisma.


Por cá, tivemos a cerimónia de Centenário duma instituição que, a mim, me diz pouco. Assim como pouco me dizem as votações de "Melhor Onze" dos novos, antigos, dos do meio, ou dos que ainda jogavam sem balizas. Convidado que foi o maior hipócrita do Futebol Mundial, Platini - o homem da "verdade desportiva" que vestiu a camisola da Juventus, comprovadamente (percebem a diferença?) corrupta e punida por isso, num dos campeonatos mais assolados por jogos de bastidores de toda a Europa, ao serviço da qual nos "roubou" de forma bastante clara e vergonhosa uma Taças das Taças - fico com uma sensação de alívio por não ver premiados ou reconhecidos o Presidente mais titulado da História do Futebol Mundial - Pinto da Costa - , juntamente com um rosto importante e emblemático do nosso F.C.Porto, como foi Pedroto. Estes senhores estão muito acima de qualquer Federaçãozeca dum país alinhado pelo diapasão da 2ª Circular. Estão acima de joguinhos de bastidores, de centralismos, de encolhimento perante os poderes instalados. São nossos, muito nossos, um motivo de orgulho, regozijo e os obreiros de 35 anos de inequívoca superioridade. Se hoje em dia o F.C.Porto é o clube português que mais vezes esteve nas bocas dos amantes de futebol por esse Mundo fora -  porque ir a finais e não as ganhar está fora do nosso ADN -  é a si próprio que o deve. Nunca precisámos de Federações, Jornais, Paineleiros, Comentadores de jogos para chegar onde chegámos... Não é agora que deles vamos necessitar.

E pegando neste ultimo parágrafo, aproveito para dizer que é isto que me faz ter um orgulho imenso, inquebrável em ser portista. Esta sensação de ter trabalhado no duro para ter tudo aquilo que tenho. Esta sensação de ter sempre conquistado tudo, sem precisar do reconhecimento de outros. Esta sede de vitória que só se aguça face à discrepância de tratamento de que somos alvo, mesmo dentro de portas. Esta máquina poderosa, temível e bem oleada que soube colocar o F.C.Porto, a cidade do Porto e, vá, um país que sempre nos desprezou, no topo da Europa e do Mundo. 

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

F.C.Porto vs Belenenses


Há jogos assim, em que saímos com os 3 pontos, uma vitória clara por números esclarecedores, mas não saímos do Estádio refastelados como quando vimos duma festa de casamento dum qualquer amigo ou primo afastado, em que tentamos enfardar praticamente tudo o que põem na mesa, mais metade da mesa de queijos e de sobremesas.

Será defeito nosso? Demasiada exigência? Neste caso concreto, não acho. Fizemos uns bons 25 minutos iniciais, mas depois entregámo-nos a um marasmo colectivo - em grande parte motivado pela inoperância, a roçar a "falta de comparência" do nosso adversário - que parece ser imagem de marca nestes jogos em casa, nas noites geladas do Porto, salvando-se um ou outro lampejo de futebol que geralmente é suficiente para embrulhar os 3 pontos.

Contra um rival tão tenro, tão psicologicamente abalado e tão retraído em campo, poderíamos ter feito um pouquinho mais. Compreendo que, também nestes jogos, é necessário ir gerindo o esforço (de forma equilibrada, obviamente), até porque os próximos dois meses são longos, e a margem de manobra quase inexistente. Mas ficou a ideia de, mais uma vez, ter sido possível um resultado "à antiga" apenas com mais alguma vontade e concentração.

Não aconteceu, "ficámo-nos" por um 3-0, sólido e sem margem para dúvidas, mas que merecia mais "sal".

Nota para um sempre agradável "warm-up" para o jogo, na companhia do Jorge Vassalo (do Porto Universal), do Nuno (seu companheiro de luta) e da agradável conversa mantida com o Sr. Vila Pouca (ilustre autor do Dragão Até á Morte). Mais uma vez, umas pintalgadas de portismo "saudavelmente doente", partilhado por 4 dos 20 e tal milhares que ousaram enfrentar nova noite gelada da nossa magnífica cidade do Porto.


(+) Positivo

Óliver - Embora um bocadinho abaixo do que fez no jogo em Barcelos, uma vez mais o maestro da equipa. Dá linhas de passe, pressiona alto e de forma inteligente, é dos poucos que procura jogo interior e mostrou de forma cabal - com o pé mais fraco - como marcar golos na zona frontal, à entrada da grande área, até não é dificil, nem precisa de grandes floreados. Percebi que tivesse saído, por causa do amarelo, mas estava a ser o melhor em campo até ser substituído. 

Jackson - Por vezes leio que "parece uma ilha" no meio da defensiva adversária. Talvez um continente inteiro... Recebe, temporiza, impõe o físico e solta num colega. Repitam isto por dezenas de vezes, em dezenas de locais diferentes do campo. É "só" o que Jackson nos dá durante o jogo. Ah, e golos. Muitos.

Quaresma - Retire-se da equação os cantos e os livres - que não entendo como lhe continuam a ser entregues - e tivemos uma boa exibição de Quaresma. Penso que já percebeu que a sua dimensão física está a decair, e então opta por um jogo mais paciente e de apoios. Combinou bem com Danilo ou Angel, e penso que não mereceu ter saído antes de Tello. Quiçá para proteger pernas e pulmões? De qualquer forma, perfeitamente evitável o habitual teatro na altura da saída. Compreendo a frustração mas... É muuuuuito irritante ter um jogador a fazer sempre a mesma cena.

Angel - Poderá não ter a técnica ou a velocidade de Alex Sandro, mas tem um posicionamento muito mais seguro e acompanhou bem Tello ou Quaresma quando solicitado. Gostei da sua exibição, e deixa-me descansado quanto à possibilidade de Alex Sandro ficar de fora num ou noutro jogo. Temos um substituto que não destoa, no lado esquerdo da defesa (onde ja tivemos Lucas Mareques e Benitez's...).

(-) Negativo

Tello - Esteve em campo? Não me recordo de o ver.  

Maicon - Num jogo sem praticamente trabalho para o sector defensivo, tentou borrar a pintura numa das suas paragens cerebrais: uma tentativa de passe de calcanhar numa zona arriscada. Se o objectivo é continuar a adiar o seu "eterno" aparecimento como um central fiável, penso que vai sendo conseguido. Continuo a preferir ter lá Marcano...

Herrera - Uma assistência para golo e muitas tentativas de tentar penetrar na zona entre central e lateral do adversário durante 25 minutos. Uma amálgama de péssimas recepções de bola, de passes horríveis, de má condução de bola, e de mau posicionamento durante o resto de jogo. Em "dia não", Herrera faz ainda pior tudo aquilo em que já não é um craque.  

Fabiano - Teve de fazer duas defesas durante todo o jogo, já os jogadores pensavam no duche de água quente final e, na segunda, conseguiu colocar um remate ridiculamente fácil de segurar nos pés dum avançado belenense que só por manifesta tosquice (e por um corte impossível de Maicon) não se transformou num golo. Não é guarda-redes para uma equipa grande, lamento. Por momentos revi o remate do Talisca e a recarga de Lima... Volta rápido Hélton!  

Cruzamentos para o joelho do defesa central que está no primeiro poste - Alguém se deu ao trabalho de contar a quantidade absurda de cruzamentos que fizemos? Sabem quantos chegaram a alguém da nossa equipa? Dois. Quantos cruzamentos mal feitos? Quantas vezes só com Jackson na área? Quantos cruzamentos bons consegue Danilo fazer? E Tello? Caramba, até Herrera cruza melhor... E sempre, sempre, sempre (SEMPRE CARALHO!) feitos para o 1º poste, a meia altura. Esses até o Abdoulaye cortava pessoal... Aliás, para ver como estamos em termos de qualidade de cruzamentos, basta ver aquele exercício que fazemos no aquecimento para o jogo e acho que fica tudo dito.

Reacções Estúpidas sempre que Adrián entra - O acéfalo e intolerante público que ironiza, ostraciza, goza com Adrián é o mesmo que tolera as agressões técnicas e tácticas de Herrera, os maus comportamentos de Quaresma, a sonolência de Alex Sandro, as paregens cerebrais de Maicon. O mesmo público que em tempos tolerava e até sentia carinho pela exasperante inoperência de Mariano. Os mesmos que sonham com o regresso dum traidor de primeira água como aquele ruivinho que treina o Zénit. Portanto, nada de novo... Mas irrita, oh se irrita. Muito! Uma falta de respeito sem perdão possível, quase a roçar a xenofobia. Eu chamo-lhes "Estúpidos de Merda", assim, com todas as letras. Temos muitos no Dragão.

Continua a perseguição ao líder (quanto custa ter de dizer isto...), sem margem para adormecimentos. Não me importava que todos os jogos fossem assim até ao final da época, amorfos, gelados, mas com sempre com vitórias inequívocas.

Segue-se a Taça da Liga, espero que com muito juventude em campo! E com Adrián!

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Óliver



Sempre gostei futebol. Obviamente que não posso dizer que foi desde que nasci, duvido que aos 5 anos fosse capaz de me deleitar com o posicionamento e a elegância do Aloisio, ou com a capacidade técnica maravilhosa de Timofte. Mas fui aprendendo a "ver" futebol, com a companhia sempre tranquila do meu avô - que não dispensa um bom jogo, seja de que campeonato for. Só dois doentes (pelo Porto e.... por Futebol), teriam saído de casa naquela chuvosa noite de 4ª feira para ir ver um Porto - Juventude de Évora para a Taça, por exemplo. Mas também só aquelas centenas (a sério, juro que dava para contar a olho quantos estavam no Estádio) de pessoas que lá foram puderam assistir a algo inédito: 7 golos de Jardel em 45 minutos, sendo um dos golos "de letra". 

Não me considero um profundo conhecedor do futebol. Não sei o percurso futebolístico de todos os jogadores da 2ª Divisão italiana de futebol. Sou um fã do Man United e do Dortmund, mas não vejo todos os jogos. Gosto de pesquisa e ler mais sobre a parte táctica do jogo (mas aqui, o v.a.s.c.o. bate-me aos pontos... mesmo... aos pontos), perceber como funcionam, ou deveriam funcionar, as dinâmicas colectivas, e retiro algumas coisas da minha prática de andebol, para perceber melhor o desempenho individual de alguns jogadores.

Consigo perceber que, em cada 10 vezes Quaresma ou Tello preferirão partir para cima de 2 defesas do que colocar num colega, ao lado, isolado, com letreiros fluorescentes, a gritar pela bola. Também consigo perceber que Jackson é um jogador fantástico, mas que em termos de finalização não será dos mais eficazes que temos tido. Que Danilo é um jogador em clara subida de rendimento, possuindo neste momento qualidades que o podem tornar num dos melhores laterais direitos do Mundo, saiba manter a consistência que tem vindo a evidenciar. Que Martins Indi deixou muito boa gente corada de vergonha (até mesmo Maicon, porra!), porque na realidade se tem assumido como um verdadeiro patrão da nossa defesa. Que Rúben Neves e Campaña são melhores a dormir e coxos do que Casemiro alguma vez será na posição 6. Que Brahimi é um jogador intelegentíssimo, um portento de técnica, mas que precisa ainda de crescer um bocado na vertente mental e na consistência exibicional. Que Quintero é um craque com a bola nos pés, e medíocre quando está sem ela (para já... calma). Que Aboubakar nunca na vida tem 19 anos. 

Depois, há Óliver Torres.

Óliver. Um "miúdo". Um colosso. Um craque.

Tenho vindo a incluí-lo nos (+) das minhas crónicas de jogo de forma quase contínua, e tal não acontece só porque sim. Sou um admirador confesso deste rapaz, desde que o vi pela primeira vez com atenção nos jogos com o Lille, e o tempo tem-nos trazido um jogador cada vez mais maduro, cada vez melhor, cada vez mais preponderante em quase todas as fases do jogo da nossa equipa. 

É uma delícia poder ter um jogador deste calibre a pisar os relvados deste "pobre" campeonato português. De cada vez que o vejo rodar sobre o adversário com uma simplicidade desarmante, ou quando ou vejo a conduzir a bola com uma elegância estonteante, esperando que algum adversário lhe saia ao caminho para soltar SEMPRE e de forma perfeita num colega melhor posicionado, fico deslumbrado. Quando o vejo pressionar no timing perfeito o portador da bola, ou a compensar os desposicionamentos dos colegas de sector (e são tantos...), ou quando o vejo batalhar ferozmente com adversários que têm o dobro do tamanho, fico maravilhado. Quando o sei capaz de produzir momentos como o do seu golo no passado jogo, fico estarrecido. Um jogador que tem o condão de nos fazer lembrar Deco, Moutinho, Lucho e Alenichev (só para falar de jogadores da casa e mais recentes, porque também poderia falar em Iniesta, Modric,...), possuindo uns tenrinhos 19 anos, dispensa que tente "inventar" mais adjectivos para o definir. Não há!

Óliver é já um enorme jogador de futebol e, melhor ainda, parece ter características mentais excelentes. Faça boas escolhas de carreira (por favor, não olhes para o exemplo do Falcão meu caro Óliver) e tem tudo para ter o Mundo a seus pés! Vestisse ele uma camisola encarnada ou verde-e-branca, e já teria Portugal a seus pés. Pelo menos, terá o mundo portista a suspirar por ele (aquele que sabe distinguir entre um JOGADOR destes, e um jogador com boas qualidades como Quaresma).

Sejamos honestos, os "tubarões" da Europa não andam a dormir, e não é "só" pelos 24M€ da sua cláusula que dificilmente o veremos por cá daqui a uns bons meses. Uma pena... Mas uma honra poder tê-lo connosco nesta época.

Ah, agradeçam a Lopetegui que o tenha ido buscar, mesmo que por empréstimo. É que Quintero, o tal que era muito melhor do que Óliver, não lhe chega (ainda... decerto chegará), aos calcanhares.


P.S.: gostava mesmo muito de saber que médios possui Simeone no seu Atletí que se possam sequer comparar a Óliver. Ainda bem para nós que, para Simeone, o futebol ainda é ter 11 gajos atrás da linha da bola, a acertar de sola em tudo o que mexe.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Gil Vicente vs Porto

Já passaram muitos dias do jogo mas não tem sido fácil escrever a crónica quando computadores cometem suicídio e pulsos incham sem razão lógica. Foi um jogo que não se avizinhava fácil e que nós tornámos num festival de golos bonitos. É verdade que até o Jander decidir que era tempo de ver o segundo amarelo, o jogo estava algo empenado. Mas dada a "estratégia" da equipa de José Mota, e por estratégia entenda-se "bater em tudo o que mexa e bola na frente à espera de uma ajuda divina", era de esperar que mais tarde ou mais cedo a qualidade da equipa de Lopetegui acabasse por se impor em Barcelos. Casemiro que até ao estouro de fora da área estava a realizar uma exibição cinzenta, pegou na bola e "cá vai disto". Um grande golo que abria caminho para uma noite tranquila. Na segunda-parte houve tanto Porto que poderíamos estar aqui a falar de um resultado histórico. Tantas oportunidades e tanto domínio acabaram por ficar bem expressivos nos números finais. 1-5, mais uma vitória com grandes golos e futebol bonito praticado numa noite gélida. 3 pontos preciosos numa altura em que convém mostrar ao Benfica que estamos prontos e que não vamos desarmar. 

(+) Positivo

Óliver - Pequeno maestro. Tem tanto futebol nos pés, cabeça, costas, ombros, joelhos... que até faz confusão. Num meio campo sem grande mobilidade é SEMPRE este anãozinho que procura criar linhas de passe. Aquela finalização com a bola picadinha por cima do Adriano, hmmm, repleta de classe, Podemos já ficar com ele please? 

Jackson - Que bestinha. Marca golos com pé esquerdo, pé direito, cabeça e ainda tem aquele toque de bola delicioso. Quando a equipa está a dominar como dominou neste jogo, Jackson brilha ainda mais. Mais um grande jogo e aquele quinto golo... Meu Deus!

Quaresma - Entrou bem e começa a dar razão a Lopetegui porque rende muuuuito mais quando entra na segunda parte frequinho pronto para dar cabo dos rins dos laterais adversários. 

Lopetegui - Mandar aquecer Quaresma ainda na primeira parte foi um claro sinal para quem não estava a render em campo. Gostei. 

(-) Negativo

Casemiro - Demasiado lento. Com bola, sem ela, Tarda em acordar quando a equipa está a ser pressionada. 

Tello - Muita correria e pouco discernimento. Será que voltando ao lado esquerdo (com Brahimi na CAN) vai voltar a brilhar? 

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Uma vez por ano, os sócios voltam a ter importância


No primeiro dia do ano, como vai sendo tradição, mais uma gigantesca demonstração de grandeza, de portismo, no palco dos nossos sonhos. Impressionante como esta data consegue ter esta capacidade de mobilizar as tropas com tanta força, dando azo a imagens tão fabulosas como a de cima.

Pegando nesta temática, talvez dum ponto de vista diferente, aproveito para questionar: porque raios isto não acontece mais vezes? 

Quando era pequeno, recordo-me de ir aos Sábados de manhã para o pavilhão nº 2 do nosso Complexo Desportivo das Antas para os treinos de andebol, e da felicidade que sentia quando havia treinos de futebol no relvado adjacente. Admirávamos as "bombas" de alguns dos jogadores, podíamos senti-los ali, de carne e osso, ao nosso lado. Sempre munidos dos nossos "posters", postais, blocos de notas e esferográficas, pairava no ar aquele nervoso miudinho crescente quando os artistas subiam a rampa, em direcção aos carros, e disponibilizavam uns segunditos do seu tempo a rabiscar o seu nome ou a trocar umas palavras de circunstância com quem se cruzava no caminho, num clima de confraternização perfeitamente natural e familiar. 

Ao fim e ao cabo -  estou farto de dizê-lo -  amar um clube como amamos o nosso, é um sentimento que só faz sentido se puder ser partilhado com outros que o amem de igual forma, e com todos aqueles que fazem do clube aquilo que ele é. Decerto muitos se recordarão desses tempos, em que era habitual conviver com os craques bem de perto, em que os sócios/adeptos eram colocados num patamar de importância bem elevado, e que marcou bem uma era em que o clube realmente funcionava como uma familia.

A partir de certa altura, tudo se alterou. Os treinos à porta fechada passaram a ser regra e não a excepção. Os craques estão lá ao longe, fora da cidade que agora renasce e se reabre aos olhos do Mundo, longe dos olhares curiosos e apaixonados dos que devotam uma vida a idolatrar todos os que têm a honra de vestir a nossa camisola e carregar o nosso símbolo ao peito. O clube está distante dos sócios e adeptos, transformado numa máquina de marketing, de números, de cláusulas, de percentagens, de negócio, cada vez mais afastado daqueles que são a verdadeira (e única, acreditem) força viva da instituição. 

Tenho lido por aí críticas à política de preços de bilheteira, à fraca utilização do Porto Canal como um mecanismo de aproximação aos sócios e adeptos, ao silêncio ensurdecedor da Direcção face à evidente inclinação dos relvados durante esta primeira parte da época, à política financeira da SAD, mas parece-me que é em coisas tão simples como a não abertura de mais alguns treinos ao público durante a época que se vê como os tempos mudaram no que diz respeito ao papel que quem gere os destinos do clube pensa que os sócios/adeptos podem ter. 

Está tudo super feliz porque tivemos 23.000 pessoas no 1º treino do ano. Eu sinto orgulho em poder ter tanta gente a marcar presença, principalmente num dia marcante como o 1º de Janeiro. Rejubilo pela mensagem de confiança passada pelo público a jogadores e equipa técnica. 

Revolta-me muito saber que tal se voltará a repetir apenas em Janeiro de 2016.

Uma vez no ano, o clube lá dá um pouco de importância àqueles que, independentemente de quem dirige, treina ou joga, estarão sempre aqui a defender as nossas cores.


Video realizado por um drone durante o treino