terça-feira, 13 de janeiro de 2015

F.C.Porto vs Belenenses


Há jogos assim, em que saímos com os 3 pontos, uma vitória clara por números esclarecedores, mas não saímos do Estádio refastelados como quando vimos duma festa de casamento dum qualquer amigo ou primo afastado, em que tentamos enfardar praticamente tudo o que põem na mesa, mais metade da mesa de queijos e de sobremesas.

Será defeito nosso? Demasiada exigência? Neste caso concreto, não acho. Fizemos uns bons 25 minutos iniciais, mas depois entregámo-nos a um marasmo colectivo - em grande parte motivado pela inoperância, a roçar a "falta de comparência" do nosso adversário - que parece ser imagem de marca nestes jogos em casa, nas noites geladas do Porto, salvando-se um ou outro lampejo de futebol que geralmente é suficiente para embrulhar os 3 pontos.

Contra um rival tão tenro, tão psicologicamente abalado e tão retraído em campo, poderíamos ter feito um pouquinho mais. Compreendo que, também nestes jogos, é necessário ir gerindo o esforço (de forma equilibrada, obviamente), até porque os próximos dois meses são longos, e a margem de manobra quase inexistente. Mas ficou a ideia de, mais uma vez, ter sido possível um resultado "à antiga" apenas com mais alguma vontade e concentração.

Não aconteceu, "ficámo-nos" por um 3-0, sólido e sem margem para dúvidas, mas que merecia mais "sal".

Nota para um sempre agradável "warm-up" para o jogo, na companhia do Jorge Vassalo (do Porto Universal), do Nuno (seu companheiro de luta) e da agradável conversa mantida com o Sr. Vila Pouca (ilustre autor do Dragão Até á Morte). Mais uma vez, umas pintalgadas de portismo "saudavelmente doente", partilhado por 4 dos 20 e tal milhares que ousaram enfrentar nova noite gelada da nossa magnífica cidade do Porto.


(+) Positivo

Óliver - Embora um bocadinho abaixo do que fez no jogo em Barcelos, uma vez mais o maestro da equipa. Dá linhas de passe, pressiona alto e de forma inteligente, é dos poucos que procura jogo interior e mostrou de forma cabal - com o pé mais fraco - como marcar golos na zona frontal, à entrada da grande área, até não é dificil, nem precisa de grandes floreados. Percebi que tivesse saído, por causa do amarelo, mas estava a ser o melhor em campo até ser substituído. 

Jackson - Por vezes leio que "parece uma ilha" no meio da defensiva adversária. Talvez um continente inteiro... Recebe, temporiza, impõe o físico e solta num colega. Repitam isto por dezenas de vezes, em dezenas de locais diferentes do campo. É "só" o que Jackson nos dá durante o jogo. Ah, e golos. Muitos.

Quaresma - Retire-se da equação os cantos e os livres - que não entendo como lhe continuam a ser entregues - e tivemos uma boa exibição de Quaresma. Penso que já percebeu que a sua dimensão física está a decair, e então opta por um jogo mais paciente e de apoios. Combinou bem com Danilo ou Angel, e penso que não mereceu ter saído antes de Tello. Quiçá para proteger pernas e pulmões? De qualquer forma, perfeitamente evitável o habitual teatro na altura da saída. Compreendo a frustração mas... É muuuuuito irritante ter um jogador a fazer sempre a mesma cena.

Angel - Poderá não ter a técnica ou a velocidade de Alex Sandro, mas tem um posicionamento muito mais seguro e acompanhou bem Tello ou Quaresma quando solicitado. Gostei da sua exibição, e deixa-me descansado quanto à possibilidade de Alex Sandro ficar de fora num ou noutro jogo. Temos um substituto que não destoa, no lado esquerdo da defesa (onde ja tivemos Lucas Mareques e Benitez's...).

(-) Negativo

Tello - Esteve em campo? Não me recordo de o ver.  

Maicon - Num jogo sem praticamente trabalho para o sector defensivo, tentou borrar a pintura numa das suas paragens cerebrais: uma tentativa de passe de calcanhar numa zona arriscada. Se o objectivo é continuar a adiar o seu "eterno" aparecimento como um central fiável, penso que vai sendo conseguido. Continuo a preferir ter lá Marcano...

Herrera - Uma assistência para golo e muitas tentativas de tentar penetrar na zona entre central e lateral do adversário durante 25 minutos. Uma amálgama de péssimas recepções de bola, de passes horríveis, de má condução de bola, e de mau posicionamento durante o resto de jogo. Em "dia não", Herrera faz ainda pior tudo aquilo em que já não é um craque.  

Fabiano - Teve de fazer duas defesas durante todo o jogo, já os jogadores pensavam no duche de água quente final e, na segunda, conseguiu colocar um remate ridiculamente fácil de segurar nos pés dum avançado belenense que só por manifesta tosquice (e por um corte impossível de Maicon) não se transformou num golo. Não é guarda-redes para uma equipa grande, lamento. Por momentos revi o remate do Talisca e a recarga de Lima... Volta rápido Hélton!  

Cruzamentos para o joelho do defesa central que está no primeiro poste - Alguém se deu ao trabalho de contar a quantidade absurda de cruzamentos que fizemos? Sabem quantos chegaram a alguém da nossa equipa? Dois. Quantos cruzamentos mal feitos? Quantas vezes só com Jackson na área? Quantos cruzamentos bons consegue Danilo fazer? E Tello? Caramba, até Herrera cruza melhor... E sempre, sempre, sempre (SEMPRE CARALHO!) feitos para o 1º poste, a meia altura. Esses até o Abdoulaye cortava pessoal... Aliás, para ver como estamos em termos de qualidade de cruzamentos, basta ver aquele exercício que fazemos no aquecimento para o jogo e acho que fica tudo dito.

Reacções Estúpidas sempre que Adrián entra - O acéfalo e intolerante público que ironiza, ostraciza, goza com Adrián é o mesmo que tolera as agressões técnicas e tácticas de Herrera, os maus comportamentos de Quaresma, a sonolência de Alex Sandro, as paregens cerebrais de Maicon. O mesmo público que em tempos tolerava e até sentia carinho pela exasperante inoperência de Mariano. Os mesmos que sonham com o regresso dum traidor de primeira água como aquele ruivinho que treina o Zénit. Portanto, nada de novo... Mas irrita, oh se irrita. Muito! Uma falta de respeito sem perdão possível, quase a roçar a xenofobia. Eu chamo-lhes "Estúpidos de Merda", assim, com todas as letras. Temos muitos no Dragão.

Continua a perseguição ao líder (quanto custa ter de dizer isto...), sem margem para adormecimentos. Não me importava que todos os jogos fossem assim até ao final da época, amorfos, gelados, mas com sempre com vitórias inequívocas.

Segue-se a Taça da Liga, espero que com muito juventude em campo! E com Adrián!

1 comentário:


  1. @ Z

    folgo em saber que vimos o mesmo jogo. e, por inerência, que não fui o único maluquinho e/ou tipo armado em inteligente e/ou luminária a ter a exacta percepção do que tu brilhantemente retrataste ali em cima.

    abr@ço
    Miguel | Tomo II

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