sábado, 17 de janeiro de 2015

F.C.Porto vs União da Madeira - e umas notas soltas...


Jogo "mexido" aquele a que tivemos oportunidade de assistir na passada 3ª feira no Dragão. Houve várias coisas boas, que ganham relevo numa competição completamente desacreditada como esta Taça da Liga, e que vão servindo para dar alguma "rodagem" e testar alternativas. Em primeiro lugar terei de destacar Hélton e, ao contrário do que o sábio MST afirma na sua "Nortada" semanal, senti uma fluidez de circulação, uma segurança e velocidade nas reposições, uma liderança serena mas sólida em campo que me leva a pedir por mais; Fabiano a 100% não me consegue transmitir a mesma segurança que Hélton transmite, mesmo a 80%. E isso é dizer muito...
Foi igualmente bom ver jogar um central que consegue subir no terreno com a bola junto ao pé, sem tentativas constantes de passes de 60 metros, que raramente chegam ao destinatário. Reyes é, indiscutivelmente, o central com mais técnica do nosso plantel, e é uma pena que revele tanta inconsistência a nível mental (que é condição essencial para um jogador duma equipa de topo dar "o salto"). 
Campaña transmite boas sensações, principalmente em jogos destes, em que a posse de bola nos vai pertencer durante 70% do tempo. Ele e Rúben Neves (saúdo também o seu regresso) são jogadores muito inteligentes, muito bons em termos de posicionamento, e que tratam a bola com uma qualidade bastante acima de Casemiro ou Herrera.  Repito o que já antes tinha dito aqui, na posição 6, Rúben Neves e Campaña (por esta ordem) são muito melhores do que Casemiro alguma vez será. Está-lhes no "sangue".
Quintero volta a marcar pontos na manobra ofensiva, com duas deliciosas assistências para Ivo Rodrigues e um belo golo, mesmo jogando numa posição em que muitos insistem não ser a "sua". James, que tem jogado centro numa zona mais central do terreno, brilhou no Porto a jogar na ala, com os seus venenosos movimentos interiores. É uma questão de vontade. E de trabalho sem bola. Aí, Quintero tem de evoluir. Muito! 
Ivo foi uma boa surpresa, e deixa alguma "água na boca" para o futuro. Gosto de o ver na equipa B, e espero vê-lo mais vezes entre os "grandes" num futuro próximo. 
Ricardo não esteve tão bem como nos tem acostumado, e Ángel continua a marcar pontos do lado esquerdo da defesa. Em termos de posicionamento e concentração, bate Alex Sandro aos pontos.
Adrián, por outro lado, tarda em conseguir encontrar-se no nosso sistema de jogo. Nota-se que é inteligente na forma como conduz, fixa defesas e solta nos colegas, deixando-os muita vezes em superioridade numérica. Movimenta-se bem sem bola mas depois de 20 minutos em que pareceu mostrar estes dotes com alguma confiança, eclipsou-se por completo. e a vida começa a ficar difícil. Nem como 9, nem na ala... Lopetegui terá de rever a sua aposta em Adrián. De qualquer forma, para o bem ou para o mal, será sempre MEU jogador. Ponto final.
Em suma, um belíssimo "treino", contra um bem orientado União, que com uma equipa também de segundas linhas conseguiu criar-nos mais dificuldades do que mais de metade das equipas do nosso campeonato.


Não sou grande apreciador dos prémios de "Melhor Jogador" num desporto que conta com 3 sectores distintos e com 11 jogadores em campo. Será sempre muito subjectivo comparar-se Pelé, Maradona, Messi ou Ronaldo. Épocas diferentes, equipas diferentes, velocidades diferentes, competitividade diferente, carga de jogos completamente diferente... Mas todos eles, jogadores fabulosos. Sendo assim, e tentando entrar na lógica da "Bola de Ouro", Ronaldo mereceu a conquista do troféu. Avaliando um ano inteiro (falamos de 12 meses), foi ele quem revelou uma consistência maior, mesmo que mais apagado durante o mês e meio que durou o Mundial. Ronaldo é um monstro do nosso futebol, um super-atleta, que nunca se dá por satisfeito com o que já venceu. E é por aqui que destaco Ronaldo: a sua capacidade de trabalho. É daquele tipo de profissional que sempre lutou muito por tudo o que conquistou, procurando sempre melhorar cada milímetro da sua performance. Um verdadeiro profissional! Como não me comovo com patriotismos bacocos, nem sinta que deva nada ao rapaz, deixo-lhe aqui a homenagem de alguém que ama futebol. E amando futebol, não é honesto não se ver Ronaldo por este prisma.


Por cá, tivemos a cerimónia de Centenário duma instituição que, a mim, me diz pouco. Assim como pouco me dizem as votações de "Melhor Onze" dos novos, antigos, dos do meio, ou dos que ainda jogavam sem balizas. Convidado que foi o maior hipócrita do Futebol Mundial, Platini - o homem da "verdade desportiva" que vestiu a camisola da Juventus, comprovadamente (percebem a diferença?) corrupta e punida por isso, num dos campeonatos mais assolados por jogos de bastidores de toda a Europa, ao serviço da qual nos "roubou" de forma bastante clara e vergonhosa uma Taças das Taças - fico com uma sensação de alívio por não ver premiados ou reconhecidos o Presidente mais titulado da História do Futebol Mundial - Pinto da Costa - , juntamente com um rosto importante e emblemático do nosso F.C.Porto, como foi Pedroto. Estes senhores estão muito acima de qualquer Federaçãozeca dum país alinhado pelo diapasão da 2ª Circular. Estão acima de joguinhos de bastidores, de centralismos, de encolhimento perante os poderes instalados. São nossos, muito nossos, um motivo de orgulho, regozijo e os obreiros de 35 anos de inequívoca superioridade. Se hoje em dia o F.C.Porto é o clube português que mais vezes esteve nas bocas dos amantes de futebol por esse Mundo fora -  porque ir a finais e não as ganhar está fora do nosso ADN -  é a si próprio que o deve. Nunca precisámos de Federações, Jornais, Paineleiros, Comentadores de jogos para chegar onde chegámos... Não é agora que deles vamos necessitar.

E pegando neste ultimo parágrafo, aproveito para dizer que é isto que me faz ter um orgulho imenso, inquebrável em ser portista. Esta sensação de ter trabalhado no duro para ter tudo aquilo que tenho. Esta sensação de ter sempre conquistado tudo, sem precisar do reconhecimento de outros. Esta sede de vitória que só se aguça face à discrepância de tratamento de que somos alvo, mesmo dentro de portas. Esta máquina poderosa, temível e bem oleada que soube colocar o F.C.Porto, a cidade do Porto e, vá, um país que sempre nos desprezou, no topo da Europa e do Mundo. 

2 comentários:

  1. @ Z

    o jogo não vi, portanto não opino.

    do CRtriste nunca lhe perdoarei os festejos e as declarações pós-jogo quando ainda estava em Manchester. tenho memória e não esqueço, por muito que goste de Futebol.

    da tua opinião sobre a gala, se disser 'bravo! brilhante! fantástica!' soará sempre a pouco.

    abr@ço
    Miguel | Tomo II

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    1. Caro Miguel,

      Obrigado pelas tuas palavras! E pela visita, claro.

      Forte abraço

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