sábado, 28 de março de 2015

Choupana e Bayern

Nacional vs Porto - fim dum ciclo diabólico


Começando pelo fim-de-semana passado (e que longe que já vai...), falemos um pouco do jogo na Choupana. Começando pelo óbvio: perdemos uma oportunidade de ouro para "colar" a 1 ponto do Benfica e de os colocar sob uma pressão enorme, numa altura em que o fraco futebol praticado pelos nossos adversários (especialmente em jogos fora) começa a dar sinais de se poder transformar em resultados negativos. Essencialmente, perdeu-se essa boa oportunidade, no final dum ciclo absolutamente infernal de jogos, sempre com a pressão de ter de ganhar bem presente. 

Desde a última derrota da equipa (num total de 3 nesta época, em 41 jogos oficiais), curiosamente também na Madeira, encetámos um total de 11 jogos (2 para a Chapions), com 9 vitórias e 2 empates (Basileia e Choupana), 25 golos marcados e 3 golos sofridos. Este período coincidiu com uma fase de melhoria extraordinária em termos de consolidação do modelo de jogo, de consistência exibicional, de produção ofensiva e desempenho defensivo. Tudo isto alcançado num período de sensivelmente dois meses. 

Por aqui, poderá começar a explicação para algumas das dificuldades sentidas na Choupana: a questão física. Pelo que leio por essa bluegosfera, carregada de "experts" da preparação física, táctica, financeira, etc., "não se compreende como há jogadores cansados nesta altura". Ora, numa época preparado em micro-ciclos de treino e competição, depois de um período de 11 jogos em 2 meses, muitas vezes sem tempo para grandes treinos entre cada jogo, é perfeitamente natural que tenha havido uma quebra física nos 2/3 últimos jogos (especialmente de unidades como Herrera, Casemiro ou Alex Sandro), como será perfeitamente natural que após esta paragem na competição os jogadores regressem de novo com "pernas" e "pulmão". 

Porque para sermos justos, durante a 1ª parte do jogo na Choupana - enquanto todos tiveram pernas - nunca pareceu que o jogo nos escaparia. Estacionados no meio-campo ofensivo, secando qualquer tentativa de saída em transição do adversário (como qualquer equipa de Manuel Machado gosta de fazer), tivemos o controlo absoluto do jogo. Não criámos dezenas de oportunidades de perigo, é certo, mas estávamos na frente, com toda a justiça, e nada indicava que o Nacional pudesse reagir. 
Na 2ª parte houve a tal reacção da equipa da casa, e um conjunto de decisões de Lopetegui durante o jogo que, ao contrário de 90% das vezes, não pareceram surtir o efeito desejado. Especialmente, a saída de Casemiro, que nos retirou consistência ao meio-campo, deixando-nos mais desorganizados e expostos ao jogo mais veloz e agressivo do Nacional. Após o golo do empate, aí sim, sentiu-se que a equipa procurou a vitória sem pensar na melhor forma de a obter. Faltou alguma calma, mas também alguma sorte (2 bolas nos ferros é obra), e penso que o resultado final não traduz na perfeição o "filme" dos 90 minutos.

Um empate fora, na Choupana, é um mau resultado? Digamos que é um mal menor, dadas as circunstâncias. Devíamos ter aproveitado o mau resultado dos encarnados, devíamos conseguir chegar à Luz com maior equilíbrio pontual, devíamos ter conseguido gerir melhor a vantagem no jogo. Mas não haja dúvidas que, até final da temporada, mais pontos vão ser perdidos pelos 2 da frente. 

Percebe-se que é em alguns pormenores que se nota que a equipa ainda tem potencial por lapidar, como foi dito no post anterior, mas não se duvide que numa temporada que conta já com 41 jogos, um saldo de 31 vitórias, 3 derrotas e 7 empates, num total de 92 golos marcados e 22 sofridos, tem de ser vista como uma temporada muito positiva.

Após termos feito 8/9 jogos para o Campeonato com uma pressão incrível sobre o ombros, tendo que ganhar em campos tradicionalmente difíceis como Bessa e Braga, e contra adversários complicados como o Sporting e o Basileia, ainda há quem pense que a equipa não aguenta a pressão. A sério? Não aguenta? 

E também é sempre bom perceber que há coisas que não mudam. Num espaço de horas, a bipolaridade que reina em tantas cabeças portistas (pseudo adeptos dum clube e amantes de desporto) levou a que por essas caixas de comentários dos blogues de que todos gostamos fossem espalhados insultos, atestados de incompetência, e premonições de catástrofes de dimensões bíblicas. O normal portanto! Aliás, quando tal façanha parte logo de alguns escribas (muito conhecedores do futebol e muito "independentes" nas suas análises), está tudo dito. Assim como é também normal observar que a quantidade de comentários triplica após algum desaire.

Prossegue esta animada luta pela liderança, agora com uma diferença de 3 pontos entre Porto e Benfica. E com o clássico à vista... Isto está a aquecer!



Sorteio da Champions


Sejamos honestos: as nossas hipóteses de avançar para as meias-finais da Champions League são reduzidas. Penso que todos estamos de acordo quanto à valia do FC Bayern, em todos os aspectos possíveis de avaliar. O sorteio dificilmente poderia ter sido pior, até porque teremos de jogar a 2ª mão fora de casa. 

Eu, confesso, tinha pedido Bayern ou Barcelona, porque gosto deste tipo de desafio para nós. Penso, muito honestamente, que é bem mais fácil praparar a equipa para um jogo destes (em que grande parte da pressão está do lado do adversário), do que para uma eliminatória com um Mónaco, por exemplo. Como adepto do Porto mas, sobretudo, de bom futebol, estou bastante entusiasmado para ver-nos em acção contra uma das melhores equipas do Mundo, orientada por um dos treinadores que marcou a História do Futebol e por quem nutro uma profunda admiração, com jogadores de estrondosa qualidade em qualquer posição. Estou curioso para ver como vamos adaptar-nos a jogar contra uma "máquina" de futebol de posso como a dos bávaros. E, sinceramente, espero dois jogões de futebol! 

Dizia no início que as nossas hipóteses são reduzidas. Diria o mesmo de qualquer adversário do Bayern em qualquer competição. Mas não é impossível (no Desporto essa palavra não existe) derrotar os alemães! E muito embora saiba que será difícil, acredito nos rapazes! Vi o Bayern soçobrar em casa perante um bem organizado Moenchengladbach ou em casa dum agressivo Wolfsburg e acredito que é possível batê-los.

O meu avô, que nem é nada de antecipar resultados, nem de grandes "caganças" confidenciou-me ontem que acredita piamente que vamos conseguir chegar à final... Tentei fazê-lo prometer que dançará nú pelas ruas do Porto se tal acontecer, mas não tive sucesso. Uma pena, porque apesar dos seus 83 anos, o homem está numa forma física invejável... 

7 comentários:

  1. Epá subscrevo inteiramente tudo o que dizes, caro Z.

    Isto dito por um atleta é outra coisa.

    E obrigado por me incluíres nos blogues de referência! :)

    Abraçom,

    Jorge Vassalo | Porto Universal

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    1. Como já disse ao miguel: claro que o teu espaço tinha de figurar na nossa barra!

      Abraçom!

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  2. Mais uma bela crónica. E tal como o Vassalo, obrigado pela referência ao Pragmático QB.

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  3. Caro Rui, o que é de qualidade, tem de ser partilhado!

    Um abraço e obrigado pela visita

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  4. Uma análise factual e serena... para serenar os ânimos. A Choupana já está digerida. Aliás, o efeito mental teria sido diferente, se tivessemos jogado primeiro que a lampionagem.

    Parabéns pelo Blog e pela crónica.

    Abraço

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    1. Caro iur,

      Conhecendo-te já da bluegosfera (espero que não te importes por tratar-te por "tu"), agradeço imenso a tua visita ao nosso espaço. Podemos demorar eternidades a "fabricar" as crônicas, mas elas vão surgindo por aí :)

      Um abraço

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  5. P.S. Escrevi serenar os ânimos, quando deveria ter escrito serenar os desânimos.

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