segunda-feira, 6 de outubro de 2014

F.C.Porto vs S.C.Braga

Ao fim de 3 empates para o campeonato, uma vitória! At last! Suada, sofrida, não tão bem jogada como noutros jogos, mas uma vitória! 3 pontos!
Já tinha tido oportunidade de ver o Braga jogar, e lembro-me de ter pensado que Sérgio Conceição talvez ainda estivesse num processo de construção e descoberta das melhores peças (tal como vem acontecendo com Lopetegui) e que tem ali matéria prima para fazer coisas engraçadas. Foi por isso que não estranhei as dificuldades que os bracarenses nos impuseram e a forma como quiseram discutir o jogo no Dragão.

Meus caros, é óbvio que queremos sempre um F.C.Porto dominador, avassalador, triturador, rolo compressor e tudo o mais, mas vamos apanhar adversários com iguais ambições e com qualidade. Barcelonas, Chelseas, Madrids, Bayerns também apanham "sustos", felizmente não jogam sozinhos nas suas Ligas e, como tal, não estamos imunes a jogos difíceis como o de Domingo.


A primeira-parte evoluiu com as dificuldades (que se repetem...) na saída de bola, novo erro em zona perigosa que deu origem a que um passe lateral fosse desviado para a nossa baliza (um verdadeiro case study a capacidade que os nossos adversários têm de aproveitar o mais pequeno deslize, diga-se de passagem), e uma equipa a viver sobretudo dum flanco direito absolutamente demolidor (Danilo, Tello e Oliver.. Nossa!). Sendo certo que o meio-campo do Braga esteve muito bem a anular os movimentos de Oliver e Herrera (péssimo, péssimo jogo), não consigo concordar que se diga que o resultado ao intervalo era justo. Na verdade, embora não tenhamos carburado a todo o gás, também me parece que justificámos mais estar em vantagem, que só a barra, o GR contrário e algumas más decisões no último momento do processo ofensivo conseguiram impedir.

Lopetegui percebeu onde era necessário mexer, arriscou um meio-campo de tracção ofensiva, e até aos 70 minutos o domínio foi total. Quintero deu-nos uma fantástica capacidade de jogar por dentro do bloco adversário, soltando Tello, Brahimi, Jackson e Oliver, e mais uma vez só nos podemos queixar das más decisões em alturas fulcrais para que belíssimas jogadas não terminem em golo. Depois da vantagem, e de se perceber que Brahimi estava em dia "mais-ou-menos", o jogo pedia Evandro, pedia maior segurança em posse... Tal não aconteceu. Foi curiosamente com o trio que mais me entusiasma (Rúben-Oliver-Evandro) que o Braga começou a crescer, a ter muito espaço para pensar e definir jogadas, e a deixar-nos a todos num sufoco. Valeu a capacidade de luta para aguentar o aperto final do Braga. Ainda assim, fiquei sempre com a ideia que poderíamos ter aproveitado o imenso espaço que se criou no meio campo defensivo adversário para "matar" o jogo mais cedo.

(+) Positivo 


Jackson - Sim, coloquei-o aqui mesmo não havendo golos dele. O nosso capitão está aqui por aqueles 2 ou 3 carrinhos que fez em diferentes momentos do desafio. Quando o nosso capitão, que por acaso é o avançado, vem atrás dar o exemplo daquela forma, a equipa reage. Ser líder também é isto. Mas também contaram aquelas recepções "impossíveis", a forma como aguenta a bola usando o físico e as tentativas de abrir vias para a baliza. 

Quintero - Se em Lviv fez uma entrada em campo fabulosa (como o v.a.s.c.o. bem escreveu), neste jogo foi o MVP. Entrou, percebeu o que tinha de fazer, que terrenos pisar e quem solicitar. Esteve solto, deixou-se de toques inconsequentes, rasgou meio campo e defensiva arsenalista e marcou um golo. Falta algum trabalho de posicionamento defensivo e, sobretudo, de capacidade de recuperar bola - ou pelo menos, de dificultar um bocadito a vida a quem a tem e não veste uma camisola azul e branca. Será desta Quintero?

Danilo - Um jogador à Porto! Quilómetros e quilómetros de luta e bem jogar. Subiu quando sentia ser a melhor altura (e foi, quase sempre), combinou de forma diabólica com Tello, ainda teve tempo para retirar do jogo quem caiu do seu lado. E chegou ao fim do jogo sem estar agarrado aos joelhos. 

Indi - Já merecia um golo este rapaz. Compensa as deficiências no jogo aéreo com um posicionamento impecável. Joga simples (porque sabe que não é nenhum Cannavaro), e anda constantemente atento às (demasiadas) perdas de posicionamento de Alex Sandro. Alguém se tem lembrado de Mangala?

Lopetegui a ler o jogo - Mister, tem sido na "mouche"! Recapitulem praticamente todos os jogos do Porto este ano e vejam bem a quantidade de vezes em que Lopetegui acerta em cheio nas alterações feitas. Sejam alterações no desenho táctico, sejam mudanças de jogadores em zonas-chave, este mérito ninguém lhe pode tirar (sendo também certo que tem um leque incrível de potencial à sua disposição). 


(-) Negativo 

Novo erro "estúpido" - São erros que decorrem da forma de jogar? Verdade. São fáceis de trabalhar e corrigir? Sem dúvida! Mas depois do que vimos começar a acontecer há cerca dum ano atrás, deixam-nos histéricos... Comecem lá a sofrer golos em que um gajo diga "ora, aqui está um tento de belo efeito do adversário!". Ou a não sofrer golos.  

Lopetegui a abordar o jogo - Não fosse a grande capacidade de mexer nas peças durante o jogo e corríamos sérios riscos de estar mais abaixo na tabela. Vamos vendo aqui um Lopetegui mais hesitante. Por exemplo, se no jogo passado (jogo de Champions, fora...) ainda compreendi que Marcano estivesse como 6 mais destruidor e posicional, não fez tanto sentido desta feita. Se contra os ucranianos precisávamos de equilíbrio defensivo na altura da perda porque os "brasileiros" de Donetsk são velozes e bons tecnicamente, desta feita precisávamos de quem soubesse "jogar" mais, procurar mais apoios frontais e ir permitindo que Oliver e Herrera não necessitassem de descer tanto. Algumas dúvidas que persistem porque há várias opções que vão dando respostas díspares quando jogam? Hesitação em dar pendor ultra-ofensivo ao nosso jogo tendo Quintero, Oliver, Brahimi, Tello e Jackson, apoiados por dois alas que estão sempre no apoio? Mister, arrisque! Em nossa casa ou fora, os resultados vão aparecer! (Só não aposte mais em Casemiro, Rúben e Herrera ao mesmo tempo). O que mais me chateia é que, fora o jogo com o BATE, fico sempre com uma sensação de 1ª parte "perdida" quando vejo que depois consegue facilmente alterar por completo qualidade de jogo com uma ou duas alterações.

Herrera - Um meio-campo mais pressionante e foi um festival de más decisões de Herrera. Precisa, urgentemente, de trabalhar esta componente de jogo (saber rodar, atacar o jogo de frente), para se tornar num médio capaz. Para já, só é capaz contra blocos baixos e com muito espaço para jogar. Trabalha "hombre"!

Alex Sandro - Os dois cortes fantásticos que fez para limpar duas "quase-asneiras" de Maicon foram das coisas mais positivas da exibição de ontem. Mas aquela 1ª parte foi para esquecer. Perdas de bola, passes sem nexo, uma tremideira gigante e uma incapacidade de conseguir aguentar a posição quando tinha adversários pela frente. Lutou, terminou o jogo a despejar bolas "à Candal" (preferível a fazer ofertas ao adversário) mas terminou de rastos. Se compararmos com os jogos de Angel, temos de admitir que o espanhol esteve globalmente melhor.

Brahimi - Uma assistência e as qualidades que fazem dele um jogador fabuloso. Esteve tudo lá. Faltou soltar a bola em muuuuitos lances, com colegas melhor posicionados. Alex Sandro fartou-se de fazer "overlaps" (tinha de dizer, claro) para nada. Nem uma bola. Nicles. Niente. Pareceu-me também desposicionado demasiadas vezes na transição defensiva... Ainda assim, tem um talento absurdo (ao vivo então, é qualquer coisa) e sabemos perfeitamente que a qualquer momento decide um jogo. 

Jogar em posse, também para defender - Não gostei, confesso, dos últimos minutos de jogo, embora consiga compreender... O Braga arriscou tudo e, após dois jogos com erros e 4 empates quase seguidos, qualquer jogador prefere mandar o tradicional "charutão" para onde está virado, em vez de se pôr com flores. Principalmente num Estádio onde ao primeiro passe mais atrasado já se começa a ouvir um burburinho ensurdecedor. Mas preferia que tivéssemos optado por gerir melhor a posse de bola nos útlimos 10 minutos, em vez de lhes dar 2, 5, 8 hipóteses de recuperar facilmente a bola por nós despejada e voltar a carregar. 

Ganhámos, mas não chega. Ganhámos mas leio por essa bluegosfera que não jogámos nada. Ganhámos mas isto tem de ser muito melhor. Ganhámos mas não senti um Estádio satisfeito. Soubemos reagir mas nem assim os jogadores conseguem puxar pelo (estupidamente) "exigente" público. Ganhámos mas o atrasado mental que se senta atrás de mim continua a "descascar" em tudo o que veste azul e branco. Ganhámos mas continuei a verificar que há quem não goste de ver os últimos 10 minutos, no Estádio, depois de pagar por um lugar. 

Não é exigência: é só estupidez.

Lembram-se do que disse no final do jogo em Alvalade
Erros contra o Porto: natural. 
Erros a favor: é da fruta. 
Lance dúbio sobre Alex Sandro: "Simulação! Nunca na vida é penalty! Olha, só porque lhe dá um toquezinho na perna, o gajo atira-se logo... Pfff!". 
Lance dúbio sobre um dos gajos equipados à Arsenal: "Uma vergonha, era penalty claro! O vosso treinador não vem chorar agora?". 

E nem vou falar do abraço fraterno do Maxi ao rapaz arouquense, dentro da área, quando ainda havia 0-0 no marcador... Nem eu, nem as capas dos sempre imparciais jornais deportivos! Nem eu, nem os arautos da verdade desportiva nos seus programas (?) semanais, que ontem tiveram o desplante de perguntar "lá para casa" se as pessoas achavam que o Porto tinha sido beneficiado pela arbitragem no jogo de ontem. Poderiam tê-lo feito nos 3 jogos anteriores do Porto para o campeonato? Podiam, mas assim deixavam de ser uns cretinos primários.


P.S.: O Gobern, ainda respira? Tanta bala perdida por aí...


3 comentários:

  1. Caríssimo Z,

    Fiz um enorme comentário que parece que por falta de net não entrou. Vamos resumir então:

    Concordo com tudo o que dizes. Duas notinhas de rodapé:

    "Lopetegui a abordar o jogo". O problema do treinador espanhol é ter chegado agora, não tem experiência mano-a-mano das coisas. Ele lida melhor com a Champions porque, não haja dúvida, lá quer-se jogar futebol. No Domingo também se quis, e muito bom. Grande jogo, disputado. Se ele apostasse no Campaña caía o Carmo e a Trindade. Por isso quis um médio defensivo, pensando que Herrera poderia fazer a distribuição. A pressão alta do Sérgio Conceição (ainda não acredito nas declarações que este fez), exigiram um 6 distributivo e não posicional. O Herrera por sua vez não jogou porque só joga com espaço.

    Para mim o problema não está na posição 6, onde temos gente e vamos ter mais com o Campaña, mas na 8. Ruben e Casemiro não jogam bem juntos. Apostar em Quintero, Óliver e Ruben de início era suicídio. Herrera só pode ser 8 com espaço e Evandro tem-me desiludido. Já um trinómio Óliver, Herrera/Evandro, Casemiro/Ruben parece funcionar bem. A ver vamos. Mas se não Casemiro/Ruben tem de vir Campaña/Reyes.

    Corrigido, tratado, arrumado. Casemiro está de volta e este problema evaporou. Como disse o Lopetegui na flash interview, vai dar prioridade a erros de palmatória. "Brahimi! Estas loco?! putamadre!" ouvia-se na bancada central logo a seguir! Ninguém o pode acusar de ser palminhas... :)

    Quanto aos artistas brilhantes e hipopoteicos deste burgo, tenho a certeza que vão beber a sua informação a muitos reflexivos e orgulhosos blogues, para quem tudo o que seja menos de pentatónica goleada é um falhanço rotundo, a equipa devia estar rotinada desde Maio e os jogadores deviam conhecer-se tão bem como se estivessem ligados umbilicalmente. E claro, o "Lopatêgo" já é muito mau, não e a exigência mínima de um Guardiola ou Van Gaal, esse mestre da táctica que não perde um jogo há milénios... ah, espera, pois!
    Mas não existe ninguém para estes reflexivos orgulhosos como Deus Ex Machina Vitinho Pereira. Esse ressabiado que ganhou muito, perdeu muito pouco mas fartou-se de empatar. Curiosamente, com jogadores tão inexperientes como Lucho Gonzáles, Fernando, Mangala, Helton, Otamendi, Falcao e por aí fora. Haja paciência, que não tenho rabinho para aguentar tamanho disparate. E Vitinho esse que era super consensual, ui, e fez uma campanha europeia onde chegou várias vezes aos oitavos da Champions! Ah, espera... isso é capaz de ser um certo patêgo.... não posso crer.

    Quanto aos jornais do burgo, aprecio muito o seu fabuloso trabalho. Se não fossem eles a lavar mais branco não tinhamos, uma vez mais, um benfas em super-aceleração que já se sabe.. dá o Mestre traque lá para Fevereiro. Mas tá ganho isto. Aliás a prioridade era o Arouca! E que gáudio de jogo em que podiam só ter levado prai 3 na pá. Quod me nutrit, me destrutit . Continuem assim e não se esqueçam de festejar um campeonato na Madeira.

    Isto é uma maratona, e quem leva pedradas agora, será daqui a uns tempos felaciado. É a lei da vida.

    Um abraço azul,

    Jorge Vassalo

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    1. Caro Jorge,

      "Brahimi! Estas loco?! putamadre!" ouvia-se na bancada central - ver o jogo da arquibancada é óptimo mas infelizmente não consigo esticar a audição até ao relvado AHAHAH que maravilha, o Lope é uma maravilha no banco na forma como lhes "fode" o juizo, quer para ganharem concentração, quer para motivar. É por isso que gosto tanto dos intervalos este ano :)
      A questão do meio-campo é isso tudo... Permite-me só um registo: quanto mais vejo Ruben jogar a 6, mais incrédulo fico com a qualidade do rapaz. Aquele passe em trivela para o Danilo deixou-me tão histérico como um golo. E aquele toque de 1ª de calcanhar do Quintero a soltar alguém na zona central também...

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    2. E os cortes pá? Magistrais! Grande Rúben!

      Se vires o vídeo do jogo, depois do golo do Braga mostra bem na imagem o que te disse! O Lopetegui parecia um pássaro esvoaçante! :D E não era no bom sentido! :D

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