sábado, 11 de outubro de 2014

Jogos Memoráveis - Banho de Bola em Bremen

Em Maio, decidi criar aqui um pequeno espaço onde eu e o v.a.s.c.o. pudéssemos falar de jogos que ficaram gravados na nossa memória. Independentemente dos clubes em jogo, só queremos partilhar com todos alguns dos melhores jogos a que tivemos oportunidade de assistir, e que sem dúvida contribuíram para amarmos ainda mais este jogo.

Se da última vez vos falei dum jogo de impossibilidades entre United e Bayern, desta feita vou falar-vos dum jogo que, nos meus 7 anitos, me fez despertar para o poderio externo que o clube do meu coração poderia atingir (bem sei que já havíamos estado no topo da Europa, até há quem diga que "voei" pelo ar de casa dos meus avós nessas noites gloriosas, mas ainda tinha meses de idade, e confesso que não me recordo).



Werder Bremen vs F.C.Porto 

Weserstadion - Bremen

30-03-1994

Lembro-me perfeitamente de ter assistido a esta partida na abençoada sala de estar de casa dos meus avós. Junto ao meu avô, o portista responsável pela saudável "doença" de que todos padecemos na família, preparava-me para ver o meu Porto decidir se passava a fase de grupos da Liga dos Campeões contra uns alemães que, confesso, não conhecia assim muito bem. Mas o meu avô dizia que os tipos tinham uma equipa forte, que não ia ser fácil e, como em tantas outras vezes, o nervosismo estava bem patente naquele par de tripeiros, sentados em frente à TV, unidos pelo sangue, numa mescla de gerações, de vivências e de portismo sentido à flor da pele.

Agora que andei a rever imagens do jogo e a pesquisar jogadores, reparo que do lado dos alemães há ali uns nomes bem conhecidos como Mario Basler, Thomas Schaaf, Marco Bode ou Andreas Herzog. Comandados por Otto Rehhagel, os alemães eram campeões em título e, como tal, uma equipa temida na Europa do futebol.

A equipa do Porto: Baía, João Pinto, Fernando Couto, Jorge Costa, Rui Jorge, André, Paulinho Santos, Drulovic, Secretário, Timofte e Kostadinov.

Uma verdadeira força da Natureza esta equipa.
Por esta altura já o treinador deixara de ser Ivic, estando Sir Bobby Robson no seu lugar.



Ir à Alemanha ganhar é um feito complicado (oh se é...), mas ir a casa dum "grande" alemão espetar 5 "batatas" é um feito heróico! Foi isso que estes meninos fizeram... Recordo-me da minha incredulidade quando vencíamos por 0-2 e o meu avô se mantinha cauteloso. Dizia ele que na 1ª parte tínhamos tido alguma sorte, porque o Werder Bremen tinha carregado com tudo o que podia, mas para mim, Fernando Couto, Jorge Costa, Vítor Baía ou João Pinto eram sinónimo de baliza fechada a sete chaves. E o jogo até nem começou bem para nós, em virtude da lesão sofrida Por Paulinho logo nos primeiros minutos, que levou à entrada de Rui Filipe. Revendo um pequeno resumo do jogo, consigo perceber o meu avô. Houve ali alturas em que a equipa teve de ligar o modo "sobe Candal!", e praticamente não saía da grande área. Um golo do saudoso Rui Filipe logo após a sua entrada em jogo e do matador Kostadinov (após assistência magistral de Drulovic) davam vantagem ao intervalo.

A 2ª parte terá sido dos pedaços de jogo mais memoráveis, avassaladores e retumbantes que uma equipa portuguesa protagonizou em solo estrangeiro. Depois de conseguir aguentar a avalanche ofensiva dum Bremen que vinha de recuperações impressionantes de resultados negativos, o Porto deu um verdadeiro show! Impressionante a simplicidade de processos, o futebol ofensivo e veloz da equipa portista, jogando em contra-ataque e explorando a "dureza" de rins da defensiva alemã. Jogadores inteligentes, tecnicamente evoluídos e com um sentido colectivo notável. Um banho de bola aquela 2ª parte! Golos de Secretário (após trabalho primoroso sobre um defesa alemão), Domingos (que GO-LA-ÇO!) e Timofte, de penalty. Recordo-me do semblante descontraído e risonho do meu avô quando o jogo caminhava para o fim, embevecido com tamanha demonstração de categoria, duma equipa que na época seguinte deu início à caminhada do Penta.

Mais do que quaisquer palavras, deixo-vos o vídeo do resumo do jogo, para se voltarem a deliciar com a eficácia de Kostadinov, a raça de Fernando Couto e Jorge Costa, a segurança de Baía, a "elegância" de Secretário, a categoria de Domingos, o perfume técnico de Timofte e Drulovic... E também os "cachaços" de João Pinto, e o habitual salto de Baía por cima do molho de jogadores que se abraçavam nos festejos, que terminava quase sempre em queda aparatosa.

Vejam lá que até dá para ver Inácio com as nossas cores, a parecer que até gosta muito do Porto...




Um jogo memorável, o primeiro de que tenho memória do F.C.Porto fora de portas, e que esteve na base de tantos outros jogos fantásticos, vitórias históricas, sucessos retumbantes, que nos permitiram construir este grande Porto de dimensão Mundial. São momentos únicos que ficam para contar aos netos. E para que nunca ninguém esqueça que aqui há uma equipa que por várias vezes espantou e encantou a Europa e o Mundo e que conta com 7 troféus internacionais (até à data)!

2 comentários:

  1. @ Z.

    mas que grande recordação. sem dúvida, uma das nossas melhores noites europeias. e na Champions. e «ao vivo e a cores», que não a preto-e-branco.

    abr@ço
    Miguel | Tomo II

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Caro Miguel,

      As nossas recordações de grandes noites europeias são todas "a cores" e estão bem "frescas"!

      Saudações portistas!

      Eliminar