terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Jogar no "pantanal"


Jogos como o do passado Sábado, são daqueles que podem tornar muito complicado aquilo que parece fácil. Sendo óbvio que o relvado do Estádio do Penafiel não terá sequer 1/10 da qualidade do relvado do Dragão, é também importante realçar que caiu uma quantidade considerável de água sob a forma de chuva torrencial, durante grande parte do dia, tornando ainda mais difícil a já hercúlea tarefa de garantir um relvado à altura da qualidade dos nossos intervenientes. 

Contudo, este tipo de situação, que já nos trouxe um amargo de boca no decorrer desta época (tornando o relvado do nosso próprio Estádio num lamaçal de belas proporções), pode acontecer em qualquer lugar, em qualquer dia, em qualquer altura do ano. 

Obviamente que, neste tipo de condições, os clubes de menor dimensão "ganham" alguma vantagem, visto que as equipas mais "fortes" o são especialmente pela diferença colossal na qualidade de execução técnica. E tirando Belluschi, Óliver ou Jakcson, que conseguem fazer magia até a jogar em areia movediça ou dentro duma piscina, não haverá muitos mais que consigam impõr essa maior qualidade técnica num pântano como o de Penafiel.

O jogo torna-se numa "lotaria". Cada atraso ao guarda-redes deixa-nos o estômago congelado. Cada corte defeituoso causa uma arritmia. Cada passe perfeito que fica numa poça deixa-nos indignados. 

Já para não falar naqueles remates que param "cirurgicamente" em cima da linha de golo.

Eu, confesso, até acho piada a estes jogos. Faz-me recuar uns anos, e viajar a outros terrenos, outros jogadores, outras equipas - outras épocas... - em que gajo que não chegasse ao final do jogo sem pedaços de lama dentro das cuecas, não era digno de poder sequer entrar no balneário. São jogos para "Homens de Barba Rija". É certo que, como desta vez correu bem, será porventura mais fácil (até mesmo suspeito), encontrar aspectos positivos em ter um terreno de jogo de tão fraca qualidade. 

Depois penso em Tóquio, Viena e Coimbra (2010/2011), ou aqueles jogos terríveis na Reboleira, Vidal Pinheiro, Bessa, São Luís, na Maia ou até em Leça, locais que tinham o condão de nos presentear com intrincados pantanais (com ou sem chuva) ou naquele relvado miseravelmente careca do velho Alvalade em 95/96, e não posso deixar de sorrir. Não digo que não tenha havido alguns dissabores, mesmo jogando em casa, como nos célebres jogos com Famalicão ou Anderlecht (aos quais não assisti, mas dos quais o meu avô nunca se esqueceu), mas são muitas destas épicas batalhas enlameadas que ficam na nossa memória.

Esta última batalha teve o condão de nos mostrar que, numa equipa jovem, tantas vezes criticada pela falta de ambição, de garra, de querer, há também espaço para vestir o fato-macaco, e jogar feio se necessário fôr. Mostrou-nos que no nosso plantel há muita "Barba Rija" no meio daquela juventude. Aposto que se fossem analisar, haveria toneladas de lama dentro da roupa interior de Indi, Marcano, Maicon, Casemiro, Herrera, Danilo e até Alex Sandro (e de muitos dos adeptos que enfrentavam a intempérie nas bancadas).

Já Óliver ou Jackson mostraram que é possível haver arte e genialidade mesmo no meio das trincheiras (e com lama colada aos tomates).

Eu gostei!

6 comentários:

  1. Mas no próximo jogo o FCP não terá a mesma desculpa para o jogo feio e miserável que fez em Penafiel pois o jogo será na bela Madeira, num bom relvado. Vamos a ver o jogo que fazem e as desculpas que arranjam!

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  2. Caríssimo, antes de mais, agradeço imenso a sua visita. Acho absolutamente curioso esse discurso que traz para um post que visa única e simplesmente falar um pouco sobre jogos em terrenos enlameados e nas dificuldades que isso acarreta. Terá, seguramente, outros locais (mais simpáticos para as cores que aparenta "representar"), para falar sobre "desculpas" para derrotas (anos e anos delas). Jogo feio e miserável? Consigo falar-lhe duma equipa do nosso campeonato que fez vários jogos assim e... como por magia... sabe em que lugar anda?

    Já agora, se conseguir juntar um bocadito de coragem, opte por comentar e assinar da próxima vez.

    Cumprimentos

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  3. Z

    pois a mim, o que se me apraz dissertar é: felizmente que ninguém se lesionou naquele... ervado.

    abr@ço
    Miguel | Tomo II

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    1. Hóme que é hóme não se lesiona nem a jogar num campo de minas. Aquilo incha, desincha e passa :)

      Um abraço!

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  4. está cá alguém?! :D

    Bamos lá a trabalhar, car@go! :D

    abr@ços
    Miguel | Tomo II

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    1. Não está fácil meu caro. Um está há semanas sem PC e o outro só tem ido a casa para passar a noite... Tende paciência que isto vai lá!

      Abraço!

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