sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Champions: F.C.Porto vs Athletic Bilbao

Numa jornada fora do comum, tendo em conta o anormal número de golos marcados só na 3ª feira, os nossos rapazes deram um passo importantíssimo rumo aos 1/8 final da mais importante prova mundial de clubes. 


Depois do desaire amargo contra o Sporting no passado Sábado, urgia uma resposta clara e firme de todos - jogadores, treinador e adeptos. Era preciso demonstrar que a derrota tinha deixado marcas e que o orgulho estava ferido. Era importante ganhar acima de tudo o resto, e demonstrar uma atitude de combate, de vitória, que tanta falta nos fez durante larguíssimos períodos do ano transacto. Era necessário perceber se Lopetegui poderia ou não ter acusado o "toque" das críticas pós-Taça - deixou bem claro que não. Era fundamental perceber se estamos todos mesmo a remar na mesma direcção que a equipa e o treinador e a resposta foi inequívoca - não! Tivemos por isso uma noite em que ganhámos, e bem, no relvado e banco de suplentes mas onde nos cobrimos de vergonha nas bancadas, pelas razões que invoquei aqui . 

Num Dragão ainda longe de casa cheia, mas bem preenchido e colorido de incansáveis adeptos bascos, foi um F.C.Porto agressivo, acutilante, rápido e mandão que entrou em campo. Com Brahimi no meio, Quintero na ala, íamos conseguindo chegar com perigo ao último terço do campo, mas faltava sempre algum acerto na definição e conclusão das jogadas. Lopetegui, que costuma ler bem o jogo e altera quase sempre bem, percebeu que precisava de Quintero por dentro, entre linhas, e isso - e um Tello e Danilo endiabrados - foi contribuindo para muitos espaços no último reduto dos bascos. Fomos encostando o Athletic às cordas e podíamos (com mais alguma tranquilidade, a tal que decerto não cresce com assobios constantes) ter chegado com alguma naturalidade ao intervalo com 2-0.  Foi simples, bonita, eficaz e finalizada com classe a jogada que deu origem ao primeiro golo, colocando asism alguma justiça no marcador.

No regresso do intervalo, para além de trocar peças, os bascos alteraram a atitude na transição defensiva. Muito mais agressivos na nossa saída de bola, (aqui, continuamos a pecar, como falarei mais adiante), fomos obrigados a cometer mais erros, surgiram os idiotas do costume a assobiar cada toque na bola, e dum novo erro (desta feita repartido entre Herrera e Casemiro) surgiu o inevitável golo basco. Esta fase do jogo foi muito complicada, e ficou demonstrado o porquê de Quintero não jogar mais vezes numa posição central - tem muuuuito para evoluir a nível de posicionamento. Lopetegui percebeu, mais uma vez, do que a equipa necessitava e lançou Rúben Neves no lugar do colombiano, numa tentativa de nos dar mais qualidade na saída, e maior capacidade de ter bola, retirando alguma iniciativa ao Athletic. Uma vez estabilizado o meio-campo, trocou (com toda a lógica) Casemiro por Quaresma, que veio dar nova alma ao nosso jogo ofensivo. Resultou tudo na perfeição, num lance em que Quaresma aproveitou da melhor forma uma jogada simples mas brilhante de Brahimi, que lhe estendeu uma passadeira para o golo. Depois, com a entrada de Oliver, e mais alguma coesão entre sectores, conseguimos "congelar" o jogo. Mas ainda tivemos oportunidade de perceber se os nossos miocárdios estão em forma, com um perigosíssimo cabeceamento após um livre lateral, que Fabiano segurou com algum aperto. Até final poderíamos ter aumentado a contagem mas Jackson esteve em dia não no capítulo da finalização.

Vamos a notas:

(+) Positivo

  • Entrada em jogo -  Esta foi umas das coisas que mais me agradou, após alguns jogos em que entrámos um pouco "amorfos" na partida: um início a todo o gás, com vontade de "matar" veleidades logo à partida. Entrar à Porto. Gostei!
  • Aliança Tello - Danilo - Se o segundo está num momento assombroso de forma, respirando e transpirando saúde e confiança por todos os poros, muito se deve ao primeiro, cada vez mais uma peça fundamental na manobra ofensiva. O lado esquerdo dos bascos deve ter acabado a primeira parte perto dum ataque de nervos tantas foram as combinações que ambos conseguiram. Duas peças fundamentais do Porto neste momento.
  • Jogada do 1º golo - Ma-ra-vi-lho-sa! Tomada rápida de decisão, aproveitamento dos espaços, jogo interior, Herrera a aparecer no sítio certo e um hino ao futebol. Porque não aproveitar ainda mais vezes o corredor central gente?
  • Brahimi - Muito negeligenciado este rapaz quando não "aparece" mais sobre os holofotes. Mas a capacidade de drible dele é estonteante, a forma como atrai 2 e 3 jogadores e solta a bola, criando desequilíbrios é incrível. No golo de Quaresma, a sua acção é fundamental, tanto na forma como foge ao lateral, como obriga a uma compensação e liberta Quaresma numa zona mais central, com mais hipóteses de ter sucesso. Bravo! 
  • Quaresma - Lançado quando devia, a fazer o que lhe é pedido - arriscar e decidir, sem amuos, sem cara feia, com atitude e vontade. Consigo compreender que todos gostem de jogar de início, mas relembro que Solskjaer (por exemplo), foi dos jogadores mais decisivos da História do United e raramente jogava de início. Uma questão de egos, right?
  • Lopetegui - Apesar da loucura anti-Lopetegui que grassa por essa nação portista, mais uma vez esteve sublime nas mexidas. Em todas alterou o jogo e em todas nos deixou mais próximo de o ganhar. A troca posicional de Quintero e Brahimi. A entrada de Rúben, Quaresma e Óliver... Tudo decisões de alguém que percebe o jogo, lê bem o que o jogo pede, e mexe bem. Quase sempre bem, quase sempre com notórias melhorias na nossa forma de jogar. Mas decerto haverá quem critique isto. Habitua-te a estes desmiolados Lope... E manda-os foder! Assim mesmo, com f. Não é joder; é foder!

(-) Negativo

  • A saída de bola - Já muito foi escrito, dentro e fora da Bluegosfera, acerca desta questão. Continuo a ser da opinião que esta é uma das fases do jogo na qual precisamos de mais trabalho e de correcções. Sabemos que os nossos centrais não são grande espingarda com bola? Então um dos médios tem de baixar para dar apoio, e os laterais têm de estar mais subidos no terreno. Estamos continuamente numa linha de 4 jogadores, sendo facilmente anulados neste processo, O início da 2ª parte deste jogo foi uma clara demonstração da nossa incapacidade de sair perante equipas mais pressionantes, não sobre o portador de bola, mas sobre as linhas de passe mais próximas. Se se quer que sejam os centrais a sair, então eles devem ir progredindo no terreno até surgir um adversário a "fechar portas", e aí soltam num colega que, inevitavelmente estará sozinho. Perdemos mesmo muito tempo a trocar a bola lateralmente entre os 4 defesas, e o pior é que qualquer equipa (mesmo mediana ou até medíocre) já percebeu que pode anular facilmente a nossa saída. Demasiadas vezes incorremos no pontapé longo á custa deste facto. Urge corrigir isto, com alguma celeridade.
  • A "pressão alta" - Poderei estar enganado, mas a nossa capacidade de pressionar tem vindo a piorar nos últimos jogos. Alguma desorganização, gente a pisar os mesmos terrenos e algumas auto-estradas abertas em zonas absolutamente proibidas. Uma dessas fases de desnorte deu aos bascos a única situação de perigo durante a 1ª parte. Não compreendo se tal aconteceu maioritariamente pelo deficiente posicionamento defensivo de Herrera e Quintero, ou à excessiva lentidão de Casemiro, mas a verdade é que aconteceu mais do que uma vez. Também noto que Maicon e Indi nem sempre acertam nas saídas ao portador e nas coberturas. 
  • Novo erro, novo golo sofrido - Passe errado de Herrera, lentidão de Casemiro na reacção, e deficiente leitura de Maicon, que foi batido com uma facilidade inacreditável -  com uma finta que consistiu em trocar a bola de pé, com a maior das calmas. Continuem a tentar corrigir isto rapazes, senão vamos tornar os nossos cardiologistas em bilionários! Nota: mais incrível do que a nossa incpacidade única a nível Mundial de marcar penalties, só a % de eficácia de aproveitamento dos nossos erros por parte dos nossos adversários. Um erro, um golo! Tiro e queda!
  • Casemiro - Lamento colocar-te aqui, logo agora que foste seleccionado para o escrete , mas tenho de ser honesto: não tenho gostado. Bem sei que vem de lesão, e por isso dou-lhe algum benefício, mas tem de se reencontrar. Casemiro parece estar a jogar sempre sob brasas, sempre com uma sofreguidão demasiado elevada, que o leva a falhar a abordagem a incontáveis lances, o que se constata na quantidade de faltas e no número de maus passes que faz. Não sabemos bem como (nem ele sabe, decerto), conseguiu terminar sem ver amarelo. Rúben é, neste momento, um 6 muito mais completo e não consigo ver Casemiro com pernas para ser um 8.
  • Assobios do público - Pura estupidez! É só isso...


Menção Honrosa: Herrera - Inauguro esta nota porque estive aqui numa dúvida enorme sobre se colocava Herrera no + ou no - . Ora, se tivemos hoje alguns fogachos do "Herrera Bom", com participação activa nas jogadas ofensivas, na forma decidida com que colocou a bola na baliza, e com uma abnegação, espírito de combate, resistência, que me fizeram imaginar que terá 3 ou 4 pulmões, aquele gémeo terrível dele, o "Herrera Mau", persiste em não o deixar voar. Continua a ser má demais (malta, má demais mesmo!) a falta de posicionamento defensivo, a forma como desequilibra o meio campo nessas situações e a fraca capacidade de recuperação de bolas (que Oliver e Ruben Neves, correndo bem menos, conseguem com maior facilidade, fruto dum muito melhor posicionamento). E um passe lateral errado numa zona em que não podemos falhar, que deu em golo do Athletic... Estou dividido gringo


Resumindo, 3 jogos na Champions, ZERO derrotas, ZERO pontos perdidos em casa, SETE pontos ao todo e um pézito na próxima fase. A uma equipa totalmente nova, pede-se que vá trabalhando para melhorar. Ajuda - oh! se ajuda - construir a equipa numa base de vitórias. Gostei da resposta dos nossos rapazes neste jogo. Gostei deste jogo. Gostei. Mas aquele nó no estômago antes de ir a Arouca já vai fazendo das suas... Vamos lá "engatar" numa série de vitórias? 

3 comentários:

  1. Caríssimo Z,

    Uma boa crónica mais uma vez, aprecio como, aqui no Blue Overlap, vocês dão tempo ao tempo para analisar e deixam passar a hype maluca.

    Bravo! Eu não posso pôr um Capitão cada vez mais Capitão no "negativo", mas ele teve aí uns 6 golinhos cantados falhados!

    Ai se era o Adrián!

    Bem um abraço, convido-vos a visitar o meu blog em Porto Universal e dizerem o que pensam.

    Um abraço,

    Jorge Vassalo

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    1. Caro Jorge,

      Sabes que pensei muito nisso - colocar o Jackson no "negativo" - mas a verdade é que o que ele dá ao jogo é tão fantástico que não posso pôr o prato dos golos falhados a pesar mais na balança. Verdade que me apetecia dar-lhe dois cachaços (principalmente no último do jogo, grrrr), mas depois vejo-o a dar linha de passe, a aguentar 2 adversários e a tomar SEMPRE a melhor decisão e esqueço-me disso pá! se fosse o Adrián acho que não saía do Estádio...

      Sabes que isto das crónicas serem algum tempo depois não começou por ser planeado, mas eu e o v.a.s.c.o. passamos uns 2 ou 3 dias a debater pormenores do jogo, e aí conseguimos enriquecer bastante a nossa visão sobre o jogo. Ou seja, as crónicas saem mais tarde, porque aconteceu assim!

      Tudo para os nossos "indefectíveis"!

      Um abraço,

      Z

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    2. Pois, exactamente o que queria dizer! E acho que, com as declarações sobre o assobio (ai, que cansado estou de escrever esta palavra), está a demonstrar que leva a sério a questão da Capitania. Ainda bem!

      Abraço,

      Jorge

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