sábado, 16 de agosto de 2014

Porto vs Marítimo - 1ª Jornada

Foi um Dragão cheio que recebeu pela primeira vez Lopetegui e sus muchachos num jogo oficial. Não foi uma estreia perfeita, mas é uma estreia que nos dá garantias que as coisas estão num bom caminho. O Porto foi muito superior ao Marítimo durante toda a partida e mereceu a vitória. Mas isso não impediu que sofrêssemos um pouco até Jackson conseguir o segundo golo. O "fantasma" da ultima época pairou na cabeça de quem estava no estádio, com algumas trocas de bola arriscadas e alguns automatismos que ainda não estão bem assimilados. Aos 32' o Marítimo podia ter marcado, Maicon sai a pressionar de forma pouco pensada e cria um buraco que Edgar Costa aproveitou. Valeu-nos São Alex Sandro.


Há muita coisa a melhorar obviamente mas nem tudo foi mau. Brahimi e Oliver dão outro perfume ao nosso futebol, fazem recepções daquelas que a bola pára literalmente no pé (lembrei-me de Varela e das suas recepções em que a bola avançava 5 metros depois de este a "receber") e prometem crescer muito juntamente com esta equipa. Julen Lopetegui não teve medo de apostar em Ruben Neves de inicio e revelou com isso não haver lugares cativos. Mexeu bem do banco quando se apercebeu que Herrera estava mal e que o meio-campo precisava de intensidade e alguém mais fixo. Casemiro que me deixou de pé atrás na pré-época, entrou muito bem para a posição 6. Impôs o físico e ganhou os duelos naquela zona que estavam a ser perdidos. Parece-me ainda meio preso de movimentos (demasiado rodízio?!) mas contra o Lille apostava nele. Tello veio trazer mais velocidade e foi dos pés dele que saiu a assistência para Jackson marcar o golo da tranquilidade. Bons sinais deixados ontem no Dragão mas há ainda muita coisa a melhorar. Mas (usem este momento estilo Maya para mandar vir comigo daqui a uns meses) tenho a certeza que esta equipa e este treinador se souberem crescer nos vão dar muitas alegrias.

(+) Positivo

Ruben Neves - Não podia pedir melhor estreia. Lopetegui deu-lhe a titularidade e o miúdo acabou por corresponder com um golo e uma exibição muito positiva. O mais novo de sempre a titular, a marcar e um dos mais novos de sempre a jogar pelo nosso clube. Não entro no histerismo todo à sua volta porque acho que ainda tem muito para crescer e nesta idade nos erros podem pesar muito, mas acredito que com cabecinha, se souber crescer, vai ser uma referência do clube. E que saudades temos nós de jogadores da formação!

Brahimi - É daqueles que não engana. Não engana os que de futebol percebem pouco, vendo nele a óbvia qualidade técnica na recepção, na finta ou no passe, e não engana aqueles que avaliam em coisas como "a decisão". E o argelino ontem é capaz de não ter tomado uma má decisão quando teve a bola nos pés. Com movimentos "à la James" mas do lado oposto, pegando na bola do lado esquerdo, movimento interior para o meio e incendiava a defesa insular. Absolutamente incrível a sua calma, a elegância com que ultrapassa adversários e como entrega a bola "redondinha" para quem a quiser. Já não estava entusiasmado com um jogador como ele há algum tempo...

Lopetegui - Soube mexer com o jogo. Portanto, sabe ler o jogo a partir do banco e isso por si só é uma melhoria em relação a um passado recente. Festejou o segundo golo de punho cerrado. Tal como eu. LIKE! Tem o discurso certo e esperemos que não troque as capitais europeias. E viu o (quase) mesmo jogo que eu. Bom começo mister.

(-) Negativo 

Herrera - Disse ainda na pré-época ao Z e a outro amigo em comum que o mexicano não vai encaixar neste Porto de Lopetegui. E ontem foi mau de mais... Alguém que lhe ofereça uma bússola para ele tentar perceber onde se deve posicionar. Não pareceu ajudar nem a defender nem a atacar. Sem bola é muito fraco. E com a bola nos pés é simples: a transportá-la é muito bom, a entregá-la é a roleta russa do costume. Se Classie vier, Herrera não tem lugar neste meio-campo. É uma questão de estilo. É um jogador diferente daquilo que se pede este ano aos médios do Porto. Evandro, jogador que eu e o Z apreciamos bastante, compreende melhor onde deve estar, quando deve ter a bola, e quando deve soltá-la. Herrera é um transportador de bola, como se viu no Mundial, é bom para futebol de correrias. No Porto de Lopetegui tenho sérias duvidas.

Os "assobiadores" - Aiiiiiii. Começa a ser difícil aturar esta gente. Se estádio cheio significa ter de levar com esta malta, é preferível estar mais vazio. Lá para os 30 minutos, já em vantagem, a saída de bola do Porto começou a encravar e claro: "Ai, vocês estão a trocar a bola na defesa?! Eu vim aqui para ver goleada!" Uma equipa (é bom lembrar isto!) que num ano perdeu Hélton, Otamendi, Mangala, Fernando, Moutinho, Lucho, James e (sim) até Varela, está a tentar reerguer-se após uma época que foi bastante traumática para nós mas também para eles e vocês estão no primeiro jogo da época, a assobiar a meio da primeira-parte quando já estamos a ganhar?! Ide assobiar a vossa mãe, pá. Faço-vos daqui um apelo. Levai uma chucha no próximo jogo e quando acharem que devem assobiar, ponham-na boca.

As entropias do modelo de jogo (até agora) - 1) Olho para Fabiano (e os seus pés-picareta) e fico com tantas saudades do nosso Hélton, e penso no quão perfeito seria neste Porto. Rápido a ocupar o espaço atrás da defesa e com melhores pés que muito jogador profissional. Vejo Maicon e Indi e lembro-me de Otamendi. A nossa saída de bola não pode ser feita pelo centrais, com estes... centrais. Recordo que com Otamendi, Vitor Pereira dava liberdade para iniciar jogo e que com Mangala era Moutinho que baixava para iniciar a construção. 2) Não podemos querer pressionar no nosso meio-campo como pressionamos no meio-campo adversário. Fica a promessa de que vamos ser uma equipa muita chata para os adversários este ano, dado que a nossa mentalidade é muito simples: "Ai tens a bola?! Então dá-a cá que ela é minha e dos meus amigos!" Mas já que quando estamos sem bola, e não baixam todos (há que rever compensações) é preciso também não ir pressionar ao meio-campo com os centrais... 3) Precisamos de uma referencia a 6, e não pode ser (para já) Ruben Neves.


Reconhecer erros é a melhor maneira de crescer. E dessa forma acho que é necessário identificá-los o mais cedo possível. Agora, não quero com isto ser pessimista. De maneira nenhuma. Até porque não me parecem haver motivos para tal. Se estamos assim na primeira jornada... temos um potencial infinito!

2 comentários:

  1. @ Vasco

    vimos exactamente o mesmo jogo :D

    ps:
    "adorei" a parte referente aos assobiadores profissionais de bancada. é merecido o que escreves sobre eles. se for para esse tipo de "apoio", também eu não me importo que as bancadas estejam um pouco mais despidas.

    abr@ço
    Miguel | Tomo II

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    1. Obrigado Miguel. É bom que haja mais a pensar como nós de forma a acabar com esse mau hábito. Uma coisa é ser exigente, outra é ser simplesmente parvo...

      Abraço e aparece!

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