terça-feira, 2 de dezembro de 2014

F.C. Porto vs Rio Ave

Estou absolutamente atónito com algumas das crónicas que tenho lido ao longo do dia, bem como alguns comentários a essas crónicas, por essa Bluegosfera fora. Quase tão atónito como quando o meu "vizinho" de trás no Dragão, por volta dos 30 minutos de jogo, soltou a seguinte pérola: "Este Danilo hoje, não acerta uma...". 


Aos 10 minutos de jogo, pensava para com os meus botões "Isto já podia estar 2 ou 3-0, à vontade.". Ora, poder dizer isto aos 10' dum jogo de futebol, não é pouco. Significava naquela altura que tínhamos entrado na partida em modo de demolição, e que tivesse sido a eficácia nessa fase próxima daquela dos últimos 15', provavelmente não se especularia tanto sobre a qualidade da nossa exibição ou sobre a justiça dos 5 golos marcados . 

Deduzo, portanto, que se os últimos 15 minutos de jogo não contam porque o adversário já estava cansado e começou a cometer erros em catadupa SÓ por causa disso, então em jogos como o de Alvalade, merecíamos ter perdido por 3-0 porque eles tiveram imensas situações antes de nós e só nos lembrámos de jogar na 2ª parte (onde, lá está, já estaríamos a perder por 2 ou 3-0). 

Os primeiros 25' de jogo foram, na minha opinião, excepcionais. Absolutamente demolidores. Jogo rápido, boas combinações ofensivas, sempre com a baliza na mira, com várias chegadas perigosas à área contrária, 3 situações claríssimas de golo, mais umas quantas em que só aquele último passe falhou. Tudo isto aliado a uma constante pressão feita no timing correcto, forçando o adversário (que não é tão manso assim, nem estava assim tão cansado quanto Pedro Martins quis fazer crer) a não conseguir fazer mais do que 3 passes seguidos. Do melhor que tenho visto esta equipa fazer esta época (e com Brahimi e Herrera em noite de apagada). 

A partir desta altura (e não só a seguir ao golo de Tello, como tenho lido por aí), a equipa perdeu algum gás, compreensivelmente (não é possivel jogar naquele ritmo durante tanto tempo seguido, especialmente após jogo de Champions nos confins da Europa) e o Rio Ave conseguiu subir um pouco no terreno. Uma subida perfeitamente inofensiva, visto que até ao intervalo vi Fabiano mais próximo de "chocar" uma constipação do que fazer uma defesa. 

Ao intervalo, portanto, um empate inacreditavelmente injusto para uma primeira parte de tanto domínio e de tanta boa jogada, contra um adversário cuja maior vitória foi... conseguir subir um bocadinho no terreno e trocar mais de 3 passes de forma consecutiva.

A 2ª parte abriu com o tal "golo desbloqueador" seguido dum dos tais "erros" dos jogadores do Rio Ave. Claro que o facto de Jackson ter conseguido pressionar Marcelo de forma a que o rapaz perdesse a bola não teve nada de meritório! Tello, que fabricou uma excelente exibição, tornou fácil um golo de difícil execução. 

O período seguinte, sim, foi confuso. Numa altura em que, repito, fizemos tudo para estar já com uma confortável vantagem de 2 ou 3-0, perdemos o controlo do jogo. Desta fase falarei mais à frente. O Rio Ave, lá está, conseguiu subir uns metros no terreno, ganhando alguns cantos e faltas em zonas potencialmente perigosas. Num desses lances, ao que parece, Herrera levou com uma bola na mão à queima-roupa e parece que o penalty é claríssimo. Confesso que, depois de Alvalade ou do jogo contra o Boavista no Dragão tenho alguma dificuldade em saber bem o que se pode considerar mão na bola ou não, por isso, não serei a pessoa indicada para falar (mas até dou de barato que nesse lance fomos beneficiados).

Lopetegui leu, mais uma vez, muito bem o jogo e deu-nos a estabilidade de que necessitávamos com Ruben Neves e Quintero para o lugar dos fatigados Herrera e Brahimi. Quando, aos 79', Jackson marcou aquele belíssimo golo, penso que toda a gente sentiu que o jogo estava decidido. Pese embora o Rio Ave tenha, pelo meio, conseguido enviar uma bola ao poste e Fabiano tenha sido (finalmente) obrigado a uma defesa, a quebra anímica do lado dos vilacondenses aliada à vontade férrea dos nossos jogadores em marcar mais golos tornaram o resultado mais avolumado. Exagerado? Não concordo...

Vamos a notas:


(+) Positivo

Tello - Coitados dos defesas laterais que o apanham pela frente. Incrível o poder de explosão deste rapaz. Pese embora continue a evidenciar alguma dificuldade na definição das jogadas, é neste momento um jogador absolutamente indiscutível da nossa equipa. Marcou um golo, tentou dar a marcar, correu como um doido (aparentemente só sabe correr assim), e faz brilhar ainda mais os laterais do seu lado, com os quais combina bem (Alex Sandro, por exemplo, consegue dar muito mais à equipa ofensivamente com Tello do que com Brahimi).

Danilo - 93 minutos, 4-0 no marcador e este jovem rouba uma bola, corre meio-campo como um como se a Humanidade dependesse daquele momento, e produz um obra de arte sob a forma de um missíl. De pé esquerdo. Um jogador que não sabe o que é jogar "a brincar". Espero sinceramente que o gajo atrás de mim que disse "Este Danilo hoje não acerta uma...", tenha ficado no Estádio até ao fim, tenha visto o golo monumental do brasileiro, e tenha tido uma cólica intestinal violenta naquele preciso momento.

Óliver - Já o pedi no jogo anterior, e estou disposto a fazer a primeira contribuição para a colecta: comecem a juntar trocos para manter este génio aqui. Não nos equivoquemos: Óliver tem tudo para ser um jogador de topo. Topo mesmo! Topo, numa escala de Pirlo a Iniesta

Entrada em jogo - Repito: absolutamente demolidores aqueles primeiros 10 minutos. Juro que vi jogadores adversários agarrados às canetas logo naquela fase. Uma entrada "mandona", como quem diz "Esta é a NOSSA casa, por isso, saínde da frente !!!". 

Lopetegui a ir ao banco - um treinador que olha para o campo, vê o que a equipa necessita, não tem medo de retirar Brahimi do jogo, e com duas substituições volta a ganhar o comando da partida. Não vale nada, pois não?

A ânsia por mais  - Já tinha saudades de ter uma equipa que, com um jogo já arrumado, quisesse marcar mais e mais... 2 anos de controlo soporífero do jogo, ali a segurar o 1-0 com unhas e dentes, seguido dum ano de descontrolo total e agora uma equipa que, não só nunca desiste quando as coisas correm mal, como quando as coisas já correm bastante bem. Aprecio esta atitude.

Qualidade dos golos -  Todos de difícil execução técnica e todos de belo recorte. Destaco a assistência brilhante de Quintero para a recepção e finalização de classe de Óliver e aquele momento de magia que nos proporcionou Danilo. Até o "chouriço" do golo do Alex Sandro foi marcado de calcanhar!

Diego Lopes - por momentos pensei que houvesse 3 Diegos Lopes na equipa do Rio Ave. Deixou-me água na boca este jogador (já tinha deixado antes, quando vi o jogo deles na Roménia para a Liga Europa).


(-) Negativo

Jogo sem bola - Os jogadores adversários têm a bola na defesa e todos os nossos jogadores estão posicionados de forma a que não haja linhas de passe dentro do nosso bloco. Porque caralho há de alguém sair à maluca, correr 30 metros em sprint, sabendo que vai desposicionar todo um sector com a brincadeira e NUNCA na vida vai conseguir ficar com aquela bola? Porquê fazermos a pressão de forma tão atabalhoada em algumas alturas do jogo? Porquê tantas faltas desnecessárias e tantas abordagens erradas aos lances em determinadas fases? A pressão tem de ser organizada e sempre, sempre, colectiva! Muito trabalho que ainda temos pela frente neste capítulo, principalmente porque já nos vi fazer melhor, e porque teremos adversários que vão exigir muito mais de nós na transição defensiva.

Indi e Casemiro "à bica" - Se fosse a Lopetegui, no próximo jogo, não os punha em campo. Tenho a certeza absoluta que, ou jogam de mãos e pernas atadas, ou não estarão em campo contra o Benfica na jornada seguinte. 

Herrera e Brahimi - Nesta altura parece-me que pagam o a factura da fadiga que vêm acumulando. Herrera corre aos 12 km por jogo e isso acaba por cansar. Brahimi não correrá tanto, mas está sempre ligado à corrente, sempre com a função de desequilibrar em TODOS os jogos. Contra o Shakhtar, por favor, nem os quero ver no banco. Mandem-nos para banhos e massagens, mas por favor dêem-lhes algum descanso. Porque muito talento sem oxigénio a chegar ao cérebro, não resulta.

Resultado justo, ponto final.  Retiremos o "golo" de Alex Sandro da Equação. Conto 8 ou 9 remates com bastante perigo, 3 belíssimas intervenções de Cássio, e 4 golos marcados. Do outro lado conto 2. Não entendo como há quem possa dizer que foi muito exagerado! 5 vezes mais lances de golo iminente do que o adversário e é exagerado? Porquê? Porque o adversário subiu uns metros no terreno? Golos a partir dos 80' já não contam para a análise do jogo? Digam isso ao Kelvin...



Deixo para último a melhor parte do jogo de ontem. A convite do nosso mais fiel "seguidor", leitor, comentador, agora também blogger (um excelente blogger, por sinal), e amigo Jorge Vassalo do Porto Universal,  desloquei-me ontem um pouco mais cedo para o Estádio com a singela promessa de "trocarmos um abraço". Registo aqui que, embora a vontade fosse mútua (e deva ser alargada, da minha parte ao Miguel Lima do Tomo II, também um nosso fiel seguidor e amigo e igualmente brilhante blogger, e ao incontornável Vila Pouca do Dragão Até à Morte, que é um blog de referência para todos os portistas e que me abriu as portas deste maravilhoso mundo), foi pela mão do Jorge que tudo se processou. Obviamente que nestas vidas blogosféricas partilha-se ideias, emoções, conforta-se amarguras, e um abraço só não chega para poder prestar in loco a nossa homenagem a quem acaba por estar "aqui ao lado" quase todos os dias. Foi 1h15 (nem contei o tempo, mas confio na palavra do Jorge) que passou demasiado rápido, mas que representou para mim tudo aquilo que, ao fim e ao cabo, nos faz querer pertencer à "família portista e bluegosférica": o sentimento de pertença, de partilha, de amizade e de portismo incondicional. 

Deixo aqui um especial agradecimento ao Jorge, tão afável e bom conversador como sempre desconfiei que fosse, e ao Nuno, um seu amigo que connosco partilhou aquele bom bocado. 

Uma experiência a repetir, sem dúvida alguma!

12 comentários:

  1. @ Z

    pelos vistos vais estar no jantar do 'bibó Porto'. "ambos os três" (Vila Pouca, Jorge e eu próprio) também estaremos por lá, inclusive antes de se colocarem os pés debaixo da mesa. será uma muito boa oportunidade de nova tertúlia penso eu de que :-)

    abr@ço
    Miguel | Tomo II

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Impecável! Também tenciono ir cedinho, quiçá até participar na tarde desportiva e fazer a minha estreia em jogos de hóquei... Será um gigantesco warm-up para o jogo de Domingo!

      Eliminar
  2. Caro Z,

    O Miguel vai dar-me a boleia que o Nuno não dá. Vou ao jantar!

    Uma vez mais estou super comovido com as palavras, que sabes que reproduzo direccionadas a ti.

    E concordo 100% com a crónica.

    Abraço Azul e Branco.

    Jorge Vassalo | Porto Universal

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Jorge, ainda bem que também podes ir! Só faltava o v.a.s.c.o.... Alguém frete um comboio ou um avião para o pôr cá num instante carago!!

      Eliminar
    2. Ahahahah, a ver se em breve consigo aparecer por aí para uma tertulia azul e branca!

      Eliminar
  3. «do nosso mais fiel"seguidor", leitor, comentador, agora também blogger»

    a seguir a mim, ó faxabôre, que comentei primeiro (não só no post mas principalmente no blogue) :-)

    abr@ços
    Miguel | Tomo II

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Caro Miguel,

      Tens toda a razão! Sois os nossos mais fieís seguidores, leitores, comentadores, bloggers e amigos!
      Ambos os dois!!

      Eliminar
  4. Boa Noite,descobri por acaso este blogue e li a cronica do ultimo jogo e concordo inteiramente com o que está escrito.
    Rui Santos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Caro Rui Santos,

      Obrigado pela visita e comentário. Esperemos vê-lo por cá mais vezes!

      Um abraço portista!

      Eliminar
  5. Não vos perdoo não me terem avisado...

    Abraço e continua, porque é importante haver gente com esse espírito, gente que não apregoa o F.C.Porto, pratica-o. Gente que não precisa de andar sempre a dizer mal para se afirmar, mesmo que às vezes a má-língua seja tão ridícula e tão pouco consistente que até dá vontade de rir.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Caro DVP,

      Falha registada, e que não volta a acontecer! A "tribo" portista é, felizmente, muito grande e muito coesa. Uma honra sentir-me parte duma tribo assim.

      Um abraço portista!

      Eliminar
  6. @ Z

    preciso de te contactar.

    manda-me um email para o do meu estamine sff.
    obrigado!

    abr@ço
    Miguel | Tomo II

    ResponderEliminar