terça-feira, 11 de novembro de 2014

Estoril vs F.C.Porto

Não será novidade para ninguém, mas confesso que gosto de Lopetegui. Porque sim. E ainda me dá mais gozo gostar de Lopetegui quando o vejo ser saco de pancada um pouco por todo o lado; admiro que (até agora) vá resistindo firmemente à vergonhosa perseguição que lhe tem sido montada, quer pela CS, quer pelos adeptos (?) do próprio clube. Mas devo confessar que no passado Domingo o MEU treinador me desiludiu. MEU treinador, leram bem, porque é MEU quando ganha de forma categórica em Bilbao, da mesma forma que é MEU quando perde em casa com Sporting ou perde pontos no Estoril. 


Depois de uma fase de crescendo exibicional, muito à custa da estabilização do meio-campo com Casemiro, Herrera e Óliver/Quintero, surpreendeu Julen ao colocar Adrian no apoio a Jackson, num 4-4-2 que, na prática, evoluía para um 4-2-4, bem largo mas com falta de poder de pressão e recuperação rápida da bola. O Estoril é uma equipa mediana, orientada por um treinador mediano, mas já se sabe que é com um recuar das linhas e povoamento do corredor central que este tipo de equipas nos tenta resistir; foi precisamente por aí, na minha óptica, que acabamos por não ter o controlo absoluto das operações. Acredito que a ideia fosse ter Adrian ou Jackson a recuar um pouco e funcionar como ponto de ligação entre meio-campo e ataque, permitindo assim chamar jogadores do Estoril para a zona central, libertando Quaresma, Brahimi, Danilo e Alex. Mas o que se viu foi que os dois avançados pareciam estar a ver-se pela primeira vez, sem saber muito bem que espaços ocupar nem definir bem as jogadas. Aqui, batam-me (!) sobressairam pela negativa Jackson, sem bola e Adrián, com bola. 

De qualquer forma, foi um F.C.Porto dominador que esteve em campo, e só no período pós-golo se viu algum vislumbre da equipa contrária. Havia, por exemplo, quem pensasse que tínhamos ido sem guarda-redes, tamanho o tempo que passeávamos no meio campo ofensivo. Obviamente que, como sempre tem acontecido, as equipas que jogam contra nós têm um aproveitamento absolutamente esmagador das raras jogadas de ataque que conseguem organizar, e a injustiça do 1-1 ao intervalo talvez castigasse em demasia um período de 10 minutos de perda de controlo das operações. 

Pensei mesmo que o meu caro Lopetegui fosse resgatar Oliver ou Quintero do banco, procurando dar algum suporte a Herrera e Casemiro nos momentos de posse, e dar mais algum trabalho ao duplo-pivot montado por Couceiro para tapar a zona central. Para meu espanto, não se vislumbrou qualquer alteração ao intervalo, e prosseguimos até aos 60' com um duo avançado a atrapalhar-se mutuamente, e com um jogo extremamente ofensivo mas, quiçá, demasiado lateralizado. Ainda assim, nesta altura, Maicon e Indi jogavam na linha de meio-campo, estando todos os 11 jogadores do Estoril remetidos para uns 30, 40m de terreno. Foi um período dum sufoco incrível! Conseguíamos furar o bloco, conseguíamos espaço para cruzar, mas o desacerto nos cruzamentos ou a inenarrável hesitação na hora de desferir um filho-da-puta-dum-pontapé-que-furasse-as-putas-das-redes-e-que-rebentasse-com-as-mãos-do-Kieszeck-pelo-caminho foram deixando o resultado na mesma. Lopetegui mexeu, desta feita mal, retirando Casemiro e recuando Herrera para jogar ao lado de Quintero. Perdeu-se assim a nossa melhor referência posicional (Casemiro), obrigou-se Herrera a fazer o que (ainda) não domina (Bom posicionamento, sobretudo, defensivo), e Quintero viu-se obrigado a "pegar" no jogo demasiado de trás. No ataque, o mal-amado (e desinspirado) Adrián deu lugar a Jackson. Num período de adaptação ao novo meio campo, o Estoril conseguiu sair por duas vezes do seu meio campo (a sério, duas vezes durante 45 minutos...); como sempre acontece nos jogos contra o Porto, da 2ª vez, o 1º remate à baliza de Fabiano durante a 2ª parte deu origem a uma grande penalidade (para mim, clara) que Tozé converteu num impensável, injusto, exasperante 2-1. Até ao fim, tivemos ainda Óliver em campo (para o lugar dum central) e arriscou-se tudo o que havia e não havia na tentativa de salvar, pelo menos, um ponto. Tal foi conseguido, fruto do físico de Aboubakar e da genialidade de Óliver (e duma vista grossa sobre um penalty escandaloso - mais um - que não foi marcado a nosso favor).

No final, Kieszeck fez a defesa da sua vida, impedindo Jackson de dar justiça ao marcador. E aposto convosco que esse cabrão desse guarda-redes não volta a fazer uma defesa daquelas na vida, a não ser que seja contra o Porto. O que quiserem.

Let's go to the notes:

(+) Positivo

Casemiro e Herrera - entendem-se bem estes dois. Embora reféns do elemento criativo da ordem (Óliver, Quintero ou Evandro - suspiro!) foram chegando para as encomendas. Gostei de os ver a baixar, à vez, para iniciarem a construção, e de os ver a pressionar, cortar, ou dar umas traulitadas nas canelas adversárias sem grande azo a hesitações. São os indiscutíveis - neste momento, atente-se - do nosso meio-campo, muito por culpa da forma como têm vindo a entender-se.

Aboubakar - Há qualquer coisa neste rapaz que me faz acreditar SEMPRE que com ele em campo vamos conseguir marcar. Ou que vai conseguir enfiar bola, defesa e guarda-redes dentro da baliza num qualquer remate, ao mesmo tempo que segura dois adversários debaixo dos braços. Entendeu-se melhor com Jackson do que Adrián e a capacidade de combate deste gigante valeu-nos meio-golo.

Óliver - Classe, pura classe. Ter a frieza de marcar um golo (depois duma mão do adversário, que deu para ver da Lua), com aquela tranquilidade e facilidade não é para qualquer um. Depois, ir a correr buscar o esférico para se conseguir marcar outro golo é dum jogador "à Porto". Gosto deste miúdo! 

Equipa que nunca desiste - Há coisa de meio ano atrás, perdíamos uma meia final da Taça, depois de estar em vantagem, jogando contra 10 durante uma enormidade de tempo. Perdemos de forma inapelável em Sevilha, sem sequer um esboço de reacção, depois de levarmos uma vantagem de 1 golo de casa. Este ano, já vamos no segundo empate obtido no limite... Duma coisa os rapazes (e Julen) não podem ser acusados: falta de atitude competitiva.


(-) Negativo

Julen - Mal na abordagem à partida, do ponto de vista táctico, e mal a mexer nas peças durante o jogo. Julen teve um jogo para esquecer. Critico-o, porque merece, da mesma forma que o elogiei quando fez por isso. Acredito que a ideia fosse muito boa, ao obrigar a equipa adversária a levar com Jackson e outro avançado móvel em cima, mas a falta de entendimento entre os avançados foi demasiado má para que pudesse resultar. Quando ainda tinha tempo de corrigir, mexeu mal, coisa que raramente faz... Gosto da postura de Julen (a sério que gosto), sempre muito confiante nas suas escolhas e decisões, não permitindo veleidades a quem gosta de colocar TUDO (até a forma como respira), em causa. Mas mexer num sistema que estava a ganhar força, dinâmica, entrosamento foi já algo a roçar a teimosia e, por conseguinte, pouca inteligência. Não fez sentido mudar, não resultou, e lá se foram 2 pontos... Assim, caro Julen, pões-te um bocado "a jeito" dos críticos! 
Nota: Ainda assim, continuo a achar que dominámos o jogo de forma tão clara que é anedótico que tenhamos saído com um empate da Amoreira.

Maicon - Jogada do 1º golo do Estoril: a defesa sobe de forma desorganizada e deixamos Emidio Rafael em jogo; toda a gente desata a correr para trás, na tentativa de cortar linhas de passe (com sucesso), esperando que Maicon faça a contenção, e obrigue o Emídio a rematar de ângulo apertado, ou a tentar um cruzamento quase impossível para o meio do barulho. O que faz Maicon? Entra de carrinho (não se sabe bem sobre quem), dá tempo a Emídio de parar, pensar, tomar um café, e escolher para quem passar a bola. 5 épocas depois da sua chegada, continuamos à espera do Maicon-patrão-da-defesa-em-todas-as-pré-épocas-e-nas-4-primeiras-jornadas. Nunca aparece! Onde anda Reyes?

Adrián - Bom sem bola e fraco com ela. Demasiado hesitante. Muito pouco "intenso". Passa a ideia dum homem que está marcado á nascença para morrer, enforcado, em praça pública, e que quando lhe dão a oportunidade de fugir, prefere ficar dentro da sua cela, a escrever cartas à sua amada, afundado na mais profunda depressão. Tenho-o defendido com unhas e dentes mas... fica dificil. Ainda assim, gostava que dessem uma vista de olhos ao fantástico artigo do nosso amigo Jorge Vassalo. Adrián é dos meus, e vou estar com ele até ao fim (tal como o Jorge e mais meia dúzia de portistas).

Fabiano e as suas saídas, vá, estúpidas - Naquilo que Fabiano mais nos assustava, jogo de pés, tem tido uma evolução notável. (Claro que, importa dizer, essa evolução em nada se deve ao trabalho do treinador... Fabiano tem andado a treinar passes contra uma parede, em casa). Nas saídas da baliza, tem paragens cerebrais. E se nas bolas aéreas, a envergadura e poder físico vão fazendo com que consiga socar a bola e derrubar 3 colegas de equipa e 2 adversários no mesmo movimento, nas bolas em profundidade a coisa fica complicada. Já em Alvalade a sua saída da baliza foi, vá, estúpida e custou-nos um golo. Desta feita não foi diferente... Parecia um Elefante a "correr" em direcção a uma Lebre, que corria como se fosse perseguida por um Jacaré. Ainda Fabiano lançava o seu ar esgazeado à sua presa e já o meu estômago se contorcia! 

Quaresma - Roubar a bola aos colegas para marcar os cantos e os livres todos (sem qualquer resultado...). Começar a entrar em picardias com todos os adversários que lhe apareçam à frente. protestar com ar ameaçador toda e qualquer decisão do árbitro, pondo-se a jeito para cartões. O "velho" Quaresma de volta! Se conseguirem demonstrar o que de positivo podemos retirar desta atitude, força, carreguem nessa caixa de comentários.



2 pontos perdidos. Ponto final.

Sendo verdade que a exibição foi mais esforçada do que conseguida, não deixa de ser verdade que tudo fizemos (e só nós fizemos), para sair do Estoril com os 3 pontos. Arrisco-me a dizer que, num dia normal do Estoril (sem aquela eficácia ofensiva a roçar os 100%) teríamos ganho 3-0, facilmente. Mais do dobro dos ataques, dos remates, de situações de golo e quase o dobro da posse de bola deveriam ter chegado para as encomendas. Não chegaram... (E olhem que  no Domingo juro que vi quem tenha feito bem menos, tenha jogado bastante pior e mesmo assim tenha ganho). Sonho com o dia, em que também nós vamos poder jogar mal e porcamente e, ainda assim, ganhar. Também sonho com o dia em que todos os adversários, para além do Braga, se lembrem de jogar com tanto ímpeto, tanta vontade e tanta eficácia ofensiva contra os nossos rivais.  

Que Julen passe esta paragem para Selecções a pensar bem sobre as suas responsabilidades neste "desaire". Que se contrate uma psicóloga loira e boazona para cuidar de Adrián. Que se trabalhe até à exaustão aquele 4-3-3 e todas as possíveis combinações de meio-campo. Que ninguém se lesione nas selecções. Que se ponha Indi a dar porrada no Maicon de cada vez que lhe para o cérebro. 

Que se chegue ao jogo com o Benfica em novo crescendo.

3 comentários:

  1. Caro Z,

    Obrigado pela referência ao meu humilde berloque.

    Subscrevo na integra o teu artigo, em especial a parte do Quaresma, visto pela segunda vez ainda foi mais parvinho.


    Abraço!

    Jorge Vassalo | Porto Universal

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  2. @ Z

    incluo-me na «mais meia dúzia de portistas» :D
    (ia acrescentar "e com muito orgulho", mas poderei ser mal interpretado)

    abr@ço
    Miguel | Tomo II

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  3. Tirando o livre de Quaresma descaído sobre a esquerda que Kiezek faz uma grande defesa, tirando o remate enrolado de....Quaresma em direcção frontal que Kiezek desvia para canto e tirando o cruzamento milimétrico de ...Quaresma para a cabeça de Aboubakar, que mais ocasiões tivemos? Aquele remate de olhos fechados no último segundo de Jackson?!

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