terça-feira, 25 de novembro de 2014

BATE vs F.C.Porto - Champions

Nada me dá mais gozo do que ver um jogador mal-amado de alguma da massa adepta do nosso clube (e de tantos entendidos em futebol que vou lendo por essa bluegosfera fora) fazer uma exibição como a que Herrera realizou hoje. Soberbo! Só isto, por mim, valeu todo o jogo.

Imagem retirada do site d'O Jogo.

Confesso que não consegui acompanhar toda a 1ª parte mas, do pouco que consegui ver e aquilo que fui ouvindo no relato, parece-me que foi tudo muito morno. Quiçá "congelados" pela temperatura fresquinha de Borisov, os nossos jogadores sentiam dificuldades em ligar jogadas, provocar desequilibrios, frente a um adversário que parecia apenas querer evitar repetir a goleada da 1ª volta. Embora tenhamos, sensivelmente a partir dos 25', "estacionado" no meio campo advsersário, esacassearam as oportunidades de golo (o nosso primeiro remate, que não foi á baliza, foi aos 34') e o nulo ao intervalo premiava o a táctica de contenção do BATE e a nossa incapacidade de provocar desequilíbrios no último terço do campo.

A 2ª parte foi bastante diferente, principalmente pela capacidade da nossa linha média de pressionar mais à frente, aproximando-se mais da linha ofensiva, oferecendo linhas de passe por dentro, que obrigavam os bielorussos a cometer mais erros. Com Herrera absolutamente endiabrado, Óliver sempre agressivo nas recuperações e inteligente na leitura ofensiva, e Casemiro a "varrer" tudo cá atrás foi sem surpresa que conseguimos chegar mais vezes perto da área contrária. O golaço de Herrera abriu as hostilidades, perto dos 10' da 2ª parte, e teve o condão de obrigar a equipa contrária a abrir mais espaços. O 2º golo, de Jackson (após primoroso trabalho e assistência de Herrera), decidiu o jogo.  De forma atabalhoada, o BATE tentava chegar mais à frente, permitindo-nos inúmeras recuperações de bola e consequentes contra-ataques que deixavam a defensiva contrária em "frangalhos". O último golo, de Tello, foi o corolário de uma 2ª parte de nível de Champions: segurança e eficácia de um nível a roçar a perfeição.

Sigamos para las notas.


(+) Positivo

Herrera - De forma incontestável, o MVP. Eu próprio devo confessar que este homem já me tirou do sério uma ou outra vez. Mas a verdade é que o mexicano tem dado provas de crescimento, melhora de jogo para jogo, e vem provando que é capaz de ser um elemento fundamental para o equilíbrio do nosso meio-campo. Herrera corre quilómetros, tanto em apoio ao ataque como em funções defensivas. Neste momento erra muito menos passes e, melhor ainda, é capaz de efectuar aberturas primorosas com um à-vontade desarmante. Hoje, marcou um golaço, num movimento que raramente vemos jogadores nossos arriscar (e com sucesso), num remate portentoso, cruzado, a resultar num tento de belo efeito. Mas as assistências então foram sulbimes. Na primeira, uma demonstração de técnica individual, na forma como fez a recepção de bola, temporizou e virou simples para Jackson. Na segunda, um passe "a la Xavi", a rasgar completamente a defensiva contrária, apanhando Tello no momento perfeito da veloz diagonal que desenhou a partir do flanco direito. Herrera está em grande. Herrera, o tal "feio", "orelhudo", "tacticamente pouco inteligente", "picareta", "mau jogador", demonstrou hoje que, no futebol, não há verdades absolutas nem são justos os "julgamentos sumários" que se fazem aos jogadores. Ainda tem muito por onde melhorar, mas acredito que tem a mentalidade certa (e a orientação técnica adequada) para o fazer. Parabéns!

Casemiro - Outro jogador bastante criticado desde o início, que vem demonstrando francas melhorias. Neste momento aquela linha mais recuada do meio-campo é toda dele. Parece mais rápido, mais controlado nos confrontos físicos, inteligente na forma como protege a bola e ganha faltas quando precisamos de "respirar" e um verdadeiro organizador de jogo, de cada vez que baixa para receber a bola dos centrais.

Indi/Marcano - Há um lance na 2ª parte em que somos apanhados em contra-pé, e a forma como Indi e Marcano abordam o lance, sem se desposicionarem, obrigando o avançado a ir lateralizando o movimento, deixando-o à mercê dum desarme simples, e dando tempo a Danilo de ajudar a fechar, deixou-me estranhamente descansado. São portentos de jogadores? Não, longe disso. Mas cometem poucos erros, e dão-me uma sensação maior de segurança do que qualquer outra "dupla" até agora. 

Óliver - Uma carraça em busca da bola; um génio na forma como dá linha de passe e toma, quase sempre as melhores decisões. Jogadorzaço este piqueno! Fazemos uma "baquinha" para comprar o rapaz no final da época?

Nível de Champions - Exibição sólida, eficácia tremenda, vitória incontestável. Na Champions não há espaço para contemplações, não há meias-vitórias - joga-se, ganha-se, period.




(-) Negativo

Quaresma - Não quero que pareça que estou sempre a bater no rapaz (até porque hoje é uma meia critica). Quando colocado a jogar desde início, raramente vemos o melhor Quaresma. É um facto! Não é perseguição nenhuma! Hoje tivemos mais uma demonstração desta versão Quaresma 90', menos fulgurante do que a versão Quaresma 20 ou 25'. É preciso arriscar, concedo isso, e Quaresma é um jogador de riscos. Mas arriscar remates de pé esquerdo, com um defesa mesmo ao lado, ainda longe da baliza, com colegas melhor posicionados talvez seja de mais, não? Se a isso juntarmos que quase nenhum cruzamento saiu em condições, conclui-se que o nosso "ciganito" teve uma noite não. E Tello, em bem menos tempo, fez bastante mais...

Fabiano - Tenho elogiado o trabalho que a equipa técnica tem feita com o brasileiro, como se constata na melhoria do jogo de pés. Hoje não gostei de o ver a facilitar, por duas vezes. Num jogo mais do que controlado, poderia ter dado origem a calafrios que tantas amarguras nos têm trazido nos tempos mais recentes. Olha para o Marcano caro Fabiano, e quando vires que estás apertado, "chuta para onde estiveres virado".

BATE - Não serve como justificação para nada, porque nada retira mérito a nova vitória na Champions, mas esta equipa é, sejamos justos, fraquita. Inoperante em termos ofensivos, limitada técnica e tacticamente, com um nível muito abaixo daquilo que se pode esperar numa competição desta envergadura. Não facilitámos um milimetro que fosse, o que foi óptimo e diz muito do espírito competitivo da nossa equipa (e Deus sabe que esta época, uma equipa que joga de xadrez e que talvez seja um tudo ou nada mais fraca do que o BATE já nos deixou a 0), mas constato só o facto de termos defrontado uma equipa com demasiadas limitações. 


E aí está -  5º jogo, 4ª vitória, 13 pontos e 1º lugar do grupo garantido, após a derrota do fraquíssimo Shakhtar contra o fraquíssimo Athletic. Mais 1M€ no bolso, e a certeza de que na última ronda podemos aproveitar para dar minutos de jogo a rapazes que ainda não tiveram oportunidade nesta competição. A certeza de também estarmos sólidos, funcionarmos cada vez mais como um colectivo e aquela esperança de finalmente encetarmos uma série de jogos com vitórias e exibições que não deixem sequer espaço para dúvidas.

Termino com uma observação, que acho pertinente e honesta. O BATE é fraquito, mas também o eram o Artmedia, que nos limpou o sebo na era Adriaanse, o APOEL, que conseguiu anular o "futebol tacticamente perfeito do recém-promovido Mestre da Táctica II/Conselheiro de Guardiola", Vítor Pereira, ou até o Wrexham, Molde ou Anderlecht. Convém não esquecer que outros treinadores, tão amados pela nossa exigente massa adepta, com plantéis igualmente bons, cheios de soluções e muito superiores a alguns destes adversários, tombaram com estrondo. Depois duma época de recordes negativos, convém começar a dar algum mérito ao Julen por estes resultados. É que desconfio que o rapaz já não estaria por cá, tivessem os resultados dele nestes jogos sido semelhantes aos de outros.

2 comentários:

  1. Caro Z,

    Concordo com tudo, como sempre!

    Quanto ao sr Pereira, e a sua ressabiadice, convido-te a ler e comentar isto

    Um grande abraço Portista,

    Jorge Vassalo | Porto Universal

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  2. Grande FC Porto.

    Grande Herrera, grande Casemiro e grandissimo Lopetegui...

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