segunda-feira, 28 de abril de 2014

F.C.Porto vs Benfica (Taça da Liga)

Por volta dos 60 minutos da 2ª parte deste jogo, virei-me para o amigo sentado ao meu lado no Estádio e disse "Vamos a penalties e perdemos...". Torna-se num exercício de paciência, de capacidade de encaixe, de sanidade mental, ver o Porto jogar esta época. A equipa consegue ser incompetente em tantos capítulos do jogo que começa a ser complicado não terminar o jogo com dois princípios de ataque cardíaco. Fomos melhores? Fomos. Fizemos muito mais para conseguir ganhar o jogo? Sem dúvida. Mas o futebol está recheado de jogos como o de hoje, e a verdade é que fomos muito, MUITO incompetentes no capítulo da finalização. De novo. E voltámos a sucumbir, a ser perfeitamente incapazes, ridículos até, jogando uma enormidade de tempo contra 10. De novo. 


Desde cedo se percebeu que o Benfica vinha ao Dragão apostado em defender e contra-atacar (com menos intensidade do que noutros jogos, evidentemente) e conseguir, acima de tudo, poupar as principais pedras para o jogo de próxima 5ª feira. O Porto jogou na sua "máxima" força, e fez uma 1ª parte agradável, criando oportunidades suficientes para estar a ganhar por 2-0 ao intervalo. Embora com alguns dos erros costumeiros neste Porto 13/14 - quantidade estúpida de passes errados, lentidão na circulação de bola, pouca mobilidade sem bola - e aproveitando o facto de Steven Vitória ser um jogador lento, fomos conseguindo explorar algum espaço do lado direito da defensiva encarnada, que só por uma miserável capacidade de finalização do melhor marcador (!) da nossa equipa na presente época não resultaram em golo. 


Aos 32 minutos Steven Vitória foi expulso (parece-me que correctamente) e talvez tenha sido isso o pior que nos aconteceu, visto que entrou Garay para o lugar de Lima (aqui Jesus foi bonzinho, ao deixar-nos com Cardozo sozinho na frente), e a defesa encarnada estabilizou. 
Na 2ª parte assistimos a uma repetição do que se passou há uns tempos na Luz: muita posse de bola, muita lateralização do jogo, mas pouco volume ofensivo, poucos movimentos de ruptura, muitos passes em profundidade ridículos e ... incapacidade de finalizar ou de aproximação à área adversária. Nunca conseguimos aproximar-nos sequer de fazer uma jogada de real perigo e se é verdade que Fabiano foi um espectador durante todo o jogo, Oblak, na 2ª parte, viu sempre a bola longe da sua área. Quintero entrou para dar mais alguma capacidade de destruir a organização defensiva do Benfica (fortíssima, por sinal), e esteve bem (consegue fazer passes em profundidade certinhos, ao contrário de TODOS os outros companheiros) mas confesso que não entendi a entrada de Ghilas para aquela posição - nem a saída de Quaresma - ou até a entrada de Ricardo naquela altura do jogo. 
Nos penalties, como já temia, veio ao de cima o momento psicológico de cada equipa. Ainda assim, continuo a não achar admissível que uma equipa profissional, mantenha um registo tão miserável nos pontapés dos 11m. 
Perdemos. De novo. Desta vez, uma das poucas em que fomos superiores ao adversário. E lá fomos nós, cabisbaixos, tristes, humilhados. De novo. A rezar para que Agosto chegue rápido... 

( + ) Positivo

  • Herrera - principalmente pela 1ª parte que fez. Soube explorar o espaço do lado esquerdo do ataque, e foi ele o grande dinamizador das jogadas ofensivas construídas nesse período. Soube subir com critério e fazer as tais rupturas nas costas da defensiva encarnada. Esteve também muito bem na pressão e recuperou bastantes bolas em zonas importantes. Na 2ª parte perdeu algum fulgor - e quando se apaga, é a qualidade do passe que mais se ressente -, mas continuo a achar que, com um treinador adequado, pode ser um belíssimo jogador. O potencial está lá.



  • Maicon e Mangala - é certo que se tratou dum jogo em que tiveram menos trabalho, devido ao facto de terem jogado grande parte do tempo em clara superioridade numérica face ao ataque encarnado, mas defensivamente estiveram irrepreensíveis. Continuam a ter as paragens cerebrais que tanto nos assustam, e parece sempre que a qualquer momento podem perder a bola em zonas fatais. Quando estão sob pressão tendem a fazer passes que raramente chegam a alguém da mesma equipa, mas pelo menos nenhum deles se chama Abdoulaye, o que esta época já é um factor positivo. 


( - ) Negativo

  • Jackson - ABSOLUTAMENTE MISERÁVEL. Posso ainda estar a escrever um pouco a quente mas, para mim, a carreira deste menino no Porto acabava aqui, hoje, já! Dava-lhe o bilhete de avião, e desejava-lhe toda a sorte para o clube para onde o vendermos. Jackson é dos jogadores que vai falando muito e decidindo pouco. Registo que nos jogos mais importantes que tivemos nestas 2 épocas, fez sempre muito pouco. Recordo que, no ano passado, já a brincadeira das grandes penalidades nos podia ter custado o título. Um avançado não pode nunca desperdiçar 3 oportunidades daquelas, no decorrer do mesmo jogo, e ainda ir a tempo de atirar um penalty para a Superior Sul, numa altura em que nos podia dar a vantagem. Provavelmente este menino mimado vai para casa, vai dormir em paz, pensar que já falta pouco para o Mundial e para assinar um contrato chorudo por um qualquer clube grande dessa Europa, enquanto nós temos de ultrapassar nova humilhação. Facilitem-lhe a vida. Boas férias, Jackson!



  • Luís Castro - já havia achado isso no jogo na Luz, e volto a achar hoje. Aquilo que corrigiu ao fazer entrar Quintero mais cedo, desfez depois com a alteração de Ghilas por Quaresma - que nem estava num dia de nota 20, mas também não estava o Quaresma complicativo e brincalhão de outras alturas. Que sinal terá passado à equipa quando fez troca por troca, deixando Danilo a assumir o corredor todo até rebentar? Não Conseguiu ver que nos faltava - como faltou na Luz - um elemento que pudesse dar outras soluções de passe entre as duas linhas defensivas encarnadas? E Ghilas, tem sempre de ser extremo porquê? Para dar profundidade?? Ghilas?? Porque não arriscar dois avançados, quando temos mais um jogador e a equipa adversária abdicou de atacar? E aquela entrada de Ricardo, com tão pouco tempo para jogar? Nao entendi caro Professor.



  • Falta de "cojones" - numa época igualmente miserável, 04/05, estávamos nós a viver uma crise de resultados e exibições, com um dos plantéis mais caros de sempre do futebol português, e quem tem a grande penalidade decisiva é Pedro Emanuel, conhecido por tudo menos pelas qualidades de goleador. Mas quem encara daquela forma a bola e a baliza (tenho em mente que ele nem quis saber se havia ou não guarda-redes do outro lado), sabemos que não pode - não vai! -  falhar. E antes disso já tinha sido Ricardo Costa - outro mago goleador - a pôr a redondinha no fundo da rede. Bons tempos esses... Hoje, meus caros, na altura de marcar penalties, virados para a imensa claque azul e branca, os de vermelho não tremeram. Encararam a nossa baliza e o mar de adeptos visitados como Pedro Emanuel encarou a baliza dos colombianos, há 10 anos atrás. Os nossos tremeram tanto que dava para ouvir os ossos a bater uns nos outros. Mesmo com os dois falhanços dos adversários, conseguimos não aproveitar para passar para a frente. Incompetência. Ponto final!

  • Contra 10 - a maior expressão da incompetência duma equipa. Incapacidade total para aproveitar a superioridade numérica, em casa, contra um adversário que só queria sair daqui sem lesões e sem se cansar muito. Bravo Rapazes!


Os nossos jogadores têm, neste momento, medo da própria sombra. Medo que o céu lhes caia em cima. Medo de acertar, de errar, de arriscar, de ganhar ou de perder. Têm medo! João Pinto, Paulinho Santos, Jorge Costa perderiam mais de meio jogo a berrar e a esbofetear alguns dos artistas que envergam (muitas vezes tão mal) o nosso manto azul e branco. Precisamos que isto termine rápido. Precisamos que o recomeço venha ainda mais rápido. Precisamos de nem ouvir falar de futebol, treinadores, contratações até ao 1º jogo da próxima época. E precisávamos deste banho de humildade. O Porto (jogadores, dirigentes e adeptos), ficou perdido em festejos algures na época passada. Tornámo-nos naquilo que mais nos enojava: arrogantes. Gozámos com as finais perdidas pelo nosso maior adversário, que esteve em 3 delas, contra 1 nossa. Este ano podem ainda ganhar 4. Nós sabemos desde já que vamos ficar a zero. Foi uma época que começou por ser de alguma esperança, passou para ser medíocre, depois evoluiu para má e termina como a mais humilhante de que me recordo. Hoje fomos humilhados, de novo, pelos nossos maiores rivais. Merecidíssimo caros portistas. Que nos sirva de lição.


4 comentários:

  1. Caro Zé,
    Parabens pela análise que me parece acertada em praticamente todos os pontos. De facto, o fim desta época e o fim de época da última temporada podem e devem dar um livro sobre "Como ultrapassar o fracasso e como encarar o sucesso" . Como ultrapassar o fracasso no caso do meu Benfica, que depois de um fim de época traumatizante, triste e melancólica como 2012/13, soube transformar toda a frustração e humilhação em humildade e vontade. Os resultados estão à vista. Pode "limpar" tudo. Encarar o sucesso como o teu Porto não soube. Depois de ter conquistado o tri, não soube ultrapassar aquele minuto 92. Achou que esse minuto, por si só, ia dar vantagem em todos os jogos ainda antes do apito inicial. E ao primeiro abanão caiu. E neste jogo em particular esteve patente o que a diferença de estados de espirito e de alma podem fazer nas equipas. Pior que jogar contra uma boa equipa, é jogar contra uma má equipa motivada. E a verdade é que o meu Benfica foi mauzinho no jogo. Muitas alterações, pouco entrosamento, jogadores pouco rodados e outros a regressar de lesão. Mas todos tremendamente motivados, confiantes e certos da sua valia. E certos que, com menos um nem em duas horas haveriam de sofrer um golo. Eu também ao meu lado disse a um adepto do fcp ao intervalo que o Porto nunca mais ganhava o jogo. E acertei \o/ Porque via-se a desconfiança e descrença na cara de cada um deles. Viamos um artista (o Quaresma) descrente na magia que pode fazer, um goleador(?) descrente na leis da física e viamos o Herrera, que está no 1º ano em Portugal , a tentar mostrar como se devia fazer. E vi também, do meu lado, um Ivan Cavaleiro que correu (e bem) a fechar o corredor até cair literalmente para o lado ainda a ir marcar o seu penalti. Vi um Amorim regressado de uma lesão com uma tranquilidade palaciana no meio-campo e vi sobretudo um puto de 21 anos (ou será 38?), que nem queria jogar mais no Benfica no inicio de época, a mostrar um segurança e tranquilidade que ha muito não via naquelas redes (ele parece-me tão certinho e calmo que pareceu-me que estava chateado por , logo a seguir ao apito final, não irem para Lisboa para conseguir estar na cama as 22.) .

    Um abraço para ti Zézito e parabens pelo espaço,

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    1. Obrigado pela gentileza meu amigo. Já agora, parabéns pela época extraordinária! Vai aparecendo por aqui!

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  2. Amigo Z,

    Confesso que precisei destes dias para pensar bem no que se passou em campo. E continuo sem perceber como o FCP passa uma hora de jogo a jogar contra 10 e não cria uma unica oportunidade de golo. Não há alegria, não há vontade, não há querer... Não há Porto! Nesta fase acredito que os jogadores só querem é que a época termine e vamos esperar que esta (experiente) direcção consiga corrigir os erros deste ano, que começaram mal a época anterior terminou!

    Um abraço,
    AM

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  3. Caro AM,

    Por aquilo que conheço da estrutura directiva do Porto, por muitos erros que tenham cometido no planeamento desta época, por esta altura a próxima temporada já estará definida há bastante tempo. Daí a entrada de Luís Castro para o leme, de forma temporária. Sendo assim, quer-me parecer que o dossier "treinador" já está garantido, e o plantel deve estar bem definido. Quem sabe, não conseguimos fazer desta temporada miserável um tónico para uma época bem melhor? Considero que temos de ter bastante cuidado com a renovação que queremos fazer... Há jogadores que têm de sair - e vão sair - mas não podemos mandar tudo embora. E há jogadores com imenso potencial (danilo e alex sandro, nas mãos de Jesus.... nem quero imaginar), mas que fizeram época miserável como o resto da equipa. E aí está grande parte da explicação para estes últimos jogos: falta de treinador competente desde Agosto. Essa aposta saiu ao lado, ponto final

    Abraço e continua a aparecer por aqui

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