quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Fernando Santos... e os magníficos sub-21

Agora que tivemos a 2ª paragem nas competições nacionais em praticamente 2 meses (sonho com o dia em que FIFA e UEFA vão gizar um plano competitivo que não prejudique os clubes desta forma), falemos um pouquinho sobre as Selecções.



Os sub-21 alcançaram um feito inédito, diga-se. Não obstante o talento que por ali anda, há que reconhecer que Rui Jorge soube retirar máxima vantagem desse facto. Não chega haver talento, é preciso pô-lo ao serviço da equipa e isso, não é para todos. Se já durante a fase de grupos os miúdos fizeram exibições portentosas, o jogo em Alkmaar foi fantástico. Estratégia bem montada, jogadores todos muito próximos, abnegados e extremamente pressionantes, belos intérpretes e, sobretudo, um hino ao futebol colectivo. Gostei imenso de ver este jogo, e fiquei ainda mais entusiasmado com Rúben e, principalmente, com Ricardo. Se no primeiro impressiona a facilidade com que se integra numa equipa já com 8 jogos de "andamento" e ocupa aquela posição "6" com uma classe e tranquilidade assustadoras, Ricardo continua a demonstrar uma polivalência inacreditável. Já o vi a jogar como Lateral (esquerdo e direito), Médio Ofensivo (no Vitória), Extremo (esquerdo ou direito), Central (durante uns minutos na época passada em casa com o Belenenses), e agora como Avançado mais móvel no 4-4-2 dos sub-21. E o mais curioso é que foram raras as vezes que não me surpreendeu. Alia uma belíssima capacidade técnica a uma velocidade notável mas parece-me que a sua maior arma é a inteligência posicional que demonstra em qualquer posição em que joga. Bem sei que tem rivais à altura no plantel principal do Porto mas vejo o rapaz como uma certeza para um futuro muito breve. Não acompanhei o festival de golos de Paços de Ferreira, na 2ª mão do play-off, mas ver os nomes de Rúben e Ricardo na lista de marcadores encheu-me de alegria. Menção honrosa para Sérgio Oliveira e um grande destaque para Bernardo Silva - é, efectivamente, um jogador que tem tudo para ser fabuloso. 



Falemos agora dos AA, comandados agora pelo nosso querido Engenheiro. Gosto de Fernando Santos, tenho de admitir. É fácil gostar dele: parece-me um indivíduo inteligente, ponderado, bom comunicador, sério e trabalhador mas, acima de tudo, coerente. Recordo-me de ver as suas equipas sempre bem trabalhadas no plano ofensivo, e com um sistema defensivo de referências individuais pouco "moderno". Era também pouco acutilante (corajoso, se preferirem) na abordagem a alguns jogos, mas não esqueço que com ele derrotámos um Super Real Madrid, e só um tristemente célebre Hugh Dallas nos impediu de eliminar o colosso Bayern na Champions. Mesmo depois de ter deixado o clube para outras aventuras, onde se contam passagens pelos nossos rivais, penso que não há uma alma que não simpatize com o Engenheiro. Sendo assim, parece-me que estão criadas as condições ideais para que haja alguma harmonia em torno da selecção, no que à liderança técnica diz respeito.

Não vi o jogo de Sábado, excepto os últimos 10 minutos, e gostei da sensação de ver um colectivo mais organizado, mais crente nas suas capacidades e com capacidade de luta. Vi também Quaresma a fazer o gosto ao pé (confesso que teria tremido se fosse marcar um penalty pelo Porto...) e um João Mário a deixar água na boca. 
No jogo de ontem, podemos destacar a coragem de Fernando Santos em avançar com a "remodelação" do modelo de jogo. Um meio campo com maior propensão para ter, e saber ter bola - pese embora a fraca forma de Moutinho - com o nosso mais forte trio de avançados à frente, com bastante mobilidade e velocidade. Na defesa, voltámos a ter dois defesas-centrais competentes (jogaço de Ricardo Carvalho), e só as anedotas que jogam como laterais destoaram. Sendo certo que foi um jogo com pouco sabor, é também verdade que Portugal criou mais oportunidades e fez mais por merecer a vitória. Não gostei muito de alguma desorganização entre os 20-35min da 1ª parte, e também com o facto de Tiago e Moutinho se terem desgastado tanto com coberturas defensivas. Sendo eles os cérebros da construção ofensiva, ficaram com poucas pernas para a parte final do jogo. Santos leu bem, ao colocar Quaresma e João Mário e foi uma maravilha ver aquele cruzamento genial de Quaresma chegar direitinho à cabeça de Ronaldo. Quanto a Quaresma, no pouco tempo que esteve em campo demonstrou tudo aquilo que é: tentou por 2,3 vezes fintar 2,3 adversários em zonas impossíveis, perdendo a bola com facilidade, e depois foi capaz de ir à linha "sacar" um cruzamento perfeito, que valeu 3 pontos. Assim, fácil. Tudo isto do tal jogador que dá mau ambiente se não joga e que é muito individualista (argumento de acéfalo, numa selecção que tem Ronaldo...). Doeu muito Paulo Bento?


Venha a Taça!


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