Sou, desde o primeiro dia, defensor de Lopetegui. Gosto do seu espírito guerreiro no banco, enérgico e interventivo, exigente e sempre ligado ao jogo. Concedo que tenha errado no decorrer desta época, quer nas escolhas para alguns jogos (onde por vezes acabou por não ter sucesso, mesmo que não tenha sido por culpa directa das suas escolhas), quer na parte táctica colectiva. Chegámos ao final da época e alguns defeitos, como a fraca acutilância ofensiva, da quase nula utilização do corredor central e da miséria que são as nossas bolas paradas ofensivas, mantêm-se. Revelámos também alguma incapacidade para responder com determinação em jogos decisivos e, pior, deixou-me angustiado a incapacidade que temos revelado em conseguir protagonizar reviravoltas - mesmo que essa característica não seja recente. E, nestas coisas, a responsabilidade do treinador é sempre elevada (porque tudo se pode treinar, e tudo faz parte duma filosofia global de jogo). Por outro lado, comparando esta temporada à anterior, tudo mudou para melhor. Menos golos sofridos e mais golos marcados. Uma percentagem de vitórias e um número total de pontos (comparando com os possíveis de fazer, independentemente das 30 ou 34 jornadas) superior. Uma belíssima e meritória campanha europeia (coisa que, em termos de Champions, não tínhamos desde Jesualdo Ferreira) e a recuperação total de activos importantes que se "arrastaram durante grande parte a temporada passada (Danilo, Alex Sandro ou Maicon, por exemplo). Até Herrera fez jogos bons este ano!
Por tudo isto, e tendo em conta algumas atenuantes (que existem, não são inventadas, nem sequer podem ser consideradas desculpas), como a juventude do plantel, a imensidão de novos jogadores, a própria inexperiência de Julen neste tipo de trabalho como treinador principal duma equipa como o F.C.Porto, penso que a continuidade do basco não deve ser posta em causa. Lopetegui pode fazer melhor e, estou convicto, vai fazê-lo. E fazer melhor significa, essencialmente, ser campeão. Deixemo-nos de merdas: se a época tivesse terminado com eliminações precoces em todas as competições e com o título de campeão no bolso, todo o discurso da nação portista estaria a ser diferente. E sabem a que distãncia ficaremos (provavelmente) desse objectivo findo o campeonato? 3 pontos! 3 míseros pontos! Acredito portanto que Lopetegui é o homem certo para que possamos estar todos felizes, em paz, vitoriosos no final da próxima época.
Acontece que no título há um "mas...", e isso traz consigo uma crítica: os timings da sua comunicação.
Lopetegui foi-nos mostrando ao longo da época que tem um carácter forte, que comunica bem (de um modo geral) e que não deixa nenhum "chico-esperto" sem resposta. No final do jogo de Guimarães, por exemplo, tinha a minha total simpatia se decidisse "desfazer" a equipa de arbitragem pelo escândalo que ali se passou, em nosso claro prejuízo. Mas Lopetegui parece ter guardado grande parte das suas "balas" para a parte final da época. E, pior, Lopetegui "endureceu" bastante o seu discurso - não só pelas possíveis queixas da arbitragem, mas também na forma de abordar os jornalistas - SEMPRE que perdeu pontos. Não digo que não tivesse razão em grande parte das vezes, logicamente. Tivemos razões de queixa em alguns dos nossos jogos durante a presente época, em contraponto com o que se foi passando em alguns (demasiados) jogos do mais recente campeão nacional. Mas é preciso um bocado de lata para vir com esse discurso após um jogo como o de Belém, ou os jogos contra o Maritimo, por exemplo. E isso aconteceu durante esta época, e não me agradou nadinha. Quando a minha equipa joga mal e porcamente, e não é capaz dos "mínimos" exigidos durante 90 minutos, venho falar de arbitragens? A sério? Venho justificar péssimas exibições com as arbitragens dos jogos dos outros? Isso não era o que tanto criticávamos nos nossos rivais? Isso não soa a Calimerismo? A mim soou, e soou vezes demais nas últimas 3/4 semanas. Não gostei deste final de época dentro de campo, e detestei-o fora de campo (não só pelo que acabo de falar, como poderão constatar em posts futuros). Lopetegui pareceu-me perdido, tenso, angustiado e algumas das suas conferências de imprensa foram totalmente desnecessárias. No período de um mês, Julen desgastou de forma bastante acentuada a sua imagem, não só fora de portas como no seio dos adeptos e do seu grupo de trabalho. Um líder tem de conseguir demonstrar controlo, firmeza, elegância e determinação, independentemente dos resultados. As arbitragens acabaram a servir demasiado como forma de esconder algumas exibições demasiado pálidas e alguma incapacidade em momentos chave. Não gostei...
Esta imagem ilustra na perfeição como deve uma estrutura com a grandeza e a classe do F.C.Porto responder a injustiças. O resto é só andarmos a encher-nos de ridículo. Fala-se uma vez, na altura certa e com a firmeza necessária. Se necessário fôr, decreta-se um"black-out". Andarmos a perder-nos com queixinhas incessantes acaba por nos colocar mais próximos do anedotário do que da Razão.
Termino com um pensamento forte, que penso que deve ser o mote para a próxima época: sem desculpas.
Na próxima época não pode haver desculpas!