segunda-feira, 2 de junho de 2014

Pecados Mortais - O 4x2x3x1

Conforme tínhamos dito a 18 de Maio (aqui) vamos iniciar a nossa lista sobre os 7 pecados mortais que na nossa opinião originaram esta época desastrosa.

Um dos problemas que quase todos os adeptos identificaram nesta temporada que terminou foi o uso do 4x2x3x1. Ao contrário do Z, do meu pai e de muitos portistas, eu era adepto do futebol de Vitor Pereira
(Não se zanguem já comigo!) e passo a explicar porquê. Era um futebol de posse e controlo do jogo. Era uma equipa sempre muito junta, com os sectores próximos, com uma agressividade fantástica no momento da perda de bola, que funcionava SEMPRE em bloco, que não concedia oportunidades ao adversários de se aproximarem da nossa baliza, tinha um plantel com (apenas) 12 ou 13 jogadores capazes e à qual faltava (aqui estaremos todos de acordo) alguma qualidade no último terço do terreno.

Não quero que pensem que este blogue é fã do Luís Freitas Lobo, mas há bitaites tácticos que têm de ser dados e que consideramos serem óbvios.


Desde o inicio da temporada, quando ainda estava tudo entusiasmado com a digressão à América do Sul, que falei com o Z e um amigo comum de ambos e disse que me preocupava muito a transição defensiva da nossa equipa. Se a nível atacante estávamos mais confiantes, mais objectivos, mais concretizadores, a nível defensivo quando perdíamos a bola era estranha a distância entre sectores e a manutenção da largura no momento de recuo para a defesa. Mas pensei cá para mim: "Caramba Vasco, estão na pré-época! E estão a jogar a não sei quantos metros acima do nível do mar! Devem estar com uma moca que nem pensam correctamente!"

Começava a época, e 15 minutos brutais frente ao Vitória eram suficientes para trazer mais uma Supertaça e mascarar algumas deficiências.

O Benfica ainda abalado por um final de época terrível começava a época de forma desastrosa e nós lá íamos cumprindo com a nossa parte. 5 pontos de vantagem e falava-se na hipótese de fim de linha para Jorge Jesus (como as coisas mudam rápido no futebol...) Mas os sintomas continuavam lá todos: Sectores sempre afastados provocado pelo excesso de jogadores em largura, a incapacidade de Fernando e Lucho compreenderem as suas funções neste novo desenho, reacção sempre pobre no momento da perda de bola com o recuo de jogadores para o sector defensivo ao invés da pressão lateral quando a equipa estava subida no terreno, condicionando assim o portador da bola e tapando as linhas de passe do adversário.

Havia confiança e as coisas até iam saindo. Pelo menos a nível nacional. Mas a Champions, onde dá algum jeito as equipas serem inteligentes e organizadas, punha a descoberto todas as imperfeições desta equipa de Paulo Fonseca. Aquela derrota com o Atlético no Dragão mostrava que esta era um Porto "anjinho" e sem estofo para aguentar a mínima adversidade. A época seguia e os primeiros tropeções surgiam. Estoril, Belenenses e Académica fora, Nacional em casa. A juntar a uma campanha na Champions completamente absurda (nomeadamente em casa). Eram sinais a mais que nos transmitiam insegurança e confirmavam vários sintomas. 

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Era uma equipa que partia facilmente, normalmente em dois (6x4 = Defesa + 2 pivots x Extremos + 10 + Avançado) onde os 4 da frente pareciam sempre com pouca disponibilidade para defender. As distracções defensivas, os erros no inicio da construção, principalmente dos centrais, originavam perdas de bola e resultaram muitas vezes em golos do adversário. Otamendi e Mangala pareciam agora jogadores banais ou verdadeiros "mancos". Culpa própria ou culpa do mister? Ambos. Culpa própria, porque às vezes aquele alívios à Maicon, onde a bola é agredida para voar 40 ou 50 metros no ar, são melhores do que tentar sempre sair a jogar. Culpa própria, porque a concentração e a determinação por vezes não parecia ser a mesma de épocas anteriores. Culpa do mister, que via neles qualidade para iniciarem o jogo da equipa não fazendo nenhum dos médios baixar para pegar no jogo (Se Otamendi fez muitas vezes esse papel com Vitor Pereira, com Mangala era sempre Moutinho que baixava e iniciava ali a construção). Culpa do Mister que procurava jogar sempre com a defesa subida, com os médios interiores (!) em linha, não havendo cobertura no meio-campo. Quantos golos sofremos em que o adversário recuperava a 2ª bola algures no meio-campo e em velocidade ultrapassava um Otamendi que nunca foi rápido e um Mangala que partia atrasado? Lembro-me facilmente do golo de Luis Leal na Amoreira e do golo de Rodrigo na Luz (em baixo, vemos a jogada completa. Dificuldade dos centrais pressionados em iniciar construção, ausência de linhas de passe, mau alivio, má reacção e mau posicionamento na perda... Golo)



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Fuck my life! E como este golo existiram tantos outros...

Também no ataque existiram graves problemas. Vimos muitas vezes Jackson Martinez a ser uma autêntica "ilha" num mar de defesas adversários, onde era facilmente anulado. Aliás, este Porto não "gostava" de construir pelo corredor central onde estão as balizas... O jogo ofensivo privilegiava (quase) sempre os corredores, com o lateral ou extremo a desmarcarem-se em profundidade e cruzamento para a área. As decisões (talvez o mais importante no futebol) quando a equipa se encontrava em posse e a iniciar o ataque eram por vezes, demasiadas vezes, más decisões. Uma equipa que no ano anterior jogava em posse e se sentia confortável como tal, via-se este ano com bola e era um "Ai Jesus", parecia que a "redondinha" queimava os pés dos nossos jogadores. A movimentação sem bola era quase nula e as linhas de passe não existiam. O que resultava numa constante agonia em nós, adeptos. Era uma equipa que defendia mal, que não se movimenta bem com ou sem bola e que era completamente inoperante do ponto de vista ofensivo.

Tendo em conta o ano anterior, podemos dizer que com Paulo Fonseca assistimos a "Tudo o que o 4x2x3x1 levou..."


PS: Não estamos aqui a criticar o 4x2x3x1 em si. Criticamos sim o modelo de jogo e as suas características. 

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