Começa a ficar complicado compreender as oscilações deste nosso Porto, especialmente em jogos fora de portas. É igualmente preocupante conseguir descortinar como pode ser tão complicado, para uma equipa com tão bons intérpretes, passar 45 minutos a depender de livres e dum chutão para a frente (que Osvaldo dominou de forma impossível), para criar perigo para a baliza dum adversário fraco. Fraco, não. Fraquíssimo.
E não, não é da escolha dos intervenientes. Temos um plantel com capacidade para fazer 3 ou 4 "onzes" diferentes, colocar ainda jogadores da equipa B, e ainda assim ser capazes de ganhar a 90% das equipas do nosso fraco campeonato. Assumamos isso duma vez por todas.
Ora, esta gritante incapacidade de gerar perigo contra equipas deste calibre e, pior, de gerir uma vantagem contra uma equipa que apresenta tão poucos argumentos, tem de ser motivo para alarme. Neste momento, a equipa do Porto não oferece segurança, garantias, em nenhum jogo, porque nunca sabemos que face vamos ter.
Pior do que isto tudo, só a ironia de termos concedido pelo menos 2 ocasiões claríssimas de golo (que, efectivamente deram golo) e criado quase o mesmo número de ocasiões claras, tendo 70% e uns trocos de posse de bola. O que é que andamos a fazer á puta da bola durante tanto puto de tanto tempo, pá???
Assim, senhores, não vamos lá. Porque os Campeonatos ganham-se contra os Moreirenses e Boavistas desta vida (em casa e, principalmente fora).
(+) Positivo
Osvaldo - Na primeira oportunidade como titular, demonstrou que é um jogador de qualidade. Bem na forma como recebe, segura, e solta a bola, quase sempre com critério, quase sempre com belas execuções técnicas. Quase conseguiu transformar um estapafúrdio "passe" longo num belíssimo golo, mas foi pelo que ofereceu aos colegas que se destacou. Como não me acredito que um avançado viva exclusivamente de golos, penso que podemos estar tranquilos quanto à substituição de Aboubakar, quando tal seja necessário.
1º golo do Moreirense - O maior atestado de "incompetência" à irritante previsibilidade do nosso jogo. Bastou aos cónegos uma simples tabela, com 2 jogadores contra 3 ou 4 do Porto, para conseguirem uma situação de 1x0, daquelas de golo fácil. Tabelar, utilizando o corredor central. Terão Miguel Leal e Iuri Medeiros descoberto a pólvora? Não, não. é tão simples, tão básico, que até a merda do Moreirense consegue marcar um golo num lance destes. Nós... Lá chegaremos, quando decidirmos que andar a virar flanco a cada 2 toques é capaz de não criar grandes vantagens em lado algum.
Combatividade e Risco - Tenho lido por aí críticas ao empenho dos nossos jogadores e, francamente, não consigo compreender essa corrente de pensamento. Não me pareceu, em momento algum, que tenha sido por falta de empenho que as vantagens se esfumaram. Houve alturas em que a equipa sufucou, apertou, correu, tentou, arriscou, e acabou por ser premiada com um golo. Pena que a capacidade de "pensar" (por falta de oxigénio em muitas cabeças ou por ordens de Lopetegui?) se tenha esfumado neste período e tenha faltado nos últimos 10 minutos. E aqui, há que dizê-lo, Lopetegui esteve bem, arriscando tudo o que podia, dando ainda assim algum fio lógico às opções. E foi a colocação de Corona entre-linhas que foi decisiva para o golo. E foi também o único período em que Corona fez algo de positivo no jogo. E porquê? Porque quando a bola caía na zona central do terreno (aquela puta daquela zona que Lopetegui parece querer riscar do jogo, porque jogar com toda a gente bem colada à linha é que é fixe), Corona estava invariavelmente sozinho, e com Aboubakar e Osvaldo a confundir marcações, laterais a dar apoios interiores e extremos mais abertos, o mexicano tinha bastante tempo para chamar a si algum adversário e colocar num colega melhor posicionado. E foi aqui que se construíram as melhores situações de ataque, porque todas elas ficaram próximas de nos proporcionar finalizações mais fáceis (como as duas de Corona, em que uma deu golo). E agora fica a questão: porque ca-ra-lho não jogamos mais vezes pelo corredor central? Será que Lopetegui percebe as coisas boas que isso traz, quando é ele próprio a colocá-las em prática no decorrer do jogo? Ou será tudo isto aleatório e afinal o objectivo era jogarmos sempre pelas alas?
(-) Negativo
As variações de flanco de Maicon - "Têm que acabar. É irritante, frustrante, desesperante. Perdas de bola (e posse) com estas brincadeiras. ATENÇÃO, não é por manter a posse ou deixar de a manter. Eu sou adepto da máxima "está apertado, joga pra fora". Bola para fora do estádio se for preciso. Agora, eu tive oportunidade de rever o jogo e contei 9 (!!!!) momentos em que Maicon se vê com bola, TEM várias possibilidades de passe curto perto de si, e decide agredir a bola em direcção a Brahimi que muitas vezes não as consegue receber nas melhores condições porque "surprise surprise" não é fácil receber um pedaço de betão a 500 km/h com os pés. Irrita os adeptos, enerva os jogadores, estraga ataques. Não tem sentido para mim." - foram as palavras do v.a.s.c.o. na última crónica. Qualquer semelhança, é pura coincidência...
Podemos jogar sem balizas - Na 1ª parte, tirando uma paragem cerebral de Marcano logo aos 30 segundos, um livre de Maicon e um remate de Osvaldo, foi um festival de passes. Uau. Passe para aqui e para ali. Espectáculo. Bola está na esquerda, tenta-se combinação entre 3 jogadores, se não der volta para o central, reza-se para que Maicon não a espete logo num míssil na direcção de alguém e bola no outro flanco. Bola na direita, tenta-se combinação entre 3 jogadores, se não der volta para o central, reza-se para que Maicon não a espete logo num míssil na direcção de alguém e bola no outro flanco. Isto em loop, durante 45 longos e easperantes minutos. Ah, fosse isto o jogo dos 10 passes e ao intervalo já goleávamos caralho...
Últimos 10 minutos - Passamos 80 minutos a manter o adversário afastado da nossa área, salvo uma ecepcção, controlando o jogo sempre no meio-campo ofensivo. Finalmente marcámos um golo e reorganizamos posições. E depois? Segurar a bola, para impedir que aquela equipa de coxos consiga sequer sonhar em chegar à nossa baliza? Nããã... Começa um disparate de tremedeira, de chutão sem nexo, de descontrolo, em que acabámos encostados às cordas por uma das piores equipas da Liga Sagres. Absolutamente ridículo e, não me fodam, culpo Lopetegui por este descontrolo.
E feedback positivo? - Comecei por gostar da atitude enérgica de Lopetegui. Gosto de um treinador ali no meio-termo entre a calma de Jesualdo e a energia do Traidor Ruivinho do Zenit. Neste momento, Lopetegui é uma caricatura no banco. Tudo é passado aos berros, tudo funciona aos berros, tudo trabalha a "hostias" e "putas madres" e, sinceramente, não penso que isso esteja a funcionar. Uma vez por outra não seria mau ver ali um claro feedback positivo. Seria sinal de que, espantem-se, os jogadores estão mesmo a entender aquilo que o treinador quer. E numa grande maioria das vezes, não é essa a ideia que passa no meio de tanta berraria.
As desculpas - A relva estava alta, o árbitro não marcou falta, o adversário foi eficaz, tivemos azar, atacamos como uns malucos, a bola era redonda, o estádio era pequeno, fazia um frio do caralho, estava muito abafado, os outros tinham todos duas pernas, a bola era oval... yada, yada, yada... Desculpas, desculpas, desculpas. E no fim, 1 pontareco, contra o colossal Moreirense.
No fim disto tudo, o Sporting empata, o Benfica "esmaga" num jogo absolutamente deslumbrante de futebol e continuamos em 1º. Pelo menos, até ao próximo jogo fora. Aí... pode cair para qualquer lado.
Sim, é esta a confiança que sinto na nossa equipa neste momento.
Venha o Chelsea, que ao menos é em casa (e, vi-o este fim-de-semana com os próprios olhos, não joga a real ponta dum real corno)!