Começo por pedir as mais sinceras desculpas pelo atraso nas crónicas aqui do tasco. Falta tempo, falta muito tempo!
Espero que as celebrações natalícias tenham decorrido como deve ser: bem regadas, bem temperadas e junto de quem queriam estar.
Bem sei que já passou algum tempo, mas há ainda algumas coisas que tenho para dizer sobre o último jogo do nosso clube do coração para o Campeonato, naquela gélida noite do Dragão.
Uma goleada que não deu para aquecer. Um banquete de golos que não nos pôs de barriga cheia. Uma exibição q.b. Serviços mínimos. Ah, importa dizer, contra um adversário que consegue ser pior do que qualquer equipa dos campeonatos distritais, treinada pelo José Mota (ou pelo saudoso Luís Campos).
A primeira parte começou com alguma ansiedade (incompreensível frente a um adversário desta categoria), alguns períodos de muita confusão mas bastou que se acelerasse um pouco com e sem bola, e a defensiva adversária parecia uma avenida com 8 faixas de rodagem. Chegámos facilmente aos golos e, carburasse toda a equipa a uma velocidade (e inteligência) igual à de Óliver, e estou certo de que teríamos chegado ao intervalo com um resultado histórico. Não era, porém, noite de grandes preocupações para os nossos rapazes.
Aconteceu na 2ª parte algo que me deixa furioso, e que já quase parece uma imagem de marca do F.C.Porto de há uns anos a esta parte, que é aquele entorpecimento dos sentidos quase geral que ataca os nossos jogadores quando o resultado está "controlado". Irrita-me, sinto-me desconsiderado pela falta de atitude e só a cara de poucos amigos do nosso timoneiro, no banco, me deixou um pouco mais tranquilo. Eu, adepto exigente, me confesso: quero mais!
Queria mais correria, mais jogadas de ataque, mais atitude, garra, vontade, orgulho próprio. Queria que os nossos adversários saíssem do relvado de rastos, a tentar perceber que tipo de veículo pesado os tinha acabado de esmagar. Queria uma goleada das antigas, se possível a chegar à casa das dezenas, ou pelo menos que se tentasse chegar o mais longe possível. Contra este horrível, macio, mal orientado, ridículo Vitória, queria ter visto mais.
Não vi e, como tal, vou rápido para as notas.
(+) Positivo
Óliver Torres - Um recital de recepções orientadas, de perfeita ocupação de espaços, de passes magistrais, de classe, de tudo! Tivesse a equipa acompanhado o ritmo deste géniozinho e teríamos ido para o descanso com 6 ou 7 no bolso. Já perdi qualquer esperança de o manter por cá na próxima temporada...
Campaña - Ao contrário de muitos, nunca o tinha visto jogar. E confesso que gostei! Numa perspectiva de manter uma boa capacidade de circulação de bola, de melhorar a nossa transição ofensiva, coloco-o como o nosso 2º melhor Médio Defensivo (logo atrás de Rúben Neves). Bem sei que o adversário foi muito tenro, mas...
Brahimi - Entrar em campo por uns minutinhos e fazer muito mais do que muitos companheiros durante o que restou da partida. Aplauso!
Os "berdadeiros" - Por motivos profissionais, não pude acompanhar o jogo ao vivo. Se pudesse, obviamente lá estaria! Mas queria aqui dar um fraterno abraço a todos os que ousaram colocar sequer um pé fora de casa naquela noite de 6ª feira. Sejamos honestos, aquilo não era uma "noite gelada"... Era mesmo um "frio do caralho"!
(-) Negativo
A falta de atitude - O cenário era este: acabávamos de levar dois pontapés nos queixos e três murros no estômago há precisamente cinco dias atrás, e precisávamos de demonstrar que estávamos vivos (e bem vivos), cilindrando quem nos aparecesse pela frente no jogo a seguir. E o calendário até foi simpático, proporcionando-nos a oportunidade de jogar de novo logo após 5 dias. Ganhámos, ok. Mas foi daqueles jogos em que quase dava para ouvir os cérebros dos jogadores a dizer "só faltam x minutos para as Férias do Natal!!". Queríamos, merecíamos e precisávamos de mais, nós, os adeptos, os únicos, verdadeiros e fiéis portadores do portismo, seja ele jogado com frio, chuva, sol, fogo, pedras, picaretas ou o qualquer merda do género. Precisávamos que por nós, que passámos a puta da semana toda a tentar recuperar a vontade de comer e a alegria de viver depois de perder com aqueles caralhos na nossa casa (na NOSSA CASA foda-se!) jogassem como uns touros, que só parassem de correr quando tivessem espuma a escorrer-vos dos lábios, e que o adversário nem regressasse para a 2ª parte com medo do que poderia cair-lhe em cima. Não foi nada disto. Foi o contrário. E eu fiquei fodido.
Tello - Pá, Tello, really dude? Tens um adversário perneta entre ti e outro colega que está em frente da baliza completamente sozinho, por três vezes, e nunca lhe passas a puta da bola? Quem te arrancou o cérebro meu rapaz? Não treinas? Não jogas futebol desde pequeno? Não vês jogos na TV? Tens problemas de visão? Jogas sozinho? Só corres? Que raiva!!
Setúbal - Pior. Equipa. Da. Liga.
Uma vitória por 4-0 teve o condão de me irritar. Não acontece muitas vezes, mas lá aconteceu. Ainda assim, uma vitória. 3 pontos que são sempre preciosos.
E pronto, no finalzinho do jogo lá foram os nossos rapazes para 8 dias de paragem. 8 dias. Sem treinos. Futebol Profissional. E é isto...